O Índice Bovespa iniciou o dia em forte alta, ignorando a crise
econômica e política, beneficiado pelo exterior e pelos revezes do
governo que podem favorecer o impeachment da presidente Dilma
Rousseff. Bancos, Petrobras e Vale lideravam a alta, que fez o
Índice Bovespa superar os 50 mil pontos. Às 13 horas, o Ibovespa
subia 3,52%, para 50.219 pontos.
Parecer de Janot anima investidores
Ontem à noite, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
divulgou um novo parecer para o Supremo Tribunal Federal (STF)
sobre a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a
Casa Civil, desta vez condenando a decisão e considerando que ela
teve o objetivo de obstruir a investigação da Operação Lava Jato.
Por esse interpretação, a presidente Dilma poderá ser investigada
por tentar obstruir a Justiça.
O parecer é uma derrota séria para o governo e pode complicar a
votação da liminar que impediu a posse de Lula, e que deve ser
julgada pelo Plenário do Supremo nas próximas semanas. Frustra
também a a estratégia do PT de tentar usar o prestígio de Lula
para tentar barrar o impeachment na Câmara e ao mesmo tempo
recuperar a credibilidade do governo usando o
ex-presidente como um primeiro-ministro de Dilma.
Vem mais impeachment
Além disso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria dito
que a decisão do ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo
Tribunal Federal, de obrigar a instalação de uma Comissão de
Impeachment contra o vice-presidente Michel Temer o obrigaria a
instalar outras comissões contra a presidente Dilma que ele tinha
rejeitado. Ou seja, mesmo que o impeachment de Dilma não passe
agora, há outros que podem ser instaurados.
Show do impeachment ao vivo
A votação do parece da Comissão do Impeachment está marcada para
dia 17, um domingo, o que colocaria todos os holofotes nos
deputados e aumentaria a pressão sobre os que estão indecisos a
votar contra a presidente. A Rede Globo já avisou que transmitirá a
votação ao vivo, como fez no impeachment de Fernando Collor de
Mello.
Petróleo em alta e fala de Yellen
O mercado repercute ainda a forte alta do petróleo no exterior,
de mais de 6%, que acabou puxando outras commodities. O petróleo
sobe após declarações da presidente do Federal Reserve (Fed, Banco
Central americano), Janet Yellen, que ontem afirmou durante evento
que a economia dos EUA não vai entrar em recessão como alguns
analistas afirmaram ao longo da semana. Outros diretores do Fed
reforçaram a visão de Yellen, que ao mesmo tempo não sinalizou uma
alta maior dos juros, o que seria o melhor dos mundos para as
bolsas, explica Pablo Stipanicic Spyer, diretor da Mirae Asset.
Petrobras sobe 6% e Vale, 7%; BB ganha 9%
Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras (BOV:PETR4)
subiam 6,75%, acompanhando o cenário político, que beneficiaria as
estatais, e o petróleo. Já as ações ordinárias (ON, com voto)
(BOV:PETR3)
ganhavam 5,23%. As ações da Vale também subiam com as commodities:
o papel PNA (BOV:VALE5)
ganhava 7,38% e o ON (BOV:VALE3),
6,93%.
Mas os bancos, com forte peso no Ibovespa, garantiam os ganhos
do índice. Itaú Unibanco PN (BOV:ITUB4)
subia 6,5%, Bradesco PN (BOV:BBDC4),
5,17% e o papel ON (BOV:BBDC3),
4,04%. Banco do Brasil ON (BOV:BBAS3)
ganhava 9,07%, também na onda dos estatais, enquanto a unit (recibo
de ações) do Santander subia 1,67%.
Só nove ações em queda no Ibovespa
As maiores altas do Ibovespa eram das ações ON da Rumo Logística
(BOV:RUMO3),
14,81%, Usiminas PNA (BOV:USIM5),
12,93%, Gerdau PN (BOV:GGBR4),
10,93%, Gerdau Metalúrgica PN (BOV:GOAU4),
9,95% e Banco do Brasil. E apenas nove os 61 papéis do índice
estavam em baixa, liderados por JBS ON (BOV:JBSS3),
5,78%, Fibria ON (BOV:FIBR3),
5,26%, a unit da Klabin (BOV:KLBN11),
4,63%, Suzano Papel PNA (BOV:SUZB5),
3,72% e Embraer ON (BOV:EMBR3),
2,3%. A maioria das quedas é de empresas exportadoras, que perdem
com a queda do dólar.
Bolsas no exterior recuperam perdas
As bolsas americanas também recuperam hoje um pouco das perdas
de ontem, depois de declarações do presidente do banco americano
J.P. Morgan, Jamie Dimon, que em carta aos acionistas previu que o
Fed pode estar errado e que teria de elevar bruscamente os juros,
afirma Spyer.
Na Europa, as bolsas sobem puxadas pelos papéis de energia,
ligados ao petróleo, e commodities. O Stoxx 50, que reúne os 50
papéis mais negociados na região, sobe 1,52%, o Financial Times, de
Londres, 1,02%, o DAX, de Frankfurt, 1,09%, o CAC, de Paris, 1,44%,
e o Ibex, de Madri, 1,70%.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones ganhava 0,47%, o Standard &
Poor’s 500, 0,72% e o Nasdaq, 0,30%. O destaque do
mercado americano também eram as ações do setor de energia.
Petróleo sobe
O petróleo segue em alta, com o barril do tipo Brent negociado
em Londres a US$ 41,58, ganho de 5,45%. Já o WTI era negociado em
Nova York a US$ 39,41, em alta e 5,77%. A expectativa de
recuperação da economia americana anima os investidores a apostar
no petróleo. Há ainda a reunião da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep) no dia 17, que pode chegar a algum
acordo para controlar a produção para segurar os preços. A grande
dificuldade é convencer Arábia Saudita e Irã, inimigos
declarados, a entrarem num acordo.
Juros em baixa com inflação e cenário
político
No mercado futuro de juros, as projeções estão em queda,
acompanhando o otimismo no campo político e os indicadores de
inflação mais baixa. Hoje, o IPCA mostrou desaceleração forte em
março e ficou abaixo dos 10% no acumulado de 12 meses.
Os contratos para janeiro de 2017 projetam até lá juros de
13,81%, abaixo dos 13,88% de ontem, Para janeiro de 2018, a taxa
está em 13,62%, ante 13,77% ontem e, para janeiro de 2019, o juro
está em 13,78%, ante 14% ontem. O contrato mais longo, para 2021,
projeta 13,87%, ante 14,18% ontem.
Dólar cai apesar do BC
No mercado de câmbio, o dólar recua com a possibilidade maior de
impeachment e mudanças na economia. Hoje, o Banco Central continuou
com os leilões de swap cambial reverso, que têm efeito semelhante
ao da compra de dólares. Dos 11.500 contratos oferecidos, foram
vendidos apenas 3 mil. O BC continua com seu esforço para
evitar uma queda muito forte do dólar, que prejudicaria os
exportadores, apesar de ajudar na queda da inflação. O dólar
comercial está em queda de 1,78%, vendido a R$ 3,627. Já o dólar
turismo, das viagens e cartões de crédito, é vendido a R$ 3,81, em
queda de 0,78%.
JBS ON (BOV:JBSS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
JBS ON (BOV:JBSS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024