A Usiminas registrou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre de 2021, revertendo o prejuízo líquido de R$ 424 milhões apresentado no mesmo período do ano passado.

Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, o lucro é 37% menor, principalmente pelo registro de R$ 737 milhões positivos relacionados ao impairment registrado no trimestre anterior, “sem efeito similar nesse período, e perdas cambiais líquidas de R$ 355 milhões no primeiro trimestre de 2021, ante ganhos cambiais de R$ 286 milhões no quarto trimestre do ano passado”.

O Ebtida – lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado cresceu 325% no trimestre, para R$ 2,4 bilhões, ante R$ 539 milhões apurados em mesmo intervalo do ano anterior. A margem Ebitda aumentou 19 pontos percentuais no período, para 34,2%. O resultado é recorde trimestral Consolidado e em todas as Unidades.

No período, a receita líquida somou R$ 7,066 bilhões, alta de 86% na comparação anual, representando a maior receita líquida trimestral da Usiminas desde a incorporação da COSIPA, em 2009, com elevação da receita líquida em todas as unidades de negócio, com destaque para a Unidade de Siderurgia (+R$1,6 bilhão vs. 4T20) e Unidade de Transformação do Aço (+R$364 milhões vs. 4T20).

A produção de aço bruto da usina de Ipatinga subiu 1,2%, para 780 mil toneladas, enquanto a produção de aço laminado nas usinas de Ipatinga e Cubatão alcançou 1,292 milhão de toneladas, 20,2% maior que o visto no mesmo intervalo do ano anterior. Nos três meses até março, a empresa vendeu 1,254 milhão de toneladas de aço o que equivale a um crescimento de 20% no comparativo com o mesmo período de 2019.

A Usiminas projeta venda de 1,2 milhão a 1,3 milhão de toneladas de aço por sua unidade siderúrgica no segundo trimestre de 2021.

Se confirmada a projeção, as vendas de aço do segundo trimestre serão o dobro das registradas em igual período de 2020.

Já a produção de minério de ferro apresentou queda de 8% no primeiro trimestre, para 1,98 milhão de toneladas, segundo a Usiminas. A venda de minério de ferro diminuiu 12%, a 1,949 milhão de toneladas.

Segundo a companhia, a queda na produção de minério de ferro ocorreu “principalmente devido à parada programada em uma das plantas de beneficiamento para manutenção de equipamentos e maiores níveis de chuvas no período para a região Sudeste.”

Desse volume comercializado, a Usiminas exportou 1,53 milhão de toneladas.

O custo de produto vendido (CPV) subiu 18% frente ao último trimestre de 2020, para R$ 4,6 bilhões, principalmente pelo maior CPV na Unidade de Siderurgia (+R$733 milhões vs. 4T20) e Unidade de Transformação do Aço (+R$295 milhões vs. 4T20). A companhia encerrou o primeiro trimestre com R$ 4,601 bilhões em caixa e equivalentes de caixa.

No primeiro trimestre de 2021, a dívida líquida da companhia somou R$ 4,6 bilhões, crescimento de 94% na comparação anual. Com isso, o indicador dívida líquida/Ebitda ficou em 0,3 vez. No trimestre imediatamente anterior, a alavancagem da companhia era de 1,7 vez.

A Usiminas investiu R$ 239 milhões nos três primeiros meses do ano, queda de 2,5% na comparação com o 4T20 (R$245 milhões). Segundo a companhia, os investimentos foram aplicados, principalmente, em sustaining CAPEX, segurança e meio ambiente, sendo 78,4% na Unidade de Siderurgia, 18,7% na Unidade de Mineração, e 2,9% nas demais Unidades.

Unidades de Negócio

O braço da Mineração teve receita líquida de R$1,5 bilhão no 1T21, um aumento de 4,7% em relação ao 4T20 (R$1,4 bilhão). Tal elevação resulta, principalmente, do aumento do preço do minério de ferro, apreciação do dólar frente ao real, parcialmente compensada pelo menor volume de vendas no trimestre.

No 1T21, a receita líquida da Unidade de Siderurgia foi de R$5,8 bilhões, avançando 36,8% em relação ao 4T20 (R$4,2 bilhões) em função do maior volume de vendas em 10,6%, uma receita líquida/tonelada vendida de R$4.606/t, 23,6% superior ao trimestre anterior (4T20: R$3.726/t), como reflexo de maiores preços praticados em todas as linhas de produtos.

