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Sem lenço, sem reforma

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As recentes declarações de três ex-presidentes do Banco Central, Armínio Fraga, Henrique Meirelles e Gustavo Franco, convergem para uma só palavra: credibilidade. Mas, para que essa palavra retorne ao vocabulário do brasileiro, é necessário que haja uma reforma econômica e política profundas, o que parece bem difícil diante da falta de apoio político para as iniciativas do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que aparece de mãos atadas. A visão é de que as medidas propostas por Levy, como o retorno da CPMF, são insuficientes para tirar o Brasil da crise, mesmo que conseguissem algum apoio.

No seu discurso, Fraga afirmou que “quanto menor a credibilidade do governo, maior terá que ser o reajuste”. Esta tese demonstra que fica claro que a grande questão é buscar a retomada da confiança do brasileiro através de medidas enérgicas e de mudanças drásticas para o controle das contas do governo, questões que remetem à chamada Crítica Lucas. Elaborada pelo economista, Robert Lucas, afirma que as pessoas mudam seu comportamento quando as regras mudam.

Com base no trabalho de Lucas, de 1972, os economistas estudaram como agentes racionais incorporariam anúncios da política econômica ao formarem suas expectativas, se antecipando assim aos seus efeitos. Este movimento dos agentes acabaria por deixar inalterados os níveis de variáveis reais da economia, como o produto e o emprego, contrariando as intenções do governo. É isso o que ocorre agora na economia brasileira. Ao adotar um discurso tido como apenas discurso, Levy não consegue mudar a expectativa dos investidores. Não há a crença de que o aumento do endividamento público será revertido. Assim, os anúncios de mudanças não trazem consequências para as variáveis reais. Pelo contrário, a política econômica adotada só teria efeito ao surpreender os agentes, e ainda assim por um intervalo de tempo pequeno.

Outra frase dita por Fraga demonstra como Levy está amarrado à questão da credibilidade do governo, o que dificulta sua ação: “os problemas foram criados pela chefe dele”. Esta percepção remete novamente à fragilidade do governo que precisa de articulação política para enfrentar os problemas de frente e realizar as reformas estruturais necessárias e não apenas aprovar novos aumentos de impostos. Durante o debate entre os três economistas, ficou claro que o retorno da CPMF não salva a pátria: a arrecadação do imposto é estimada em R$ 32 bilhões, enquanto o orçamento é de R$ 1,3 trilhão.

Diante deste quadro, a luz no fundo do túnel fica muito mais longínqua. As teorias econômicas modernas demonstram que os governos precisam surpreender os agentes, pois, ao usar uma regra, só errando ou alterando a política de maneira imprevista é que o produto e o emprego poderão ser influenciados. Assim, agentes inteligentes vão tentar antecipar as ações das autoridades econômicas, influenciando e modificando o resultado pretendido. Desta forma, se o governo anuncia para os agentes uma política considerada ótima e o setor privado acredita nela, não será ótimo para o governo manter a política nos próximos períodos. Existe um incentivo para a autoridade trapacear em relação à política ótima anunciada anteriormente.

Tal diferença entre o que é ótimo para o governo antes e depois do anúncio é a conhecida inconsistência temporal. Mas é justamente esta inconsistência temporal que também leva à perda de credibilidade de suas políticas, o que torna a situação atual ainda mais difícil. O governo sabe que pode melhorar seus resultados ao agir de modo inconsistente em relação à política divulgada. Os outros jogadores, porém, percebem o problema e passam a não acreditar mais nos anúncios. Isso significa que eles não vão corrigir suas expectativas baseados em políticas que não possuem credibilidade.

Na prática, o jogo atual leva o governo a perseguir objetivos de prazo maior a fim de construir uma boa reputação, mas a questão que se impõe é a necessidade de credibilidade já. Não adianta vender mais lenços para lamentarmos a recessão atual e futura. É preciso vender reformas críveis e profundas.

Comentários

  1. Artur Arantes da Costa diz:

    Nada muda com reformas, benesses, planos ou magica. O mercado foi,e e sera sempre o mesmo, subiu muito cai, caiu muito sobe o resto e balela e especulação dos malandros. E nesse mercado não tem otario nem pobre.

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