Bande, torcida e investimento não combinam.Eu faço minhas análises, procuro ouvir outras opiniões de analistas e gestores (que pensam tanto a favor como criticamente a empresa). A partir dai tomo minhas decisões.Claro, a partir desse momento entra a expectativa (que não considero torcida) para que o preço reflita minha projeção. Muitas vezes isso leva bastante tempo.Eu tive 3R durante um bom tempo, aliás, exagerado demais. De tanto tomar invertida, é fato que fiquei com bias negativo para 3R. Na verdade, fiquei meio puto comigo mesmo, por não assumir mais rapidamente a realidade da...
Bande, torcida e investimento não combinam.Eu faço minhas análises, procuro ouvir outras opiniões de analistas e gestores (que pensam tanto a favor como criticamente a empresa). A partir dai tomo minhas decisões.Claro, a partir desse momento entra a expectativa (que não considero torcida) para que o preço reflita minha projeção. Muitas vezes isso leva bastante tempo.Eu tive 3R durante um bom tempo, aliás, exagerado demais. De tanto tomar invertida, é fato que fiquei com bias negativo para 3R. Na verdade, fiquei meio puto comigo mesmo, por não assumir mais rapidamente a realidade da empresa. Pode ser que eu mude de ideia? Claro. Eu estava posicionado e resolvi pular fora, com um bom prejuízo. Não gosto de operar short, mas de fato nos últimos meses consegui fazer algum dinheiro fazendo daytrades na venda.Mas qual a razão de eu fazer isso, mesmo não gostando do short e com risco de tomar na cabeça com uma virada da cotação do intradiário? Porque diante da situação da 3R não ficaria muito desconfortável tendo de carregar um short por algum tempo. E por que isso?Fatos. Já os enumerei algumas vezes:1) A empresa conseguiu fechar no prejuízo o trimestre passado mesmo já tendo incorporado todos os campos que adquiriu (Papa Terra, Potiguar, etc). Isso mesmo inserida num contexto de brent acima de U$80. No Q32023 o prejuizo foi de R$ 83,4MM;2) a política de hedge da empresa destrui centenas de milhões em valor nos últimos 2 anos, o que impediu que a 3R se beneficiasse da alta do petróleo em 2022 e 2023;3) o plano de remuneração de 2021, que desagradou não apenas a mim, mas a praticamente todo mercado;4) a empresa não opera seus campos, o que pra mim é complicado. Como extrair ganhos expressivos de algo operado por terceiros?5) Lifting cost 3R está acima de U$18, mais que o dobro da PRIO;6) Dívida de R$ 8,5 bilhões deve impor pesados encargos financeiros (estimo acima de R$ 1 bi/ano).7) Situação de Papa Terra, que ficou com produção paralisada em quase todo período a partir do qual a receita pertenceria a 3R, mesmo antes do closing. No momento a produção aparentemente se estabilizou, mas o campo não inspira confiança. Uma hora o problema está nas caldeiras, outra hora no sistema de expedição do óleo e por ai vai. O fato é que a FPSO sugere estar com situação bem precária. Isso tem sido bem típico de ativos desinvestidos pela Petrobras (veja que a PRIO também tem se deparado com problemas em Albacora Leste);8) Governança. Não gostei do modo que fizeram o último aumento de capital, nos 24,45, com deságio de 20% sobre preço de tela, anunciado num domingo à noite (se não estiver enganado). E pra coroar, um dos maiores acionistas, deu uma virada de mão, comprando PUTs e se blindando da queda que se seguiu.Acho que pra mim já basta pra ficar negativo com a tese.Para reverter essa situação a empresa precisará investir tanto em novos poços quanto na reforma da FPSO de Papa Terra. Isso vai exigir mais CAPEX, num cenário em que a operação tem gerado resultados insatisfatórios. Ou seja, talvez precisará de mais dívidas. Pode fazer? Claro que pode. Mas até o momento eles não se provaram e a trajetória da cotação, que caiu 29,2% em 2023 corrobora que não estou sozinho nessa avaliação.Nesse mesmo período:PETR4: +94%PRIO3: +23,9%ENAT3: +50,8%Apenas Petroreconcavo conseguiu ser pior que a 3R, caindo 31,3%. Mas mesmo assim, RECV3 veio de 81% de alta em 2022, enquanto 3R subiu modestos 12% no ano em que o petróleo chegou a ser negociado acima de U$130.
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