Com a conclusão da reestruturação da Unidade de Bens de Capital em 2020, seus resultados passaram a ser integralmente alocados, a partir do 1T21, nos resultados da Unidade de Siderurgia, deixando de serem reportados separadamente

A unidade de Transformação do Aço apresentou receita líquida de R$1,7 bilhão, uma elevação de 26,4% em relação ao 4T20 (R$1,4 bilhão), a maior receita líquida da história da Soluções Usiminas, devido ao maior volume de vendas em 6,5%, também recorde para a Unidade, e maiores preços praticados. As vendas das unidades de negócio Distribuição, Serviços/JIT e Tubos foram responsáveis por respectivos 31,0%, 63,2% e 5,8% do volume vendido no 1T21.

Os resultados da Usiminas (BOV:USIM3) (BOV:USIM5) (BOV:USIM6) referente a suas operações do primeiro trimestre de 2021 foram divulgados no dia 23/04super/2021. Confira o Press Release completo!

⇒ Confira a agenda completa da divulgação dos resultados do 4T20 e referente ao ano de 2020. Confira a cobertura completa de todos os balanços referente ao ano de 2020 das empresas negociadas na B3.

Teleconferência

Segundo Sergio leite, presidente da Usiminas, depois de 5 anos operando com um volume de vendas no patamar de 4 milhões de toneladas de aço, a companhia, deverá entrar um novo nível este ano, de cerca de 5 milhões de toneladas.

“Com o guidance de vendas de 1,2 milhão a 1,3 milhão de toneladas no segundo trimestre, que é semelhante ao apurado no primeiro trimestre, quando anualizamos isso, conseguimos um ritmo de 5 milhões de toneladas. Estamos preparados para o futuro”, disse Leite.

Segundo o vice-presidente comercial, Miguel Homes, uma das razões para este aumento no ritmo de vendas, é a recomposição de estoques na cadeia e a retomada forte dos setores em que a siderúrgica atua. Ainda há espaço para esse movimento, principalmente na distribuição e na indústria de bens de capital, segundo ele.

“O setor de distribuição, segundo o Inda, está com 2,2 meses de vendas, quando historicamente esse segmento trabalha com estoque normalizado em 3 a 3,5 meses. Então, ainda não está regularizado e podemos esperar um impacto demanda”, disse Homes.

Já o setor de bens de capital, segundo ele, ainda mantém os níveis fortes de atividade e por isso também não regularizaram os estoques.

“Agora, o setor automotivo iniciou o ano com a atividade acelerada e a recomposição de estoques de matéria-prima evoluiu um pouco. No entanto, o nível de estoque de produto acabado está bem abaixo do que se trabalha. As montadoras têm 16 dias de vendas ante um estoque ideal de 30 a 35 dias. Isso pode também influenciar a demanda por aço nos próximos meses”, afirmou Homes.

No trimestre, a Usiminas fechou com um estoque de 728 mil toneladas de aço, o que representa 52 dias de vendas, segundo o vice-presidente finanças e relações com investidores, Alberto Ono. Segundo ele, o capital de giro fechou em R$ 4,89 bilhões no primeiro trimestre, cerca de R$ 2 bilhões a mais do que o último trimestre de 2020.

“Desse aumento, metade disso é estoque e o restante é contas a receber. Só em estoque de produtos físicos, aço, temos R$ 350 milhões.”

VISÃO DO MERCADO

Ativa Investimentos

Para a Ativa, os resultados da Usiminas foram acima do esperado. A corretora destaca que a empresa deve ter uma demanda ainda aquecida  para o fornecimento de aço para o setor automotivo no mercado interno. Isso porque, segundo a Ativa, os estoques da cadeia produtiva devem se normalizar no fim do primeiro semestre de 2021.

O documento diz ainda que o setor de siderurgia foi o “protagonista no resultado da companhia”, em que o segmento de aço apresentou um crescimento de 10,6% na comparação trimestral, puxado, principalmente, pelo setor automotivo doméstico.

A Ativa tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 18,98.

Banco Inter

Para o Banco Inter, os bons resultados da Usiminas são reflexo de um “bom momento” das commodities, em especial do minério de ferro, e também da recuperação econômica mostrada por meio da siderurgia.

