Eletrobras: potencial securitização poderia enfraquecer as chances de acordo na discussão pelos direitos de voto
22 Fevereiro 2024 - 11:04AM
ADVFN News
O Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou na
última quarta-feira (21) que o governo federal planeja publicar
três medidas provisórias (MPs) até o final da próxima semana para
abordar questões-chave no setor de serviços públicos de
eletricidade. Em uma das MPs, o governo quer criar o ambiente legal
para fazer a securitização dos recebíveis da Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE) relacionados a privatização da
Eletrobras, caso não chegue em um acordo com companhia para
antecipar esse fluxo de 25 anos. A ideia é utilizar esses recursos
para reduzir as tarifas.
Apesar de parecer que uma potencial securitização poderia
enfraquecer as chances de um acordo na discussão pelos direitos de
voto (o governo quer um poder de voto maior na companhia), dado que
o governo federal pode ter encontrado uma alternativa para
antecipar as parcelas do CDE, o BBA avalia que a operação faz parte
do processo de negociação, com o governo federal tentando reduzir o
desconto para antecipar as parcelas do CDE. Diante disso, não
acredita que a antecipação atrapalhe as negociações sobre o direito
de voto.
Por outro lado, o BBA ressalta que muitas incertezas cercam o
uso potencial desses recursos para reduzir as tarifas
regulamentadas. Isso porque o governo pode utilizar esses fundos
para reduzir as tarifas apenas para parte da população ou para as
regiões mais pobres do Brasil, como as regiões Norte e Nordeste.
“Além disso, a magnitude da redução das tarifas dependerá da
alocação desses recursos ao longo do tempo – ou seja, se o impacto
estiver concentrado em um ano, a tarifa aumentaria no ano
seguinte”, explica.
O Itaú BBA ainda comenta que a securitização poderia ser uma
maneira para o governo federal encontrar alternativas de mercado
para antecipar os pagamentos com o menor desconto possível e
acredita que as negociações com o governo federal estão avançando e
que a Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET5) (BOV:ELET6)
provavelmente já propôs um desconto no valor presente líquido (VPL)
das parcelas do CDE (R$ 26 bilhões) para antecipar os pagamentos.
Sendo assim, analistas esperam que o governo tente avaliar se o
desconto oferecido pela Eletrobras faz sentido em relação às
alternativas de mercado.
O Itaú BBA mantém visão otimista sobre as chances de um possível
acordo entre o governo federal e a Eletrobras na disputa pelos
direitos de voto. O banco acredita que: i) os acionistas da
Eletrobras estariam dispostos a permitir que o governo federal
nomeasse dois dos nove membros do conselho; ii) o limite de 10% dos
direitos de voto permaneceria; iii) a Eletrobras provavelmente
concordaria com um pagamento antecipado do fundo CDE em relação ao
cronograma de privatização de 25 anos – dado que a dívida é
ajustada pelo WACC + inflação (IPCA + 7,3%), um pagamento
antecipado não destruiria o VPL; e iv) para os ativos nucleares, os
acionistas desejam alterar o acordo acionário da Eletronuclear para
remover a obrigação da Eletrobras de capitalizar a empresa se Angra
3 for desenvolvida.
Por fim, o Itaú BBA avalia que um possível acordo na disputa
pelos direitos de voto seria um gatilho positivo para as ações,
removendo um obstáculo significativo. Nesse contexto, o banco
reitera recomendação outperform (desempenho acima da média do
mercado, equivalente à compra) para as ações ordinárias da
Eletrobras (ELET3), pois os papéis estão sendo negociados com uma
taxa interna de retorno (TIR) implícita muito atraente de
12,5%.
Informações Infomoney
ELETROBRAS PNA (BOV:ELET5)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ELETROBRAS PNA (BOV:ELET5)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024