A Light apresentou o plano de recuperação judicial em curso
perante a 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do
Rio de Janeiro, conforme termos e condições aprovados pelo conselho
de administração da companhia em reunião do referido órgão
realizada em 10 de julho de 2023.
O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:LIGT3) na
sexta-feira (14).
“O plano estabelece os termos e condições propostos
relativamente às principais medidas que poderão ser adotadas
visando a superação da atual situação econômico-financeira da
companhia e seus eventuais reflexos em algumas de suas
subsidiárias, a manutenção dos serviços prestados no âmbito das
concessões de titularidade do Grupo Light, a continuidade de suas
atividades, a preservação de valor e a promoção de sua função
social”, afirma a companhia.
A companhia entregou diversas alternativas aos credores.
A primeira alternativa, voltada para
debenturistas que possuem até R$ 10 mil em debêntures da companhia,
a holding está propondo pagar este valor consolidado à vista.
Já na segunda alternativa, haveria a conversão
da dívida da companhia em ações próprias, limitando este
contingente em até R$ 3 bilhões, uma diluição de 40% dos atuais
acionistas.
Na terceira alternativa, voltada para credores
da Light Energia (geração), a opção seria o recebimento integral do
valor da dívida a partir de uma emissão de uma nova debênture com
vencimento de 5 anos, estendendo o prazo de recebimento da dívida
atual em dois anos.
Já na quarta alternativa, voltada para credores
da Light SESA, foi proposta a criação de um FIDC, linha com
garantia em recebíveis, em que para cada R$ 1,2 investidos pelos
credores, R$ 1 seria recebido integralmente através da emissão de
uma debênture com prazo de 15 anos. Vale ressaltar que o limite de
adesão deste é de um valor máximo de R$ 1,25 bilhão.
Em relação à quinta opção, a Light propõe o
recebimento do valor à vista, mas com um desconto atrelado a um
chamado leilão reverso, partindo de um haircut mínimo de 60%.
Por fim, a sexta alternativa consiste no
recebimento do valor com um desconto de 20% sendo parcelado em 15
anos e corrigido pelo IPCA.
Vale lembrar que a aprovação do plano depende de maioria simples
do total de credores ponderados pela dívida (fundos, bancos e
debenturistas), ou seja, 50% do total da dívida mais 1.
VISÃO DO MERCADO
Guide Investimentos
Para a Guide Investimentos, a notícia é positiva para a
empresa.
“Na nossa visão, a entrega do plano de recuperação judicial era
um dos eventos mais esperados por credores e investidores da
companhia. Considerando o potencial de redução de R$ 6 bilhões na
dívida da companhia e alongamento considerável dos prazos, achamos
que a leitura do mercado deve ser positiva para o plano proposto”,
aponta a equipe de análise.
No entanto, acredita que ainda deverão ocorrer alterações no
plano e maior barganha dos credores, uma vez que esta é a primeira
versão e os credores ainda deverão ser ouvidos pela companhia.
Cabe ressaltar que o Comitê de Gestoras de Fundos de
Investimento em Debêntures da Light – que representa mais de três
milhões de investidores pessoas físicas que, por meio de fundos de
investimentos ou diretamente, emprestaram R$ 5 bilhões à empresa –
divulgou, no sábado (15), uma nota relativa ao plano de recuperação
judicial.
A expectativa do grupo é de que a Light divulgue um novo plano
de recuperação, que divida entre debenturistas e acionistas o ônus
do reequilíbrio da companhia.
“Continuamos afirmando que a Light não precisa impor seus
credores a um processo danoso dessa magnitude. A Light SESA tem
instrumentos em seu contrato de concessão que permitem essa
correção e deveriam ser exigidos pelo Regulador.”
A nota menciona que os credores “emprestaram R$ 5 bilhões para a
melhoria dos serviços de fornecimento de energia elétrica no Rio de
Janeiro”, mas se sente insatisfeito com “a integralidade do
sacrifício ao reequilíbrio financeiro da Light SESA aos credores e,
dessa forma, transfere riqueza ao acionista, o que é ilegal, imoral
e injusto”.
“O Grupo de Debenturistas da Light SESA continua engajado de
boa-fé e à disposição para negociar um plano que (i) não incorra em
ilegalidade, (ii) assegure a viabilidade econômica da Light SESA,
(iii) aprimore a governança corporativa da empresa, (iv) ao mesmo
tempo que distribui de forma justa e equitativa os sacrifícios
entres os diversos stakeholders.”
Morgan Stanley
O Morgan Stanley destacou, em relatório, os próximos passos. Os
credores da Light precisam votar e aprovar o Plano de Recuperação
Judicial em assembleia a ser realizada em até 150 dias após a data
de concessão da Recuperação Judicial, que foi em 15 de maio de
2023. Assim, a data-limite seria até meados de outubro de 2023.
Para ser aprovado, o Plano precisa da maioria simples dos
credores (50% mais 1 voto), tanto em número quanto em
representatividade do valor da dívida. Caso o Plano não seja
aprovado, a Light e seus credores poderão negociar novas condições
antes de submeter um novo Plano à votação na Justiça (3ª Vara
Empresarial da Capital do Estado do Rio de Janeiro).
Assim, aponta as datas-chave:
- 18 de julho de 2023: Assembleia Geral Extraordinária para
deliberar sobre o novo Conselho de Administração;
- Novembro de 2024: prazo para o Ministério da Energia (MME)
definir condições e prazos para a eventual renovação de sua
concessão. “A nosso ver, os novos termos e condições para a
renovação das concessões de distribuição também continuam sendo um
importante catalisador para a Light, cuja concessão vence em junho
de 2026”, aponta.
Para o Morgan Stanley, o case da Light permanece incerto e
difícil de operar, suportando a recomendação equalweight (exposição
em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para as
ações LIGT3.
O plano de recuperação apresenta uma perspectiva de fluxo de
caixa sustentável, suportada pelo aumento das perdas regulatórias
ao nível de perdas efetivas da companhia. “A nosso ver, esta é uma
suposição forte, para a qual não podemos ter visibilidade
atualmente”, apontam os analistas do banco.
Para eles, embora um Plano de Recuperação Judicial deva ajudar a
Light com sua estrutura de capital e questões de liquidez, ainda
não há visibilidade sobre a aceitação do plano de recuperação,
sobre o tratamento regulatório futuro das perdas de energia e as
perspectivas de renovação das concessões de distribuição.
“Dito isso, preferimos operar histórias mais claras entre
empresas de energia e manter nossas classificações de overweight
[exposição acima da média do mercado, equivalente à compra] para
Energisa ENGI11 e Equatorial EQTL3, apoiadas por nossa preferência
por distribuição em vez de geração e por perfis de risco-retorno
atraentes”, afirma o Morgan. Cabe destacar que, desde que a Light
pediu recuperação judicial, em 12 de maio, até o fechamento de
sexta-feira, as ações LIGT3 subiram 77%.
Informações Broadcast
LIGHT ON (BOV:LIGT3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
LIGHT ON (BOV:LIGT3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024