Com especialistas prevendo que o Canal de Suez permanecerá bloqueado por mais alguns dias, ou semanas, em meio às dificuldades para desencalhar o cargueiro Ever Given, centenas de navios começaram ontem a buscar rotas alternativas.
Alguns petroleiros já optaram por viajar pelo extremo sul da África, acrescentando semanas à viagem, por uma região conhecida pela pirataria. Uma viagem do Canal de Suez, no Egito, a Roterdã, na Holanda – o maior porto da Europa – normalmente leva cerca de 11 dias.
Aventurar-se ao sul da África, em torno do Cabo da Boa Esperança, adiciona pelo menos mais 26 dias, segundo a empresa Refinitiv.
O desvio também encarece a viagem. As taxas de combustível adicional custam mais de US$ 30 mil por dia, dependendo do navio, ou mais de US$ 800 mil no total para a viagem mais longa. Mas a outra opção é esperar na entrada do canal que o engarrafamento se dissipe e enfrentar taxas de atraso – que variam de US$ 15 mil a US$ 30 mil por dia, segundo o Estadão.
Bloqueio pode custar R$ 10 bilhões por dia
Segundo cálculos do time de economistas da seguradora de crédito Euler Hermes, cada dia de imobilização poderia custar ao comércio global de US$ 6 a 10 bilhões.
O Canal de Suez é a porta de entrada para a movimentação de mercadorias entre a Europa e a Ásia e recebeu mais de 19.000 navios em 2019, ou 1,25 bilhão de toneladas de carga. Isso representa cerca de 13% do comércio mundial, portanto, qualquer bloqueio provavelmente terá um impacto significativo, de acordo com os economistas.
Os preços do petróleo se recuperaram nesta sexta-feira, de uma queda no dia anterior com as preocupações de que um grande navio de contêineres que encalhou no Canal de Suez possa bloquear a rota vital de navegação por semanas, reduzindo a oferta.
Os contratos futuros do tipo Brent para maio fecharam com valorização de 4,26%, a US$ 64,43 o barril na Ice londrina, enquanto o WTI para maio avançou 4,12%, a US$ 60,97 o barril na Nymex.