As principais instituições financeiras pioraram suas projeções para todos os indicadores inflacionários utilizados no país. A última edição do Boletim Focus demonstra que o mercado financeiro brasileiro está bastante pessimista quanto ao fechamento dos índices inflacionários IPCA, IGP-DI, IGP-M e IPC-FIPE, tanto em 2016 quanto em 2017. A piora nas estimativas ocorre após o Banco Central (BC) do Brasil ter optado por manter a meta da Taxa Selic anual inalterada em 14,25%. Todo o mercado financeiro brasileiro esperava por uma elevação da taxa básica de juros, já previamente sinalizada pelos principais interlocutores do BC.
De acordo com a opinião dos analistas consultados pelo Banco Central para elaboração da quinta edição de 2016 do Boletim Focus, divulgado nesta quarta-feira (10 de Fevereiro de 2016), a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) crescerá 7,56% em 2016. No relatório divulgado na semana anterior, os maiores especialistas do mercado financeiro brasileiro previam que a inflação oficial do país cresceria 7,26% ao longo deste ano. Essa é a sexta vez consecutiva de piora nas projeções sobre a inflação oficial do Brasil em 2016.
Se a projeção das instituições financeiras estiver correta, a inflação brasileira manter-se-á ainda bem acima da meta central de inflação, de 4,5%, fixada para o ano. Também permanecerá acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro. Até o ano anterior, a inflação do país não oscilava oficialmente acima do teto da meta de inflação por dois anos seguidos desde 2002 e 2003.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central de inflação para 2016 e 2017 é de 4,5%. Porém, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC já admitiu que não conseguirá trazer o IPCA para a meta central de 4,5% neste ano. Segundo a autoridade monetária, isso será possível somente em 2017.
Com relação a 2017, a expectativa dos economistas é de que o IPCA feche o ano em 6,00%. Projeção 0,20% maior que a realizada na última semana, quando os analistas apostavam em crescimento de 5,80% da inflação oficial no próximo ano.
Em 2015, a inflação oficial já confirmada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 10,67%. Essa foi a maior variação anual do IPCA dos últimos 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando apresentou um aumento médio de preços na ordem de 12,53%. Para os analistas consultados pelo BC, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionaram os preços no último ano.
O Boletim Focus é um relatório divulgado semanalmente pelo BC. Esse relatório contem uma série de projeções sobre a economia brasileira coletadas junto a alguns dos principais economistas em atuação no país. Cerca de 100 (cem) analistas de mercado, representando as principais instituições financeiras do Brasil, opinam sobre a perspectiva futura de diversos indicadores de nossa economia. O relatório é confeccionado de segunda-feira a domingo, sendo divulgado sempre às segundas-feiras da semana seguinte à sua confecção.
Clique aqui e confira a íntegra do Boletim Focus divulgado no dia 10 de Fevereiro de 2016.
O BC criou o Boletim Focus para poder acompanhar as impressões do mercado brasileiro sobre a inflação. Além do IPCA, a autoridade monetária também monitora a expectativa do mercado financeiro brasileiro quanto à oscilação de outros indicadores de inflação.
IGP-DI
A expectativa dos economistas é de que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), encerre o ano de 2016 em 7,72% – previsão 0,72% pior que aquela divulgada na semana anterior (7,00%). Foi a quinta piora consecutiva das previsões sobre o indicador.
Para 2017, a previsão dos analistas consultados pelo BC para o IGP-DI é de crescimento de 5,50% – a mesma projeção divulgada na última semana.
De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas divulgados na primeira semana do ano, a inflação medida pelo IGP-DI em 2015 cresceu 10,70%, representando a maior variação deste indicador nos últimos 11 anos, ou seja, desde 2004 – quando o IGP-DI encerrou o ano em 12,13%.
IGP-M
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), também divulgado pela FGV, encerrou 2015 em 10,54%. Essa taxa anual ficou bem acima dos 3,67% aferidos pelo IGP-M no ano anterior. No penúltimo Boletim Focus de 2015, os analistas consultados pelo BC haviam previsto um crescimento anual de 10,72% deste indicador ao longo de 2015.
No primeiro mês de 2016, a inflação medida pelo indicador continuou subindo. Janeiro registrou crescimento de 1,14% na cesta de produtos e serviços medida pelo IGP-M. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 10,95%.
Para o acumulado de 2016, a expectativa dos analistas é de que o IGP-M cresça 7,29%. No relatório anterior, os especialistas consultados pelo BC estimavam um crescimento de 7,18% ao longo deste ano. Essa é a sexta vez consecutiva que os analistas financeiros pioram suas projeções sobre o IGP-M.
Para 2017, as instituições financeiras consultadas pelo BC estimam que o IGP-M crescerá 5,50%. Esse valor é 0,01% maior do que aquele projetado anteriormente (5,49%). Essa é a sétima semana consecutiva de elevação na projeção do IGP-M de 2017.
IPC-Fipe
O Índice de Preços ao Consumidor aferido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) encerrará 2016 em 7,00%, segundo os analistas financeiros consultados pelo BC para elaboração do Boletim Focus. Essa previsão é 0,73% superior àquela divulgada na semana anterior (6,27%).
Com relação a 2017, o Boletim Focus aponta para um crescimento de 5,30% do IPC-Fipe – taxa 0,12% que a projetada na semana passada.
Preços Administrados
Com relação aos preços administrados pelo Governo Federal, ou seja, aqueles relacionados a insumos e serviços essenciais, os analistas consultados pelo BC estimam uma taxa de crescimento de 7,70% para 2016 – a mesma taxa de crescimento projetada no último relatório (7,70%).
Para 2017, o Boletim Focus prevê uma alta de 5,50% nos preços administrados: a mesma taxa das últimas nove semanas.