As ações da Oi, em recuperação judicial, registraram uma forte disparada durante o mês de fevereiro e voltaram a superar o patamar de R$ 1, não registrado desde agosto de 2023. O movimento chamou a atenção por poder indicar elementos de recuperação em meio ao segundo pedido de RJ da companhia, mas as últimas sessões também mostraram porque é preciso ter cautela ao investir em empresas em grandes dificuldades.

Entre as sessões de 1 a 21 de fevereiro, as ações da Oi dispararam 129% na Bolsa brasileira. Contudo, vale destacar que elas foram de R$ 0,62 para R$ 1,42, um avanço de R$ 0,80 – as ações OIBR3 têm baixo valor de face, fazendo com que variações de centavos virem grandes variações percentuais.

As ações também precisariam subir muito mais para mostrarem uma recuperação consistente, conforme destaca a Nord Research.

“A alta recente não é nada perto da queda de 38,9% acumulada desde o pedido para a sua segunda recuperação judicial, em 1º de fevereiro de 2023. Mesmo disparando mais de 120%, as ações da companhia ainda precisam subir mais 63,7% para apagar as perdas”, avalia Fabiano Vaz, analista da casa de análise.

Vaz aponta que a situação fica pior para as ações da Oi (BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4) quando se aumenta a janela de tempo. Nos últimos dois anos, os papéis da companhia acumulam uma queda significativa de 85,1%, sendo necessária uma alta de 569,4% para recuperar as perdas.

Mas o que levou a essa forte valorização do papel em fevereiro, ainda que longe de se recuperar das perdas? No início de fevereiro, quando as ações passaram a ter forte variação percentual, a B3 pediu explicações para a companhia, que disse não ter fato relevante que justificasse o movimento. Porém, como hipótese, apontou a nova versão do Plano de Recuperação Judicial apresentada em 6 de fevereiro, além de informações discutidas com credores também contidas neste mesmo fato relevante.

Em meados do mês, a 7ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro publicou ainda edital de convocação para assembleia geral de credores (AGC) da Oi em 5 de março, às 11h, para deliberar sobre o plano de recuperação judicial da empresa.

Na última semana, a companhia ainda comunicou que um fundo gerido pela Trustee DTVM passou a deter 5,14% das ações da operadora de telecomunicações e sinalizou a intenção de contribuir para melhoria na estrutura administrativa da companhia, que está em seu segundo processo de recuperação judicial.

“Trata-se de um investimento, que tem a intenção de contribuir junto a empresa, autoridades, reguladores, poder judiciário do Rio de Janeiro, credores e a estrutura administrativa da empresa, em uma ampla solução para o soerguimento” da Oi, afirmou a Trustee em carta à operadora.

De acordo com diversos veículos de imprensa, o empresário Nelson Tanure está por trás desse movimento. O Broadcast aponta, citando fontes, que objetivo do investimento é atingir fatia participação acionária relevante na companhia, apontar membros para o conselho de administração e negociar com credores o plano de recuperação judicial. Trata-se de uma jogada arriscada, uma vez que a tele tem assembleia de credores marcada para o próximo dia 5 em primeira convocação, e 12, em segunda. A estratégia pode envolver derrubar essa assembleia e buscar uma nova data mais espaçada.

Enquanto essas especulações movimentam o mercado, as ações da Oi seguem voláteis na Bolsa. Se até o dia 21 os papéis acumulavam ganhos de 129% no mês, a alta em fevereiro foi para “apenas” 68% até a sessão de segunda (26), em meio à forte queda dos ativos nos últimos dias. De quarta passada até essa segunda os papéis tiveram baixa de 27%, ainda que preservando o patamar acima de R$ 1 (na véspera fechou a R$ 1,04), evidenciando a forte volatilidade dos ativos.

Vaz, da Nord, não vê as ações OIBR3 como uma boa escolha de investimento, de olho no cenário para a companhia em 2024.

“Em seu segundo processo de recuperação judicial, as perspectivas para a telecom não são positivas. O ponto crucial da Oi é a sua grande dificuldade em conciliar a manutenção das suas operações, investimentos na expansão da fibra e o pagamento dos juros e das dívidas. Queimando caixa, a perspectiva é de que a Oi venda o restante da sua participação de 35% na V.tal, empresa de estrutura de fibra que além de ser rentável e lucrativa proporciona algumas vantagens competitivas para o core business (fibra óptica)” , aponta. Assim, o analista recomenda não montar posição em Oi.

Vaz ressalta que a diferença da primeira RJ para a segunda RJ é que, agora, a Oi precisa vender ativos que fazem parte do “novo” core (fibra) — uma fatia da operação relevante para a Nova Oi. “Com isso, mesmo dando tudo certo na segunda recuperação judicial da Oi, não temos visibilidade em relação aos resultados da nova empresa”, avalia.

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