A ação do Grupo Pão de Açúcar deve enfrentar alta volatilidade
nesta quarta-feira, o dia em que a companhia distribuirá a seus
acionistas a maior parte das ações que detém no Éxito, o maior
varejista da Colômbia.
Se tudo sair como o GPA planejou, o spin-off vai gerar valor
substancial para os acionistas, podendo levar a posição deles no
GPA (BOV:PCAR3) a dobrar de valor. O GPA hoje vale R$ 5,3 bilhões
na B3.
Tanto o GPA quanto boa parte dos analistas de mercado acreditam
que o mercado hoje atribui zero de valor ao Éxito, uma empresa de
639 lojas que fatura R$ 23 bilhões e tem margem EBITDA de 7,2%.
(Uma das fronteiras de crescimento: apostar mais no formato de
atacarejo, o Surti Mayorista – ainda pequeno dentro da empresa, com
59 lojas – da mesma forma que o GPA fez com o Assaí.)
O Exito é listado na Bolsa de Bogotá, mas seu valor de mercado
(R$ 6,7 bi) é pouco confiável, dado que o free float é de apenas
3,5%, o que impede grandes investidores de montar posição. Ou seja,
de acordo com o livro-texto do mercado de capitais, quando a
liquidez aumentar, o valuation tende a subir. Outra referência de
valor é a oferta do empresário Jaime Gilinski, que avaliou a rede
colombiana em US$ 1,15 bi, ou R$ 5,75 bilhões.
O GPA está fazendo o spin-off do Éxito por meio de uma redução
de capital. Para determinar o valor teórico da ação do Éxito na
abertura do pregão de amanhã, o GPA seguiu uma orientação da B3:
atribuir ao papel o valor da redução de capital dividido pelo
patrimônio líquido da empresa, o que dá 58,58% do PL do GPA
atual.
Assim, a ação do Éxito vai começar a quarta-feira valendo ao
redor de R$ 11,51 enquanto a ação do GPA aparecerá na tela valendo
a R$ 8,14. Mas esses são apenas valores contábeis. Durante o leilão
de abertura, os investidores colocarão suas ordens de compra e
venda e começarão a determinar o valor justo das duas
companhias.
Sem o Éxito, o GPA será uma empresa com faturamento de R$ 20
bilhões e margem EBITDA de 6,3% no segundo tri. A companhia, no
entanto, já disse ao mercado que pretende atingir uma margem entre
8% e 9% no final de 2024.
O CEO Marcelo Pimentel, no cargo há um ano e quatro meses, está
focando na marca Pão de Açúcar, que é 47% da receita consolidada e
voltou a ganhar share desde o terceiro tri de 2022.
O novo CEO está buscando uma melhor negociação com fornecedores,
aumentando a participação de perecíveis na bandeira Pão de Açúcar,
que têm melhor margem, e vê o potencial de reduzir a quebra em 80
bps, o que se traduziria em margem na veia.
No preço teórico de R$ 8,14/ação, o GPA teria um valor de
mercado de R$ 2,1 bilhões. Como a empresa tem uma dívida líquida
financeira de R$ 2,5 bilhões e mais R$ 4,2 bi de arrendamentos, o
valor da firma (EV) ficaria em R$ 8,8 bilhões, colocando o papel
num múltiplo de 6,5x EV/EBITDA 2023 – bem abaixo de nomes como
Grupo Mateus e Assaí.
Depois da distribuição das ações do Éxito, o Casino passará a
ser o maior acionista da empresa, com 34% do capital, seguido pelo
próprio GPA com 13% e um free float de 53%.
BR Partners, Itaú BBA e Davivienda foram os assessores do GPA na
estruturação, execução e diálogo com o mercado sobre a transação.
Também trabalharam no deal: Santander, JP Morgan, Rothschild, BNP
Paribas, Safra, Bradesco BBI e Credit Agricole.
No início da sessão desta quarta-feira (23), os acionistas do
GPA podem ter se surpreendido ao olhar para o desempenho dos
ativos, com uma forte queda e entrando em sucessivos leilões. Por
volta de 10h44 (horário de Brasília), os papéis caíam 22,59%, a R$
6,30.
Às 11h15, os papéis caíam 18,4%, a R$ 6,65.
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Porém, já era esperada uma sessão de volatilidade para os ativos.
