A Itaúsa, holding que controla o banco Itaú, registrou aumento de 3% no lucro líquido recorrente no quarto trimestre de 2023 em relação a igual período de 2022, saindo de R$ 3,360 bilhões para R$ 3,460 bilhões.

Segundo comunicado, o resultado se deve principalmente ao melhor resultado recorrente do Itaú Unibanco, do efeito positivo da avaliação do valor justo da NTS e melhor resultado financeiro da holding, parcialmente compensado pelo menor resultado advindo de vendas de ações da XP Inc. no período.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recorrente foi de 17% no trimestre, baixa de 1,7 p.p. na base anual.

As despesas administrativas totalizaram R$ 51 milhões no 4T23, incremento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior, principalmente por maiores despesas relacionadas à consultoria com foco em gestão de portfólio, a garantias de contencioso e ao reforço nas estruturas de Gestão de Portfólio e Investimentos

O resultado financeiro atingiu -R$ 106 milhões no 4T23, melhora de R$ 96 milhões frente ao 4T22 devido principalmente à redução das despesas com juros em função das liquidações antecipadas realizadas no final de 2022 (R$ 1,8 bilhão) e no segundo semestre de 2023 (R$ 2,5 bilhões), além da queda observada na taxa de juros em 2023.

Investidas

O Itaú Unibanco apresentou resultados sólidos e consistentes, os quais foram positivamente impactados pelo crescimento da carteira de crédito, que resultou em melhor margem com clientes, e pelo crescimento da receita de prestação de serviços e seguros, em função do maior faturamento de cartões e venda de seguros.

Já os resultados da Alpargatas foram impactados pela redução de volumes e margens, no Brasil e mercado internacional, bem como por impairments e write-offs de matérias-primas e produtos acabados.

O Grupo CCR novamente apresentou crescimento das operações nos seus três segmentos de atuação, explicado pela retomada das atividades pós-pandemia, somados à disciplina no controle de custos, em linha com seu plano de aceleração de valor e foco em eficiência, além de correções tarifárias.

Os resultados do investimento na NTS, registrados pela Itaúsa como “ativo financeiro”, por sua vez, foram positivamente impactados pelos proventos recebidos que foram parcialmente compensados pela redução do valor justo do ativo em 2023.

Os resultados da Itaúsa (BOV:ITSA3) (BOV:ITSA4) referente suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 18/03/2024.

Teleconferência

A holding Itaúsa destacou, em teleconferência de balanços do quarto trimestre de 2023 (4T23), quais foram os maiores destaques – negativos ou positivos – em seu portfólio e que levaram aos seus resultados. A Itaúsa tem participações no Itaú, Alpargatas, CCR, Dexco, Aegea, Copa Energia e NTS.

Segundo apontou Alfredo Setubal, CEO da empresa, “a Alpargatas vem sendo o patinho feio do nosso portfólio”. Os fracos resultados enfrentados pela Alpargatas, controlada pela Itausa, levaram à troca de comando na companhia e a expectativa é de melhora de resultados. A dona da Havaianas registrou no quarto trimestre um prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão, forte ampliação ante os R$ 20,8 milhões de igual período de 2022.

O executivo lembra que a Alpargatas tinha um plano de crescimento calcado em Havaianas e seus subprodutos que incluía a expansão internacional. No entanto, isso rendeu à empresa uma maior complexidade de operação, dificultando as entregas e afetando de forma negativa as vendas.

“Não tivemos uma execução da maneira que esperamos. Criamos um portfólio muito mais complexo e gerou problemas de vendas, que gerou um problema em logística e atrapalhou os resultados. Essa má execução levou a resultados muito ruins. Tivemos aumento de estoque e vendas canceladas no exterior”, explicou.

Esse plano foi definido pelo antigo CEO, Roberto Funari, que ficou na companhia entre 2019 e abril de 2023. Ele foi substituído de forma interina por Fernando Edmond, o ex-CEO da Ambev e membro do conselho da Alpargatas. Ele ficou até fevereiro, quando assumiu Liel Miranda.

“Estamos em uma boa direção de recuperação das rédeas e otimistas que vamos reduzir bastante o capital de giro, a dívida e ter crescimento de vendas e recuperação do market share. Estamos com uma expectativa positiva para Alpargatas”, contou Setubal.

Ele acresceu ainda que o resultado da empresa de calçados foi afetado pelo ajuste contábil (impairment) feito no valor da americana Rothy’s, na qual a Alpargatas detém 49%. Esse impacto foi de R$ 1,5 bilhão e a justificativa é que desde a aquisição, em 2021, a empresa perdeu valor. “Fizemos as compras no momento em que os valuation estavam muito elevados. Mas os juros nos Estados Unidos subiram e os valuations, caíram”, explicou.

Setubal, no entanto, que está otimista com a contribuição que a empresa americana deve começar a apresentar, dado que está se expandindo, mesmo que em ritmo abaixo do esperado no momento da aquisição.

Itaú longe do confortável

Para Setubal, o Itaú está bem posicionado em relação aos bancos tradicionais, uma vez que fez uma boa gestão do crédito e investimentos em tecnologia, mas que ainda há muito a ser feito para lidar com a concorrência estabelecida pelos bancos digitais. “O Itaú tem a intenção e a estratégia de se manter como o maior banco do país, então tem que reduzir custo, aumentar a receita e ser mais eficiente tanto em relação aos tradicionais como em relação às fintechs. A guerra não está ganha. Estamos em uma boa posição, mas longe de estar em uma posição confortável”, avaliou, afirmando que o banco deve manter a rentabilidade em torno de 20%.

O CEO da Itaúsa afirmou ainda que o banco não deve se desfazer tão logo da fatia de 7,5% que possui na XP. “O banco vai reduzir sem pressa, com preço adequado de venda. O banco não tem a mesma pressa que a Itausa tinha em reduzir dívida e despesa financeira. Vai ser uma venda cautelosa e de longo prazo, até porque a XP cresce, mostrou crescimento dos ativos. Não tem uma urgência de redução dessa participação”, explicou.

A Itaúsa fechou o ano passado com uma dívida líquida de R$ 652 milhões, queda de 83% em relação a dezembro de 2022. Esse recuo contou com a ajuda da venda de R$ 3,8 bilhões em ações que a holding detinha da XP.

Risco Brasil

O executivo apontou o déficit fiscal do país como o grande risco do Brasil. Setubal apontou o “esforço grande” que está sendo feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de esse déficit ser o menor possível, mas acrescentou que há dificuldades políticas e econômicas para a execução do objetivo de déficit zero.

Questionado sobre ruídos relacionados à eventual ingerência política em empresas como Petrobras e Vale, o executivo comentou que interferências ou tentativas de influência em estatais ou empresas como a mineradora “não ajudam em nada na tomada de decisão” sobre investimentos. “É um fator inibidor da atração de investimentos estrangeiros para o Brasil”, acrescentou.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters
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