O balanço foi apresentado em entrevista coletiva que contou com a presença da presidente do Ibama, Suely Araújo. Ela considerou que, apesar do atraso, as obras previstas são suficientes para conter o carreamento dos rejeitos que estão dispersos pela região. De acordo com o Ibama, há 43 milhões de metros cúbicos de lama entre a barragem que se rompeu e a usina de Candonga. “Parte dessa lama está controlada, parte está disposta ao longo dos rios”, explica Suely. A dragagem de rejeitos próximo a usina de Candonga, prevista para começar em março, só teve início em abril. A presidente do Ibama também sinaliza que houve atrasos de obras em decorrência de decisões judiciais.
Segundo a Samarco, intervenções de reforço na segurança das estruturas remanescentes já foram realizadas. A construção da nova barragem de Santarém está prevista para ser concluída em dezembro e o dique S4 em janeiro do ano que vem. As duas obras são consideradas, tanto pelo Ibama como pela Samarco, como importantes para reter a lama dispersa.
Suely Araújo destacou que os próximos meses serão o período mais crítico. A partir de janeiro, com todas as estruturas já concluídas, a situação será mais confortável. “Não está bem, mas está monitorado”. No cenário mais pessimista traçado pelo Ibama, com uma chuva acima da média histórica na região, cerca de 2 milhões de metros cúbicos de lama poderiam escoar ao longo do Rio Doce.
Também hoje (25), o Ibama disponibilizou em seu site o Relatório da Fase Argos da Operação Áugia. O documento critica a morosidade da Samarco em atender os órgãos ambientais. “De forma geral observou-se que a maior parte das recomendações feitas anteriormente não foram plenamente cumpridas pela empresa. O alto número de locais que necessitam de ações ainda sem nenhuma intervenção de conservação do solo (71%), drenagem (62%) e contenção (53%) é preocupante. Tais intervenções são essenciais para a contenção dos sedimentos e para impedir futuro carreamento dos rejeitos para os corpos hídricos”, registra o texto. O relatório é um desdobramento da vistoria realizada pelo Ibama em abril deste ano.
Acordo
Com o rompimento da barragem, a lama de rejeitos espalhou-se poluindo a bacia do Rio Doce e devastando comunidades e vegetação nativa. Dezenove pessoas morreram. Para reparar os danos, o Governo Federal, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, a Samarco e suas acionistas Vale e BHP Billiton assinaram um acordo que previa o investimentos por parte das mineradoras de aproximadamente R$20 bilhões ao longo de 15 anos. Esse acordo chegou a ser homologado judicialmente, mas posteriormente a homologação foi anulada atendendo pedido do Ministério Público Federal que estima em R$155 bilhões os prejuízos.
A validade do acordo ainda será avaliada novamente pela Justiça Federal. Mesmo diante da incerteza, as partes que o assinaram afirmam que seus termos estão sendo cumpridos, entre eles o funcionamento do Comitê Intefederativo, composto por representantes de diversos órgãos do governo federal, dos governos de Minas Gerais e Espírito Santo e dos municípios atingidos. Eles fiscalizam os projetos de reparação de anos desenvolvidos pela Fundação Renova, que foi criada pela Samarco também atendendo um dos pontos do acordo. O Ibama é um dos integrantes do Comitê Interferativo e coordena os trabalhos de fiscalização em torno da contenção de rejeitos.