O prêmio pago pelo Canada Pension Plan Investment Board para entrar na V.tal é relevante, mas a diluição da fatia da Oi na companhia de fibra óptica pode afetar negociações de dívidas da telecom, disseram analistas do BTG Pactual.

O CPPIB, um dos maiores fundos de pensão do mundo, informou na sexta-feira que efetuará um aumento de capital de R$ 2,50 bilhões na V.tal, que atua em soluções de infraestrutura digital e pertence à Oi e ao BTG Pactual.

Segundo o time de analistas do BTG Pactual (BOV:BPAC11), composto por Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Guttilla, a transação pode prejudicar a Oi (BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4), que está em recuperação judicial, em futuras negociações de dívidas, já que dilui sua participação na V.Tal.

“A participação na V.tal é extremamente importante para a operadora, pois pode ser utilizada como garantia na renegociação das suas dívidas, além dos ganhos em um potencial IPO da companhia – movimento pelo qual o seu outro acionista já demonstrou interesse”, explicaram em relatório, referindo-se à possibilidade da empresa de fibra ótica abrir o capital na bolsa.

Segundo fato relevante publicado pela Oi, a participação da operadora na V.Tal diminuirá para cerca 34,12%. O BTG Pactual (BOV:BPAC11) calcula que o valor da fatia cairá de R$11,1 bilhões para R$ 9,8 bilhões após a diluição.

O time de análise também pontuou que a avaliação do preço da V.Tal utilizada pelo fundo canadense é menor que a do BTG. “Considerando a avaliação paga pelo CPPIB, a fatia da Oi cairia para R$ 7,8 bilhões”, completaram.

Rumores de que a Oi tenta usar sua participação na V.tal como garantia já circulam pelo mercado. Segundo coluna publicada na sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, a operadora estuda um novo empréstimo para renegociar parte de suas dívidas utilizando ações da empresa de fibra óptica como garantia.

Em junho, a Oi concluiu a venda de 57,9% da V.tal, antes chamada de InfraCo, ao fundo GlobeNet, do BTG Pactual, por R$ 12,9 bilhões. A transação foi essencial para a conclusão da recuperação judicial da operadora, hoje contestada por bancos credores, que pedem prorrogação do processo.

TIM E V.TAL

A TIM Brasil anunciou que passará a usar a rede da V.tal, tornando-se a primeira grande operadora brasileira a utilizar a rede neutra além da Oi.

O BTG considera a notícia positiva para a TIM, porque possibilitaria ganho de fatia de mercado gastando menos, já que a operadora acessaria 20 milhões de residências que utilizam fibra óptica para oferecer serviços. Do lado da Oi, os analistas não acreditam que o acordo aumentaria a concorrência com a TIM, “pois a captação de clientes que já estão conectados via fibra não é uma tarefa fácil”.

Perto das 13h00, as ações preferenciais da Oi recuavam 1,89%, a R$ 0,51, enquanto os papéis ordinários da TIM Brasil subiam 1,07%, a R$ 13,21. Eles acumulam desvalorização de 59,38% e desvalorização de 3,10%, respectivamente.

Informações TC