A Ambev apresentou lucro líquido consolidado de R$ 2,597 bilhões
no segundo trimestre de 2023, o que representa uma queda de 15,2%
em relação ao mesmo período do ano passado.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e
amortização) ajustado foi de R$ 5,275 bilhões, alta de 34,2% no
conceito orgânico e queda de 4,7% no conceito reportado.
A receita líquida no segundo trimestre ficou em R$ 18,898
bilhões, avanço de 20% no conceito orgânico e alta de 5,1% no
conceito reportado, ambos ante um ano.
O custo dos bens e/ou serviços vendidos no segundo trimestre
ficou em R$ 9,635 bilhões, alta de 2,79% contra um ano antes.
Segundo a empresa, o desempenho de volume no Brasil (Cerveja
-2,5% e bebidas não alcoólicas -2.2%) foi impactado principalmente
por uma indústria fraca e pela base de comparação do segundo
trimestre do ano passado.
Nas operações internacionais, o volume positivo (+0,6%) na
América Latina Sul (LAS) – apesar de um contínuo ambiente
macroeconômico desafiador na Argentina – foi mais do que compensado
pela América Central e Caribe (CAC) (-2,8%) e Canadá (-6,2%).
O resultado financeiro ficou negativo em R$ 1,073 bilhão no
trimestre, uma redução de R$ 578 milhões em relação ao mesmo
período do ano passado.
Em seu release de resultados, a empresa destaca que a receita
líquida permaneceu resiliente e as pressões de custos continuaram a
desacelerar, levando ao crescimento do Ebitda e à expansão da
margem Ebitda ajustado em todas as unidades de negócios reportadas
no trimestre.
CPV
A companhia afirma que revisou a expectativa de crescimento do
custo dos produtos vendidos (CPV) por hectolitro, excluindo
depreciação e amortização, para seu negócio de cervejas no Brasil
de 6,0% a 9,9% para 2,5% a 5,5% no ano de 2023 (excluindo a venda
de produtos de marketplace não Ambev).
A expectativa de redução dos custos considera que determinados
fatores capazes de influenciá-los, “tais como a inflação, os preços
de commodities não protegidas por hedge, o mix de produtos e a
performance operacional da companhia, estão melhores do que o
esperado”, segundo fato relevante.
Os resultados da Ambev (BOV:ABEV3)
referentes às suas operações do segundo trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 03/08/2023.
Teleconferência
Na teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre,
Jean Jereissati, CEO da Ambev, atribui a revisão do guidance ao
comportamento melhor que o esperado do preço de commodities, mas
afirma que a companhia está evoluindo em eficiência de oferta e
distribuição “mais rápido do que se previa”.
Apesar dos ventos a favor, a desvalorização do peso argentino
sopra na direção contrário. “É um ponto de atenção, mas ainda assim
vemos menor pressão de custos se mantendo em 2024, ao menos
comparado a onde estávamos um ano atrás”, afirmou Lucas Lira, CFO
da companhia, respondendo às perguntas dos analistas.
“A indústria está melhor em termos de consumidores, intensidade
e frequência de consumo”, afirmou Jean Jereissati, em
teleconferência com analistas sobre os resultados da Ambev no 2T23.
“A indústria sofreu muito com commodities em alta e margens
comprimida, e a vemos hoje com mais racionalidade, de maneira
geral”.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Os resultados da Ambev foram em linha com o consenso do mercado
no segundo trimestre, com destaque para geração de lucro e
crescimento robusto no mercado de cerveja premium do Brasil, diz o
Bradesco BBI.
O analista Leandro Fontanesi escreve que os volumes totais
menores do que o esperado no período foram compensados pelo menor
custo das commodities, gerando um Ebtida de R$ 5,3 bilhões dentro
do esperado.
Apesar da queda de 2,5% nos volumes de cerveja, a Ambev cresceu
35% no mercado premium, superando desempenho da Heineken, ganhando
participação de mercado importante, destaca o banco.
“No acumulado do ano, a ação teve desempenho inferior ao
Ibovespa, apesar da empresa continuar recompondo a lucratividade
com os preços mais baixos das commodities”, afirma. A margem Ebitda
orgânica cresceu 3%.
O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Ambev, com
preço-alvo em R$ 21, potencial de alta de 39,5% sobre o fechamento
de ontem.
Itaú BBA
O Itaú BBA avalia que, após uma década de contração de margens
no segmento de cervejas brasileiras, a Ambev poderia finalmente
viver um período de melhora de rentabilidade em 2023 e 2024. Junto
com o balanço do segundo trimestre, a Ambev revisou para baixo sua
projeção para custos de bens e serviços vendidos. Antes, o guidance
apontava para uma alta entre 6% e 9,9% em 2023, agora a Ambev
espera custos entre 2,5% e 5,5% mais altos.
