O novo plano estratégico da Vale (BOV:VALE5) irá buscar a diversificação das suas operações – hoje 90% da geração de caixa vêm do minério de ferro – para engatar em um novo momento de crescimento, disse o novo CEO da mineradora, Fabio Schvartsman, durante o encontro anual do Citi realizado nesta semana.
A nova estratégia, disse o executivo, será baseada em quatro áreas principais: desempenho, estratégia, governança corporativa e sustentabilidade.
Entre as mudanças imediatas propostas por Schvartsman está a venda das operações na Nova Caledônia (Oceania), que consumiu US$ 1,3 bilhão nos últimos três anos.
“A Vale será agressiva em iniciativas de corte de custos, mas focada em sustentabilidade e não fará isso de uma maneira linear. Os ativos de metais básicos canadenses parecem fortes candidatos a novas iniciativas de cortes de custos”, explica o analista Alexander Hacking.
Fusões e aquisições
A Vale hoje é sinônimo de minério de ferro, mas a ideia é mudar essa visão do mercado em um caminho que provavelmente terá novas aquisições.
“Ele (Schvartsman) enfatizou que não comprará ativos por um valuation elevado. A Vale deve primeiro reduzir o desconto de valuation para pares globais através de uma melhor performance, para então usar as ações como fonte de financiamento para potenciais fusões e aquisições”, ressalta Hacking.
Segundo cálculos do Santander, utilizando estimativas do consenso, a Vale é negociada a um múltiplo de valor da firma sobre a geração de caixa (VF/EBITDA) esperado para 2018 de 3,7 vezes, representando um desconto de 38% para os pares.
Governança corporativa
O avanço da Vale para o status de corporação, ou seja, sem um controlador definido e a consequente menor influência estatal, ajudará a companhia a simplificar decisões.
“O processo da Vale para se tornar uma verdadeira corporação reduzirá a influência do governo, melhorará o time de administração e suportará a criação de uma nova cultura e mentalidade que é baseada na meritocracia e no trabalho em equipe”, destaca o analista do Citi.
Samarco
Sobre a Samarco, o CEO da Vale disse que a situação de operar uma joint venture com uma competidora, a BHP, dificulta a operação. Ele entende que a melhor saída é redesenhar a estrutura da mineradora para reiniciar a operação.
A Vale disse hoje que pretende disponibilizar à Samarco linhas de crédito de curto prazo de até US$ 76 milhões para apoiar suas operações no segundo semestre de 2017, sem que isso configure uma obrigação. A BHP pretende tornar disponível para Samarco linhas de crédito de curto prazo em termos e condições similares.