Um dos destaques do documento do Inter é a aprovação, pelo Conselho de Administração da Usiminas, de regras que atrelam 20% do bônus da diretoria aos temas ESG (ambiente, sociedade e governança) e a elevação do rating ESG da companhia de “B” para “BB” pela MSCI ESG Ratings.

O Banco Inter tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 21,00.

BTG Pactual 

Para o BTG Pactual, a Usiminas apresentou um “conjunto excelente” de números, com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente de R$ 2,4 bilhões vindo 20% acima das estimativas do banco e a receita líquida disparando 86% em comparação com o mesmo período de 2020.

O resultado acima das expectativas foi impulsionado, principalmente, pela força da unidade de aço, com preços realizados mais fortes do que o esperado e melhores volumes.

A divisão de mineração também mostrou boa performance, renovando o recorde de Ebitda, agora em R$ 1,1 bilhão.

Os dois principais mercados da Usiminas estão ainda mais fortes comparados com o fim do ano passado, e a expectativa é de que a companhia reporte resultados ainda melhores no segundo trimestre, de acordo com o BTG Pactual.

“Estamos confiantes de que a Usiminas pode continuar surpreendendo positivamente o mercado em suas principais divisões de aço/minério de ferro, principalmente devido a ventos favoráveis de preços. Com o minério de ferro em torno de US$ 140/tonelada para 2021 e os preços dos aços planos se recuperando globalmente, acreditamos que o momentum de lucros é forte demais para ser ignorado”, comentou o time de analistas do banco.

BTG Pactual mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 22,00…

Credit Suisse

O Credit Suisse afirmou que os resultados da Usiminas, foram muito positivos, com o Ebitda de R$ 2,42 bilhões, 27% acima das projeções do banco e 20% maiores do que o consenso do mercado.

Os bons resultados também foram impulsionados pelos maiores preços do minério de ferro, que ficaram 22% acima do quarto trimestre. A superação nas projeções veio principalmente da divisão de siderurgia, pois mesmo com os volumes em linha com os números projetados, o custo caixa foi menor e a receita líquida por tonelada foi 5% maior.

“A Usiminas também está apontando para boas vendas de aços planos no segundo trimestre, o que consideramos positivo – indicativo de que a demanda está se estabilizando em um nível muito alto”, diz o relatório.

O Credit vê a Usiminas como uma opção interessante para capitalizar o forte impulso dos preços do minério de ferro e a demanda brasileira de aços planos, que esperamos superar os longos em 2021.

Credit Suisse mantém recomendação de compra com preço-alvo em R$ 23,50.

Eleven Financial 

A Usiminas apresentou resultados para a siderurgia acima de nossas expectativas, sendo o principal destaque dessa divulgação de resultados. A companhia apresentou volumes de vendas se recuperando com o setor automotivo e maiores preços para todos os produtos. A mineração veio com vendas levemente abaixo do estimado, sobretudo por paradas programadas nas plantas de beneficiamento e um maior volume de chuvas na região Sudeste.

Eleven tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 23,00…

Safra 

Safra ressaltou que as estimativas estão em linha com o primeiro trimestre e sinaliza que a companhia espera uma continuidade dos altos níveis de demanda – pelo menos para mais um trimestre.

Safra mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 9,60.

XP Investimentos 

Em relação à siderurgia, melhores volumes de vendas (1.3 milhão de toneladas, +11% T/T, + 8% vs. XPe), preços realizados (+24% T/T, +6% vs. XPe) e mix de produtos – com melhores vendas para setor automotivo – foram os principais destaques do trimestre. A forte receita mais do que compensou um Opex/t mais alto (+14% T/T, -3% vs. XPe). Como resultado, o EBITDA do segmento de aço foi de R$1.3 bilhão (vs. R$ 589 milhões no 4T, incluindo os resultados da Usiminas Mecânica).

O EBITDA da mineração de R$1.1 bilhão (-31% T/T, -5% vs. XPe) é resultado de volumes sazonalmente menores e parada de manutenção em uma das plantas de beneficiamento (1,95 milhão de toneladas, -14% T/T) compensando os preços mais altos do minério de ferro (+25% T/T, US$167/t na média do trimestre). Por outro lado, o custo caixa por tonelada foi 21,6% maior, principalmente devido à menor diluição de custos fixos (menores volumes) e menores vendas CFR (Cost and Freight, 66% das vendas no 1T21 vs. 76% no 4T20).

