Vale: proposta de acordo definitivo com governos sobre reparação do desastre de Mariana soma R$ 127 bilhões
29 Abril 2024 - 9:59AM
ADVFN News
Uma proposta para um acordo definitivo com governos sobre
reparação do desastre de Mariana (MG) soma R$ 127 bilhões, segundo
a mineradora Vale, acionista da Samarco, juntamente com a BHP.
O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:VALE3) nesta
segunda-feira (29).
Segundo a companhia, a proposta prevê pagamento em dinheiro de
R$ 72 bilhões para governos federal, de Minas Gerais e Espírito
Santo e a municípios.
A proposta inclui R$ 37 bilhões em valores já pagos.
VISÃO DO MERCADO
“Um acordo final representaria o fim de uma importante pendência
que paira sobre as ações da empresa. É um assunto que tem sido um
ponto chave de discussões com investidores desde 2015”, fala o Itaú
BBA.
Os valores representam uma contribuição de 50% da BHP Brasil e
da Vale como devedores secundários, caso a Samarco não possa
financiar como devedor primário, conforme o fato relevante.
O banco, nesta frente, destaca que ainda há questões importantes
sobre o montante final a ser desembolsado por cada companhia e
indaga a capacidade da Samarco de financiar diretamente as
obrigações. Durante a teleconferência de resultados do quarto
trimestre de 2024, executivos da Vale mencionaram que a provisão da
companhia não acompanhou a da BHP, que foi maior, pelo fato de eles
acreditarem que a Samarco tem a capacidade de arcar com suas
obrigações financeiras.
“Também observamos que resolver essa questão no Brasil
provavelmente reduz as chances de decisões negativas significativas
em outras jurisdições, como as disputas em andamento no Reino Unido
e nos Países Baixos”, acrescenta a equipe do BBA, encabeçada por
Daniel Sasson.
O Itaú BBA ainda diz que a nova proposta levaria a um aumento
limitado nas provisões atuais. Os US$ 9 bilhões relativos à parte
da Vale nas obrigações futuras, conforme a proposta, levariam a um
aumento de cerca de US$ 4 bilhões, “o que está alinhado com as
provisões atuais no balanço da empresa”.
“Portanto, se um acordo for realmente alcançado, isso
representaria uma surpresa positiva para os investidores que
esperavam que as provisões da Vale correspondessem aos números da
BHP, de US$ 6,5 bilhões”, explica o banco.
O Morgan Stanley vai na mesma direção. “O acordo proposto está
alinhado com nossas estimativas. Acreditamos que um acordo final,
embora limite o potencial de aumento nos dividendos especiais (já
que a dívida líquida expandida da Vale se aproximaria do limite
superior de sua meta de US$ 10 a 20 bilhões), provavelmente será um
catalisador positivo para as ações, contribuindo para uma
reavaliação do múltiplo ao remover incertezas e virar a página
deste evento infeliz”, expõe a equipe do banco americano, liderada
por Carlos de Alba.
Contudo, alguns entes podem não estar tão satisfeitos com a
proposta. Em entrevista à Reuters, o procurador-geral de Justiça de
Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, disse que espera um acordo mais
elevado, somando pelo menos R$ 100 bilhões em pagamentos novos.
“Eu não estou satisfeito com o valor final, mas com a postura
das empresas, sim, de buscar algo mais compatível”, disse Soares
Júnior. Considerando somente valores ainda não pagos, a proposta
nova soma R$ 90 bilhões.
“Eles estão pedindo prazo de 20 anos para tudo, coloca ali mais
R$ 500 milhões por ano, para chegar em R$ 100 bilhões, para eles
não é nenhum sacrifício.”
Informações Infomoney
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