Goldman vê utilities com bom rendimento e mantém recomendação positiva para o setor
11 Junho 2025 - 1:45PM
ADVFN News
Apesar da recente valorização das ações do setor de utilities, o
Goldman Sachs ainda vê os valuations de muitos papéis como
razoáveis — com o spread real médio do setor girando em torno de
3,8% acima dos títulos públicos brasileiros. Diante desse cenário,
o banco mantém recomendação positiva para o segmento e destaca
nomes com catalisadores no curto e médio prazo, como Sabesp
(BOV:SBSP3), Copel (BOV:CPLE6) e Equatorial (BOV:EQTL3).
O Goldman Sachs atualizou suas estimativas para as
distribuidoras brasileiras Copel, Equatorial, Energisa e Cemig
(BOV:CMIG3) (BOV:CMIG4) após a aprovação, em 20 de maio, da nova
metodologia de cálculo do opex na distribuição de energia pela
Aneel — tema debatido desde 2019.
Entre as principais mudanças estão: (i) atualização anual do
período de referência do opex; (ii) simplificação do modelo de
benchmark, com maior sensibilidade a custos em áreas rurais,
geração distribuída e perdas não técnicas; (iii) uso do IPCA como
indexador único; (iv) compartilhamento de ganhos de eficiência com
os consumidores atrelado à eficiência mediana do setor; (v) repasse
imediato de parte dos ganhos (limitado a 5%); (vi) retenção dos
ganhos condicionada ao cumprimento de indicadores de qualidade; e
(vii) definição de limites máximos e mínimos de 140% e 60% para os
ganhos, respectivamente — anteriormente sem restrições.
Energisa e Equatorial foram apontadas como as mais impactadas
pela nova metodologia, com reduções estimadas de 9% e 8% no valor
justo de suas ações, devido à elevada exposição ao segmento de
distribuição. Cemig e Copel apresentaram impactos menores, de 4% e
3%, respectivamente.
O banco também incorporou aos modelos as projeções revisadas do
ONS, que indicam menor crescimento da demanda de energia, além de
ajustar as expectativas para o RAB líquido entre 2025 e 2027.
Nos próximos anos, o Goldman espera que as empresas atinjam
indicadores regionais de qualidade DEC (disrupções no fornecimento)
alinhados à meta da Aneel de 80% das regiões concessionárias dentro
dos limites estabelecidos, o que levará a um aumento na retenção
dos ganhos para 30% (contra 50% fixos atualmente).
O banco também elevou as previsões de despesas unitárias
gerenciáveis de opex para a Equatorial no curto prazo (2025-27),
passando de quedas anuais reais de -5%/-3%/0% para estabilidade,
semelhante às previsões para a Energisa, pois espera que os ganhos
de eficiência decorrentes da recuperação em Celg, CEEE-D e CEA
sejam compensados pelas exigências de qualidade da nova
metodologia.
Análise por ações
Copel (CPLE6)
Para Copel, o banco reiterou a recomendação de compra, com leve
redução nos preços-alvo (R$ 13,00 para CPLE6, R$ 11,70 para CPLE3 e
US$ 9,20 para ELP). O Goldman destaca o dividend yield (dividendo
sobre o preço) elevado estimado (11% para 2025–2027) e uma taxa
interna de retorno (IRR) real de 10,2%, vendo o aumento dos
dividendos como principal catalisador para valorização das
ações.
Entre os principais riscos negativos destacados estão: maior
fiscalização por parte do regulador e do governo federal sobre a
qualidade dos serviços, possível interferência governamental,
abertura do mercado de distribuição, aumento de encargos setoriais,
crescimento da geração solar distribuída afetando volumes e perdas,
excesso de energia no médio prazo, energia não contratada nos
próximos cinco anos, além da possibilidade de extensão do debate e
novos cortes no componente financeiro da RBSE.
Equatorial (EQTL3)
Na Equatorial, o preço-alvo foi cortado em 3% (para R$ 41,00),
com manutenção da recomendação de compra. O Goldman vê a empresa
como uma das melhores alocadoras de capital do setor, negociando a
um IRR real de 11,3%. As estimativas de EBITDA e lucro também foram
revisadas negativamente.
Os riscos incluem maior escrutínio regulatório, interferência do
governo federal, abertura do mercado de distribuição, alta de
encargos setoriais, avanço da geração solar distribuída, ritmo mais
lento do que o esperado na recuperação das concessões adquiridas e
excesso de oferta de energia no médio prazo.
Energisa (ENGI11)
Para a Energisa, o banco reduziu o preço-alvo em 7% (para R$
57,30), mas manteve recomendação de compra, destacando o IRR real
de 12,9% e a eficiência operacional da companhia. As estimativas de
EBITDA e lucro líquido foram revisadas para baixo.
Os principais riscos apontados são: maior fiscalização e
interferência governamental, abertura do mercado de distribuição,
aumento de encargos setoriais, crescimento da geração solar
distribuída, excesso de energia no médio prazo e eventuais atrasos
ou aumento de capex em projetos de transmissão.
Cemig (CMIG4)
Para a Cemig, a instituição manteve recomendação de venda e
reduziu os preços-alvo para R$ 8,90 (CMIG4) e US$ 1,60 (CIG),
citando a limitação para geração de valor enquanto a empresa
permanecer estatal. As estimativas de crescimento foram revistas
para baixo, refletindo menor demanda esperada e impacto da nova
metodologia de custos.
Entre os riscos positivos que poderiam contrariar essa visão
estão a possibilidade de privatização da companhia — o que poderia
acelerar iniciativas de corte de custos —, crescimento do PIB e de
volumes acima do esperado, melhora na qualidade dos serviços e na
eficiência operacional, além de um cenário macroeconômico mais
favorável e redução das taxas de juros no Brasil.

Informações Infomoney
COPEL PNB (BOV:CPLE6)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2025 até Jul 2025
COPEL PNB (BOV:CPLE6)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2024 até Jul 2025