Isso porque esta quarta marca a cisão do Éxito do grupo varejista
de alimentos. Com isso, o GPA distribuirá aos seus acionistas a
maior parte das ações que detém da empresa colombiana.
O GPA entregará aos seus acionistas 1.080.556.276 ações do Éxito
na proporção de 4 ações de emissão para cada ação do GPA, na forma
de: (i) BDR´s (Brazilian Depositary Receipts) patrocinados Nível
II, cada um representando 4 ações ordinárias de emissão do Éxito,
para os detentores de ações ordinárias de emissão do GPA; e (ii)
ADR´s (American Depositary Receipts) Nível II, cada um
representando 8 ações ordinárias de emissão do Éxito, para os
detentores de ADR´s do GPA.
As ações representam aproximadamente 83% da participação do GPA
no capital social do Éxito (de aproximadamente 96%).
Desta forma, as ações PCAR3 se ajustam hoje ao “GPA sem o
Éxito”, o que explica a desvalorização dos papéis. Contudo,
conforme destaca a Levante Ideias de Investimento, se tudo correr
conforme esperado, o spinoff deve gerar um valor expressivo para os
acionistas.
O principal fator que deve gerar esse destravamento de valor
está relacionado à correta precificação dos ativos após a
segregação das operações, visto que o mercado hoje atribui
praticamente zero de valor ao Éxito, que é listado na bolsa de
valores de Bogotá com valor de mercado de R$ 6,7 bilhões (valor não
muito confiável, dada a baixa liquidez do ativo), enquanto o GPA
está avaliado em R$ 5,3 bilhões na B3.
Cabe ressaltar ainda que, na esteira de seguidas tentativas de
conseguir o controle do Éxito, o empresário colombiano Jaime
Gilinski, avaliou a varejista colombiana em US$ 1,15 bilhão, ou R$
5,75 bilhões, de modo que a oferta feita pelo empresário é mais uma
referência de que o ativo dentro do GPA não está corretamente
precificado.
A fim de determinar o valor teórico da ação do Éxito na abertura
do pregão de hoje, o GPA seguiu a orientação da B3 de atribuir ao
ativo o valor da redução de capital dividido pelo patrimônio
líquido da companhia, equivalente a 58,58% do patrimônio líquido do
GPA.
A ação do Exito começa a quarta-feira valendo ao redor de R$
11,51 enquanto a ação do GPA iniciou a sessão a R$ 8,14, já uma
baixa de 16,90% frente o último fechamento.
Com a reestruturação das operações, a companhia tem focado na
marca Pão de Açúcar, que representa 47% da receita consolidada do
grupo.
A Levante aponta que, nos números divulgados no 2T23, observou
um sólido crescimento da bandeira Pão de Açúcar em relação ao mesmo
período do ano anterior, alcançando 19,6% em vendas, totalizando R$
2,4 bilhões.
Além disso, o indicador vendas em mesmas lojas (SSS) registrou
um desempenho forte, com aumento de 8,6%. “Esse valor é quase 3
vezes maior do que a inflação à domicílio acumulada nos últimos 12
meses, que foi de 2,88%, sinalizando que a reestruturação das
operações têm mostrado sinais positivos de inflexão, indicando um
progresso em direção aos objetivos estabelecidos”, aponta.
Entretanto, apesar dos sinais de melhora, não espera que a
varejista retome os níveis de margem bruta próximos ao observado no
segundo trimestre de 2022, que foi de 26,6%, tão cedo.
“É importante ressaltar que mudanças estratégicas e reajustes
podem levar tempo para se refletirem totalmente nos resultados
financeiros, especialmente em um cenário competitivo e dinâmico. A
recuperação do formato premium e a melhoria da margem bruta são
metas desafiadoras, e a empresa deve continuar focada na
implementação dos pilares estratégicos e na busca de eficiência
operacional para alcançar esses objetivos”, avalia.
Também olhando mais à frente, a Guide Investimentos espera que o
spin-off destrave valor. “As ações de Éxito devem reagir
positivamente à alta na liquidez, enquanto as ações de PCAR3 podem
reagir positivamente em rumo a uma expansão de múltiplo, vindo a
negociar a patamares mais próximos de seus pares”, avalia.
Informações Brazil journal e Infomoney
PÃO DE AÇUCAR ON (BOV:PCAR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
PÃO DE AÇUCAR ON (BOV:PCAR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024