O IRB, maior ressegurador da América Latina, anunciou lucro
líquido de R$ 8,6 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de
89,4% na comparação com o mesmo período de 2022, quando registrou
R$ 80,5 milhões.
Segundo a companhia, em seu release de resultados, o indicador
foi impactado pelo acordo com o United States Department of Justice
(DOJ) – em razão da divulgação no passado de informação inverídica
de que a Berkshire Hathaway integraria a base acionária da
companhia – para disponibilizar US$ 5,0 milhões a título de
compensação. Sem esse ajuste, o lucro líquido atingiu R$ 34 milhões
entre janeiro e março.
No primeiro trimestre, o volume total de prêmios emitidos pelo
IRB caiu 21% em relação ao mesmo intervalo de 2022, para R$ 1,583
bilhão. Considerando apenas a operação no Brasil, os prêmios
somaram R$ 1,006 bilhão, com queda de 18,8%. Já os prêmios emitidos
no exterior somaram R$ 576,9 milhões, com recuo de 24,5% em 12
meses.
O sinistro retido total foi de R$ 933,2 milhões, praticamente o
mesmo patamar de um ano antes. Já o índice de sinistralidade total
no primeiro trimestre foi de 77,3%, com uma redução de 3,7 p.p.
ante o mesmo período do ano anterior, de 81%.
Os resultados do IRB Brasil RE (BOV:IRBR3)
referente suas operações do primeiro trimestre de 2023
foram divulgados no dia 15/05/2023.
Teleconferência
Em teleconferência de resultados nesta manhã, Falcão destacou
que o breakeven veio mesmo com o acordo feito nos EUA com o United
States Justice Department (DOJ), em que o IRB irá pagar US$ 5
milhões para pôr fim às acusações apresentadas pela SEC. Segundo
Daniel Castillo, Vice-Presidente de Subscrição, o acordo “elimina
incertezas que existem desde 2020” e “acarretará em melhorias em
controles internos de conformidade” da companhia.
Destaques no trimestre para as renovações de contratos locais
(que subiu para 88%), a reorganização da área de subscrição e a
renovação de contratos do agro. Assim como nos trimestres
anteriores, a diretoria do IRB reforçou o objetivo de reduzir cada
vez mais a participação internacional e voltar os negócios para o
Brasil e a América Latina.
Segundo Daniel Castillo, Vice-Presidente de Subscrição do IRB, o
foco em carteira de maior qualidade e cada vez menos exposta ao
internacional é o foco principal da empresa. A redução da
participação internacional caiu de 46% (no 1T21) para 36,4% (1T23),
assim como os prêmios de resseguros no exterior (caíram de R$ 764
milhões no 1T22 para R$ 576 milhões no 1T23). “Esses negócios não
desejamos manter, pois entendemos que não estávamos sendo
adequadamente remunerados”, pontua.
A companhia descarta novo aumento de capital e ainda trabalha em
cima do follow on de R$ 1,2 bilhão captados em 2022.
Se acordo com Falcão, a expectativa é que as ações em curso em
relação à subscrição devem refletir números melhores nos próximos
trimestres, ainda que o IRB tenha atividade volátil e com alguma
sazonalidade. “Mas continuamos atentos às volatilidades das nossas
atividades”, destacou o CEO.
- Índice de sinistralidade: tendência de
melhora
O índice de sinistralidade do IRB (IRBR3) no 1T23 (de 77,3%) foi
um dos menores desde o início de 2020 e, segundo Wilson Toneto,
vice presidente técnico e de operações, a expectativa é que o
índice deva ter uma melhora gradativa nos próximos trimestres.
Toneto destacou que é mais importante focar na tendência do
índice do que efetivamente o resultado do trimestre. Mas relembrou
que os últimos trimestres de 2022 foram impactados pela catástrofe
do agro no Brasil – o índice de sinistralidade chegou a 124% no
2T22. Na comparação de 2022 com 2023, há estabilidade de
sinistralidade, na ordem de R$ 933 milhões. “Não houve efeitos
relevantes no agro e poucos sinistros de Covid-19 neste trimestre”,
afirma.
- Expectativa sobre índices regulatórios
Em 2022, o IRB foi desenquadrado do padrão regulatório por conta
da Suficiência de Patrimônio Líquido e da Cobertura de Provisões
Técnicas. No fim do ano passado, a empresa conseguiu se reenquadrar
e não voltou a ser desenquadrada.
“As projeções indicam que os índices regulatórios devem
permanecer dentro do padrão”, afirma Thaís Peters, Diretora de
Controles Internos, Riscos e Conformidade. Ela destacou que tanto o
índice de solvência total da companhia (105%) quanto cobertura de
provisões técnicas (R$ 238,8 milhões) continuam dentro das
regras.
- Otimismo com renegociação de debêntures
O IRB possui cerca de R$ 450 milhões em debêntures que vencem em
outubro deste ano, o que tem gerado preocupação em alguns
investidores, devido aos recentes problemas financeiros da
companhia.
Segundo Marcos Falcão, a diretoria está otimista com discussões
que estão acontecendo de refinanciamento das debêntures. Segundo
ele, a empresa “está confortável com as alternativas existentes” e
deve apresentar uma solução “em breve” aos acionistas sobre as
debêntures.
VISÃO DO MERCADO
JP Morgan
O JPMorgan apontou que, sem contabilizar o acordo de US$ 5
milhões do IRB com o DoJ, a empresa reportou lucro de R$ 34
milhões, praticamente em linha com os R$ 29 milhões esperados pelo
banco.
Já a receita caiu 21% anualmente, o que os analistas não veem
como necessariamente ruim, pois pode ser indicativo de empresa
agora priorizando contratos lucrativos às custas de volume. O
índice de sinistralidade mostrou alguma melhora para 77% contra 81%
há um ano e 94% no 4T22. Especificamente, o rural esteve entre os
principais destaques, com a sinistralidade em queda para 62%,
versus 112% no 1T22.
“No geral, vemos os resultados melhorando, mas já antecipados
pelos dados mensais divulgados à Susep [agência reguladora do
setor]”, apontam os analistas. Olhando para o futuro, esperam um
2T23 mais desafiador no segmento rural, enquanto veem a ação cara
após a disparada recente, o que motivou o rebaixamento dos ativos
IRBR3 para underweight (exposição abaixo da média do mercado,
equivalente à venda) pelo JPMorgan na semana passada.
Genial
A Genial, por sua vez, destacou que o lucro de R$ 8,6 milhões
ficou abaixo das suas estimativas. Os analistas apontam que o
resultado do trimestre poderia ter sido melhor não fosse o impacto
do acordo nos EUA. “No entanto, nossas projeções já contemplavam
essa despesa que foi anunciada em abril”, avalia.
O pequeno lucro do período foi assistido principalmente pelo
resultado financeiro, já que o resultado operacional do IRB
continuou negativo, com um índice combinado acima de 100%, apontam
os analistas. Eles ainda destacam que a resseguradora consumiu R$
411 milhões de caixa no trimestre. A forte queima de caixa foi
devido o alto volume de pagamentos de sinistros e retrocessão,
exibindo um retrocesso em relação ao 4T22 que apresentou um alívio,
com geração de R$ 220 milhões de caixa.
“Continuamos com uma visão mais pessimista para a companhia, que
não tem conseguido reverter o prejuízo operacional e estancar o
forte consumo de caixa. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação
de venda, com preço alvo de R$ 28,20”, apontam.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor,
Infomoney
IRB BRASIL ON (BOV:IRBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
IRB BRASIL ON (BOV:IRBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024