A previsão do mercado financeiro para a inflação foi levemente ajustada para cima na semana passada, interrompendo uma sequência de 11 reduções seguidas. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 3,92% para 3,95%. A expectativa consta do boletim Focus, uma publicação elaborada todas as semanas pelo BC com projeções de analistas, bancos e consultorias para os principais indicadores econômicos. A interrupção do movimento de queda das projeções é um reflexo do aumento das incertezas por conta da crise política e da instabilidade no mercado de câmbio, que pode pressionar os preços.
A projeção para a inflação este ano está abaixo da meta, que é 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2018, a estimativa subiu de 4,34% para 4,40%.
PIB menor este ano
Também sob o impacto da crise política, a projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia (Produto Interno Bruto – PIB – a soma de todas as riquezas produzidas pelo país) passou de 0,50% para 0,49%, este ano e de 2,50% para 2,48%, em 2018. A expectativa é que o aumento da incerteza sobre o comando do país e a capacidade do governo de aprovar seus projetos no Congresso iniba os investimentos e reduza o apetite pelo consumo. Nesta semana, o IBGE vai divulgar a primeira prévia do PIB do primeiro trimestre e a expectativa é de crescimento, mesmo que modesto.
A projeção para a cotação do dólar ao final de 2017 subiu de R$ 3,23 para R$ 3,25, acompanhando o nervosismo do mercado. Para o fim de 2018, passou de R$ 3,36 para R$ 3,37.
Juro deve cair para 10,25% ao ano
Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam por corte de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para amanhã e quarta-feira.
Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano. Para o fim de 2017 e de 2018, a expectativa do mercado financeiro foi mantida em 8,5% ao ano, apesar da crise política, que ameaça o presidente Michel Temer e as reformas. Alguns bancos já trabalham com um cenário de juros mais altos no fim do ano por conta do provável adiamento da reforma da Previdência.