Ademais, a companhia também atualizou suas projeções relacionadas a volumes de vendas de aço no segundo trimestre de 2021. As novas estimativas indicam um volume de 1,2 a 1,3 milhões de toneladas de aço no período.

No mercado interno, o principal negócio da Usiminas, um dólar ainda alto e melhores preços internacionais abrem espaço para novos aumentos de preços, dada a demanda mais forte com baixos estoques. No futuro, devemos ver melhorias adicionais nos resultados da empresa em 2021, devido à recuperação do setor automotivo. Esperamos uma reação positiva hoje. Além disso, vemos a Usiminas sendo negociada a 5,5x EV / EBITDA 2021E, um pouco abaixo dos níveis históricos (6,0x).

Do ponto de vista ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês), os destaques são a aprovação de regras que atrelam 20% do bônus da diretoria aos temas de ESG e a elevação do rating ESG da companhia de “B” para “BB” pela MSCI ESG Ratings. Esse reconhecimento indica que os esforços realizados nos últimos anos vêm impactando positivamente as comunidades locais. Com relação à segurança das barragens, a Usiminas destacou que a descaracterização da barragem Central está avançada em seu cronograma.

Por outro, lado, a companhia anunciou que o plano de migração da disposição de rejeitos para o método de filtragem está atrasado por conta de ajustes no projeto. O projeto deverá ser finalizado no segundo semestre de 2021, e não no segundo trimestre, como haviam anunciado.

XP tem recomendação neutra com preço-alvo de R$16,50…

Pensando em investir na Usiminas?

Usiminas atua em quatro áreas de negócio: mineração e logística, siderurgia, transformação do aço e bens de capital. A empresa também opera uma unidade especial de vendas, onde alguns produtos especiais gerados durante o processo da fabricação do aço são colocados à venda.

De um modo geral, a Usiminas extrai o minério de ferro e o transforma em aço. Também processa o produto de acordo com as solicitações do cliente, oferece serviços de transporte rodoviário, ferroviário ou marítimo e entrega produtos acabados, como equipamentos e estruturas metálicas.

Seus produtos são fornecidos para os segmentos da construção civil e de eletrônicos, assim como também para os segmentos de construção naval, tubos, eletrodomésticos, embalagens, máquinas e equipamentos, automóveis e peças para automóveis. Produz chapas grossas, tiras a frio, tiras a quente, revestidos e outros produtos relacionados. A empresa exporta seus produtos para a China, Colômbia, Chile, Tailândia, Estados Unidos e Argentina.

→ A Usiminas possui R$ 26,4 bilhões de valor de mercado. Confira a Análise completa da empresa com informações exclusivas.

Governança Corporativa

A Usiminas tem entre seus acionistas grupos sólidos e experientes no setor de siderurgia e transformação do aço. Essa composição reforça a estrutura financeira e expande o conhecimento técnico da empresa para crescer globalmente e enfrentar todos os desafios do mercado.

Veja no gráfico os acionistas controladores:

Desempenho da empresa na B3

No último ano, as ações da Usiminas oscilaram entre a mínima de R$ 4,13 e a máxima de R$ 22,59. No último pregão antes da divulgação do resultado do 1T21, a empresa fechou em alta de 5,9%, negociada a R$ 22,32.

Confira o histórico da Usiminas (USIM5)

Período Abe Máx. Mín. Preço Méd. Vol Méd. Var %
1 Semana 21,29 22,59 20,66 21,24 17.205.375 1,03 4,84%
1 Mês 16,45 22,59 15,85 18,73 18.240.400 5,87 35,68%
3 Meses 12,91 22,59 12,91 16,72 21.442.872 9,41 72,89%
6 Meses 11,74 22,59 10,65 15,15 19.918.752 10,58 90,12%
1 Ano 4,67 22,59 4,13 11,17 21.578.829 17,65 377,94%
3 Anos 11,29 22,59 3,78 9,72 17.226.547 11,03 97,7%
5 Anos 2,42 22,59 1,59 7,81 18.521.110 19,90 822,31%
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters