apmello
- Dono
- 22181
- 08/06/2007
apenas como informação do começo de tudo:
Portonave consumiu investimentos de R$ 423 milhões e exportará carga frigorificada
Após vender a centenária Leão Júnior (fabricante do Matte Leão) para a Coca-Cola, em março deste ano, parte da família paranaense Leão está acertando detalhes finais para colocar em operar novo empreendimento: o Porto de Navegantes (Portonave), em Santa Catarina, resultado de investimentos de R$ 423 milhões em sociedade com empresas nacionais e fundo de investimento suíço.
A Portonave inicia as atividades, nas próximas duas semanas, na margem esquerda do rio Itajaí-Açu, no município de Itajaí, com expectativa de movimentar 250 mil contêineres por ano. O principal produto de exportação será carga frigorificada, característica da região. Os investidores apostam na saturação de portos vizinhos e na modernidade das instalações para atrair rapidamente os exportadores.
Segundo Agostinho Leão Júnior, bisneto homônimo do fundador da Leão Júnior e acionista da Portonave, os membros da família sempre tiveram negócios em paralelo à fabricante do Matte Leão. Ele lembrou que o Porto de Navegantes começou a ser construído antes da venda da Leão Júnior e citou outros negócios da família, como no ramo de compensados de madeira e refeições industriais.
"Ninguém da família viveu unicamente da Leão Júnior. Cada um teve outro ramo de atividade. Em 1991, por exemplo, construímos o Terminal Portuário da Ponta do Félix, no Paraná, entre os portos de Paranaguá e Antonina. Ele era voltado à carga frigorificada. Vendemos o empreendimento em 1997 para o fundo Previ (do Banco do Brasil) e o Banco do Estado do Paraná", explicou o acionista.
A Portonave tem como principal acionista, contudo, o fundo suíço Backmoon Investment, que detém 50% das ações ordinárias (ON) do empreendimento.
Agostinho disse que o fundo não terá, por outro lado, gerência sobre as decisões operacionais. Os outros sócios são a Maris Gaudium Participações (de família Leão), Triunfo Participações e a Ivaí Engenharia, com 16,5% de participação cada.
"Nossa participação no porto foi bancada com 40% de caixa próprio e 60% de financiamento da GE Capital, que em seis meses analisou e aprovou o empréstimo. Nós acreditamos que é um mercado de grande oportunidade e a entrada em operação do porto será importante, principalmente neste momento em que o Brasil precisa de uma oferta maior de infra-estrutura para exportação", disse Agostinho Junior.
O porto terá 900 metros de cais, 12 metros de calado (profundidade do acesso fluvial), seis portêineres, 12 transtêineres e três berços de atracação. Segundo a empresa, o terminal poderá movimentar 470 mil contêineres no terceiro ano de operação.
Em segunda etapa de investimentos, que deve ocorrer de três a cinco anos, a Portonave pretende investir mais R$ 64 milhões no terminal.
Segundo ele, o projeto começou a ser idealizado entre 1997 e 1998, quando seu pai, o empresário Agostinho Leão, começou comprar faixas de terra na região. "Meu pai sempre gostou muito de mar e água, então decidiu tocar projeto para esse lado, disse Agostinho Júnior, referindo-se à construção do porto. As obras foram iniciadas em outubro de 2005, depois de superados obstáculos ambientais.
O diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, afirmou que o terminal entra em operação em momento positivo do mercado, apesar do atual patamar do dólar prejudicar produtos com grande potencial de movimentação pelo porto, como a indústria têxtil.
exportações crescentes. "As exportações continuam crescendo apesar do dólar e as importações estão cada vez maiores", afirmou o diretor.
O Porto de Navegantes será alternativa para as importações e exportações dos países do Mercosul e estados brasileiros como Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A empresa disputará mercado com os portos de Itajaí (SC), Paranaguá, São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande (RS), que estão na área mesma área de influência.
Segundo Castilho, o porto não entrará em operação, contudo, praticando preços abaixo do mercado para atrair exportadores, prática comum em novos empreendimentos portuários e em diversos outros mercados da atividade econômica. Ele afirmou que a Portonave quer atrair empresas embarcadores pela velocidade da movimentação de contêineres.
"Os exportadores e as empresas de navegação não estão preocupados apenas com preço de movimentação, mas também com a rentabilidade da operação. Ou seja, eles querem liberação da carga no menor tempo possível. Para a maioria, é tão ou mais importante não pagar multa pela sobreestadia dos navios ou entregar o produto atrasado ao cliente. Não temos pretensão, portanto, de abaixar o preço", concluiu.
Jornal do Commercio/RJ/BRUNO VILLAS BÔAS
Data: 20/06/2007