A Hering recebeu uma carta não solicitada da Arezzo&Co, com uma proposta não vinculativa para a potencial combinação de negócios.
O comunicado foi feito pela empresa (BOV:HGTX3), nesta quarta-feira (14). Confira o documento na íntegra.
Após análise dos termos propostos, o Conselho de Administração da Companhia, com assessoria do BR Partners e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, decidiu, por unanimidade, em reunião realizada em 14 de abril de 2021, rejeitar a proposta, por considerar que ela não atende ao melhor interesse dos acionistas e da própria Companhia.
Conforme já informado no “Release de Resultados 4T20”, a Companhia pretende seguir na execução do seu plano estratégico que combina construção de marcas, expansão e integração de canais, e modernização do supply chain, com foco no cliente e na sustentabilidade.
Em conjunto com a busca por crescimento orgânico, a Companhia continuamente analisa oportunidades inorgânicas e manterá seu programa de recompra de ações aprovado pelo Conselho de Administração, em reunião realizada em 18 de agosto de 2020.
VISÃO DO MERCADO
Bank Of America
O Bank of America (BofA) destacou em relatório distribuído nesta manhã que uma combinação de negócios entre Arezzo e Hering pode ter sentido estratégico. Segundo o banco, há sinergias potenciais entre as duas companhias em várias critérios, incluindo produto, segmentação, fabricação, compras, cadeia de suprimentos, sistemas, comércio eletrônico e estruturas e processos dos canais físicos.
“Esperamos que a execução da marca principal em canais digitais, lojas e ‘phygital’ [termo em inglês para tratar de operações mistas entre física e digital] seja forte diante das restrições operacionais das lojas. Também esperamos uma forte execução em Vans para atrair novas joint ventures e oportunidades de licenciamento nos segmentos de vestuário e acessórios”, escrevem, apontando que esses atributos tornam o papel da Arezzo um ativo atraente.
O BofA mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 90,00…
Credit Suisse
Embora a proposta de combinação de negócios feita pela Arezzo pela Hering não estivesse no radar dos investidores, ela está de acordo com a sinalização da fabricante de calçados de que se manteria agressiva em fusões e aquisições.
A avaliação é do Credit Suisse, que espera uma disparada hoje dos papéis da Hering. Segundo analistas do banco, apesar de a oferta ter sido recusada, existe potencial para que a Arezzo faça uma nova proposta, “com números melhores”.
O Credit não acredita na possibilidade de uma tomada hostil por parte da Arezzo, mas considera que o momento para a transação não poderia ser melhor para a companhia, tendo em vista que seus papéis estão perto das máximas históricas, enquanto os da Hering ainda são negociados com um desconto de 30% na comparação com os níveis pré-pandemia.
Guide Investimentos
A proposta da Arezzo demonstra que o ativo Hering segue bastante cobiçado no mercado, principalmente pelo poder de marca da companhia. Em todo caso, avaliamos que de fato o momento não é o mais adequado para a venda do controle da companhia, que segue em sua transformação digital.
No caso da Arezzo, vemos o movimento também como positivo, visto que a companhia anunciou recentemente a aquisição da Reserva e conseguiu integrar suas operações em menos de 5 meses (prazo inicial era de 1 ano) e mostra que a companhia segue com apetite para novas aquisições ainda mais agressivas.
JP Morgan
Os analistas do J.P. Morgan avaliam que a notícia da proposta de compra da Hering pela Arezzo é mais positiva para a empresa do setor de calçados e bolsas do que a de vestuário.
A equipe do banco diz que a negativa da Hering sugere que a gestão permanece confiante na recuperação do crescimento enquanto vê o valor oferecido como baixo, o que é um bom sinal. Mas, segundo os analistas, a estratégia permanece “um pouco a mesma dos anos anteriores”.
“Ainda assim, em nossa opinião, esta transação potencial poderia desbloquear valor material na Hering, principalmente considerando que o nível de confiança em sua execução é baixo e a Arezzo tem ferramentas (e histórico) para apoiá-la”, avalia o banco.
O banco vê uma combinação de oportunidades de crescimento e execução forte somadas à opcionalidade de uma maior expansão inorgânica no segmento de vestuário “dada a visibilidade ainda limitada sobre a conclusão de sua recuperação e tendências de crescimento morno”.
JP Morgan mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 17,50.
A Hering pretende divulgar os resultados do 1T21 no dia 06 de maio.
⇒ Confira a agenda completa da divulgação dos resultados do 1T21