O que está por trás da decisão da Vale de prorrogar o contrato do CEO?
11 Março 2024 - 10:36AM
ADVFN News
O noticiário do fim da última semana e início desta é
movimentado para a Vale.
Na noite de sexta-feira (8), a Vale (BOV:VALE3) anunciou a
decisão de prorrogar o contrato de CEO de Eduardo Bartolomeo por
mais um ano. Ele permanecerá no cargo até 31 de dezembro de 2024 e
apoiará a transição para uma nova liderança no início 2025. Depois
disso, deixará o cargo, mas permanecerá na Vale atuando como
consultor até 31 de dezembro de 2025.
O desfecho ocorreu como uma solução para um impasse, após o
conselho ter ficado dividido em uma reunião extraordinária
anterior, onde seis conselheiros votaram a favor da recondução de
Bartolomeo, seis votaram a favor da abertura de um processo de
sucessão e um se absteve.
A Vale trabalhará com um processo de recrutamento com empresa
externa para propor o nome de um novo CEO, considerando as
habilidades e perfil para a função.
A decisão ocorre após o governo ter feito críticas sobre os
rumos da mineradora e ter dado sinais de que buscaria influenciar
na escolha de um novo executivo. O conselho da Vale, porém, tem
competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da
companhia.
Decisão da Vale de trocar CEO no fim do ano é vitória
parcial para o governo
Para o JPMorgan, a notícia é marginalmente positiva para a Vale.
“Depois de um período de muito barulho na imprensa ao redor das
mudanças na liderança da mineradora, a Vale apresentou um processo
sólido e de governança para resolver o problema. A extensão do
mandato do CEO traz ganho de tempo para o processo de
substituição”, avalia o banco.
O JPMorgan lembra ainda que Bartolomeo não só permanecerá pelo
resto do ano, mas também trabalhará como consultor por mais um ano,
o que ajuda a garantir uma transição tranquila para a nova
liderança da empresa. O banco tem recomendação overweight
(exposição acima da média, equivalente à compra) para os ativos
VALE3, com preço-alvo de R$ 105, o que corresponde a um potencial
de alta de 59% em relação ao fechamento da véspera.
Também na visão do BBA, a leitura é positiva para a Vale. Embora
os investidores possam considerá-lo “neutra” do ponto de vista
operacional/estratégico (manutenção do status quo), a decisão do
conselho elimina a pendência relacionada com uma potencial mudança
na posição do CEO, que tem sido sujeita a interferências externas
nos últimos meses.
“Além disso, acreditamos que a transição para o novo CEO em 2025
poderá agora prosseguir de forma mais tranquila e organizada, uma
vez que a empresa internacional responsável por assessorar a Vale
terá o tempo necessário para avaliar minuciosamente as competências
dos potenciais candidatos”, aponta o banco, que tem recomendação
outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para
VALE3, com preço-alvo de R$ 88 (upside de 33%).
A Genial Investimentos, por sua vez, tem uma visão mais negativa
sobre a decisão. Ainda que a casa de análise não acredite que as
ações possam cair muito mais do que já caíram, a renovação por um
prazo tão curto implica em dizer que a discussão em torno do nome
definitivo para assumir de 2025 em diante ainda continuará nos
próximos meses, aponta.
“Segundo a Vale, Bartolomeo acompanhará o processo de sucessão,
e servirá de consultor em um período de transição em 2025. O
processo deverá ser conduzido por uma companhia de head hunter de
renome, indicando uma lista tríplice para o board. Portanto, a
decisão tomada de estender o mandato do Bartolomeo até dezembro não
remove incertezas, e na nossa visão, continua a abrir caminho para
que o governo pressione por algum nome alinhado aos seus
interesses”, avaliam os analistas.
Em meio ao processo turbulento de transição, o valor de mercado
da Vale caiu de R$ 332,1 bilhões no fim do ano passado para R$
283,8 bilhões na sexta. Os cálculos são de Einar Rivero,
sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.
Os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações
negociadas na Bolsa de Nova York) caíam cerca de 2,5% no pré-market
dos EUA um pouco antes da abertura da B3 por conta de um outro
fator que tem abalado as ações no ano: a queda do minério.
Nesta segunda, os preços futuros da commodity estenderam a queda
pela segunda sessão consecutiva, atingindo o menor valor em mais de
quatro meses, arrastados pelos fundamentos persistentemente fracos
do principal ingrediente de fabricação de aço na China, o maior
mercado consumidor do minério.
O contrato de maio de minério de ferro mais negociado na Bolsa
de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do
dia com recuo de 5,41%, a 831 iuanes (US$ 115,68) a tonelada, o
menor valor desde 23 de outubro de 2023. O minério de ferro de
referência para abril na Bolsa de Cingapura caiu 6,71%, para US$
107,45 a tonelada, o menor valor desde 22 de agosto.
Um excesso temporário de oferta, como resultado de embarques
melhores do que o esperado até o momento no primeiro trimestre do
ano e uma recuperação da demanda mais fraca do que o esperado,
exerceu intensa pressão de baixa sobre os preços, disseram os
analistas.
Informações Infomoney
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024