“Era amplamente esperado que os custos desacelerassem em 2024.
Com o guidance, vemos uma antecipação dessa deflação para o final
de 2023″, afirmam os analistas Gustavo Troyano e Bruno
Tomazetto.
Numa avaliação geral sobre os resultados, o BBA afirma que os
números vieram em linha com o esperado e o balanço pode ser
considerado neutro, sendo a revisão do guidance o destaque
positivo. A casa manteve recomendação market perform (desempenho em
linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para ABEV3, com
preço-alvo de R$ 17.
“Estamos de lado até entender melhor a tendência de expansão de
margens da companhia”, afirma a equipe de análise. O BBA reconhece
que a ação parece atraente em relação a sua média histórica, mas
falta visibilidade sobre questões que podem impactar o valuation do
ativo.
JP Morgan
A análise do JP Morgan também deu destaque à revisão no guidance
de custos e a expansão do Ebitda. E, assim como o BBA, admite que a
combinação de fatores poderá levar a revisões positivas nas
projeções para a companhia. Por hora, o banco tem recomendação
overweight, equivalente à compra, e preço-alvo de R$ 17 ao final de
2024.
“No lado negativo, a companhia mencionou que a indústria de
cerveja desacelerou em termos de consumo no trimestre”, destacam os
analistas Lucas Ferreira, Ulises Argote e Sebastian Hickman.
Segundo eles, esse é um fator que limita o impacto positiva que o
balanço poderia ter.
No segmento de cervejas premium, contudo, a Ambev registrou um
crescimento de 35% no Brasil, superando o avanço de um dígito da
sua concorrente, a Heineken.
UBS BB
Os resultados da Ambev no segundo trimestre deste ano foram
mistos, de acordo com o UBS BB, refletindo um “fraco volume”
compensado pela maior receita por hectolitro e boa gestão de
custos. A companhia divulgou seus resultados trimestrais nesta
quinta-feira.
De acordo com o relatório, o UBS BB identifica as mesmas
tendências apontadas em relatórios anteriores, como redução do peso
da categoria premium no resultado consolidado, preços robustos para
cerveja e menores custos impulsionando expansão de margens.
Os analistas Rodrigo Alcantara, Camila Azevedo e Nik Oliver
afirmam que o resultado da Ambev no último trimestre ficou abaixo
das estimativas em razão da valorização do real.
O UBS BB, porém, destaca que o segmento de cervejas premium
—Original, Spaten, Corona e Stella— cresceu acima da concorrente
Heineken no Brasil. O segmento de cerveja no país avançou 10% em
relação ao segundo trimestre de 2022, embora 1,2% abaixo das
estimativas do UBS BB. Já as bebidas não-alcoólicas no país tiveram
vendas 3% abaixo das estimativas.
Por outro lado, a operação digital B2B da plataforma Bees
cresceu 64% e superou as estimativas dos analistas em 3%.
A recomendação do UBS BB para os papéis ordinários da Ambev é de
compra, com preço-alvo de R$ 18, o que representa potencial de alta
de 19,6% ante a cotação de fechamento de ontem.
XP
A Ambev entregou um segundo trimestre em linha com as projeções,
com uma tímida expansão de margem, enquanto os volumes
decepcionaram e as operações na região da América Latina Sul
continuam desapontando, com uma perspectiva desafiadora na
Argentina, diz a XP, em relatório.
Os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca escrevem que os
custos como fator favorável são uma mudança de ritmo bem-vinda, com
taxa de inflação mais baixa no Brasil e preços mais baixos de
cevada e energia, além dos preços já mais baixos do alumínio,
indicando que a margem deve continuar a se expandir à frente.
Segundo os analistas, o segmento de cervejas no Brasil foi
novamente um destaque positivo, com alta na receita apesar da queda
nos volumes, e avanço na margem de lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (Ebitda). Já o Canadá e a região da
América Central e Caribe vieram dentro do esperado, dizem.
Além disso, as iniciativas de gestão de receita foram uma
surpresa positiva, seguindo uma estratégia de portfólio em
constante mudança e acompanhando o crescimento da plataforma Bees,
dizem os analistas. “A nosso ver, embora a recuperação da AmBev
continue no caminho certo, a falta de intensidade deve trazer uma
percepção negativa”, dizem.
A XP tem recomendação de compra para as ações da Ambev, com
preço-alvo de R$ 18,7, potencial de alta de 22% ante o valor
negociado há pouco na B3.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
AMBEV S/A ON (BOV:ABEV3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
AMBEV S/A ON (BOV:ABEV3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024