Morgan Stanley revisa cenário para as empresas estatais estaduais
14 Abril 2023 - 3:31PM
ADVFN News
O Morgan Stanley revisou o cenário para as empresas estatais
estaduais e rebaixou a recomendação das mineiras Cemig e Copasa de
overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à
compra) para equalweight (exposição em linha com o mercado,
equivalente à neutra), destacando a alta recente e os possíveis
obstáculos no caminho da privatização.
Já a Sabesp (BOV:SBSP3) é a estatal preferida do banco, uma vez
que os analistas destacam que o valuation atual ignora o lado
positivo da privatização/recuperação em potencial, bem como o menor
risco com um período esperado de estabilidade
regulatória/política.
O preço-alvo de CMIG4 foi de R$ 10,00 para R$ 11,50 e o da SBSP3
foi de R$ 57,00 para R$ 59,00, enquanto CSMG3 teve o preço-alvo
mantido em R$ 19,00.
O tema da privatização não pode ser ignorado, na avaliação da
equipe de análise, uma vez que as empresas de energia e saneamento
estatais, particularmente aquelas expostas à privatização, tiveram
um dos melhores desempenhos de ações ao longo dos últimos doze
meses.
Quatro das cinco empresas com melhor desempenho no setor são
estatais. A Cemig lidera o grupo (+33% ONs e +19% PNs), seguida
pela Copasa (+28%) e Copel (+17%), todas superando
significativamente o índice de Utilities (-9%) e o Ibovespa (- 9%).
As ações da Sabesp ficam atrás do grupo e praticamente estáveis no
período, embora superando os índices.
“Acreditamos que a Sabesp pode ser a próxima estatal a passar
por uma reavaliação significativa das ações”, avalia o banco, que
cita quatro fatores para uma visão construtiva.
Em primeiro lugar, está a opcionalidade de privatização. Os
analistas veem um alto comprometimento do governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas, para realizar a privatização da companhia em
2024, sendo que a International Finance Corporation (IFC),
vinculada ao Banco Mundial, foi contratada para conduzir o processo
de modelagem.
O segundo ponto são as melhorias operacionais, com iniciativas
para melhorar a eficiência, como redução de headcount, o que não é
capturado no cenário-base do banco.
Em terceiro lugar, está a estabilidade regulatória. A revisão
tarifária extraordinária da semana passada foi positiva para a
empresa, apesar da pendência da implementação da nova estrutura
tarifária. A próxima revisão tarifária deve ocorrer em 2025 e as
eleições estaduais em 2026, criando um período de visibilidade
regulatória e política. “Saudamos também a manutenção do papel da
Agência Nacional de Águas (ANA) na definição das diretrizes
regulatórias nacionais, conforme definido pelo recente Decreto
11.467/2023”, apontam os analistas.
Por fim, está o perfil de risco-recompensa atrativo. A SBSP3
atualmente é negociada a um múltiplo de 0,69 vez o EV/RAB (EV =
enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; RAB = base
de ativos regulatórios) esperado para 2023, em linha com sua média
histórica, oferecendo 15% de alta em relação ao preço-alvo atual do
banco e de 91% de alta no cenário de privatização.
Já Cemig (BOV:CMIG3) (BOV:CMIG4) e Copasa (BOV:CSMG3) tiveram a
recomendação cortada após uma significativa alta das ações. O
risco-retorno está menos atrativo, avaliam os analistas,
especialmente considerando as diversas incertezas sobre o processo
de aprovação de privatizações no Estado de Minas Gerais (MG).
Os principais riscos, na visão dos analistas, são os seguintes:
Aprovação pelo legislativo estadual: privatizações em MG requerem
60% de aprovação dos deputados, e o banco acredita que o governador
tem apoio potencial de 43% (base) até 66% (considerando deputados
independentes), sendo que há questionamentos se uma “super maioria”
é possível para temas mais delicados como privatizações; Perfil de
risco-recompensa menos atraente: esses dois nomes tiveram os dois
melhores desempenhos de ações do setor nos últimos doze meses e o
Morgan acredita que o caminho da privatização agora é mais
questionável como um fator de reclassificação, principalmente
porque Minas conta com uma jurisdição mais rígida comparado a São
Paulo e Paraná.
Já no Paraná, o banco segue com recomendação equalweight tanto
para Copel (BOV:CPLE6) quanto para Sanepar (BOV:SAPR11). Embora a
Copel tenha o processo de privatização mais avançado (já aprovado
pela legislatura do estado), o excesso de ações com a potencial
oferta que permitirá a privatização (potencialmente chegando a R$
4,0 bilhões) pode impedir uma reavaliação das ações antes do
negócio.
“Esse risco parece mais relevante para a Copel em comparação com
outros casos, pois o potencial negócio parece mais próximo (ainda
em 2023) e porque os preços da energia, que estão em um momento de
baixa, se tornarão um catalisador de valor ainda mais relevante
após a privatização e renovação da geração de concessões”,
avalia.
Em relação à Sanepar, apesar do valuation barato, os analistas
veem desvantagens relativas em relação à sua cobertura de estatais,
como menor liquidez das ações, maiores riscos regulatórios e
nenhuma opção de privatização.
O banco elevou o preço-alvo para Copel de R$ 8,50 para R$ 9,00;
já a unit da Sanepar seguiu com preço-alvo de R$ 25,00.
Informações Infomoney
CEMIG ON (BOV:CMIG3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
CEMIG ON (BOV:CMIG3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024