O Itaú reportou lucro recorrente gerencial de R$ 9,771 bilhões referente ao primeiro trimestre de 2024. A cifra é 15,8% maior que a registrada um ano antes. O resultado ficou praticamente em linha com o esperado. O consenso LSEG previa lucro líquido de R$ 9,734 bilhões no período.

De acordo com o banco, o desempenho foi influenciado pelo aumento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo efeito positivo do crescimento da carteira de crédito e pela maior margem com passivos, e aumento das receitas de serviços e seguros.

A margem financeira gerencial somou R$ 26,880 bilhões no 1T24, aumento de 8,9% na base anual.

O retorno sobre patrimônio (ROE) do banco ficou em 21,9%, alta de 0,7 p.p. em relação ao quarto trimestre (21,2%) e de 1,2 p.p. na compração com um ano antes.

Já as receitas de serviços e seguros cresceram 5,8% no primeiro trimestre de 2024 em
comparação com o mesmo período de 2023.

As despesas não decorrentes de juros alcançaram R$ 14,4 bilhões no primeiro trimestre de 2024, com aumento de 4,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a inflação acumulada foi de 3,9% (IPCA).

A Inadimplência em 90 dias, por sua vez, recuou 2 pp sobre 1T23, para 2,7% no 1T24.

O custo do crédito totalizou R$ 8,8 bilhões no primeiro trimestre de 2024, queda de 3,2% quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado.

A carteira de crédito total cresceu 2,8% ante o primeiro trimestre de 2023, atingindo R$ 1,184,8 trilhões em março de 2024.

Os ativos totais somaram R$ 2,788 trilhões no final do primeiro trimestre de 2024, contra R$ 2,547 trilhões de um ano antes.

Os resultados da Itaú Unibanco (BOV:ITUB3) (BOV:ITUB4) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 06/05/2024.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

Entre os analistas que fizeram ressalvas sobre o balanço, estiveram os do Bradesco BBI, apontando que, apesar dos resultados sólidos, o 1T24 traz preocupações sobre a evolução da margem financeira.

“Reconhecemos o forte rendimento líquido do banco, como esperávamos, com a qualidade dos ativos sob controle. No entanto, destacamos que os ganhos com tesouraria ajudaram na expansão do NII, enquanto o crescimento dos empréstimos está em 2,8% na base anual (+5,6% ex-variação cambial), abaixo do guidance da administração para 2024 de 6,5-9,5%, levando a uma rápida desaceleração no NII com clientes , em +7,4% na base anual (de +20,0% ano a ano no 1T23). Como resultado, e conforme antecipado em nossa prévia, o lento crescimento dos empréstimos está começando a se tornar uma preocupação, especialmente porque pode limitar a expansão das receitas nos próximos trimestres”, avalia o BBI.

Eleven

Carlos Daltozo, head de análise da Eleven Financial, avalia que a palavra que define o resultado do Itaú é consistência, com a companhia apresentando um retorno sob patrimônio líquido acima de 20% já há algumas décadas e esse bom resultado se manteve no primeiro tri de 2024.

Genial Investimentos

Para a Genial Investimentos, o trimestre reforça a consistência dos resultados que o banco vem apresentando ao longo deste ciclo de crédito, resultado de melhorias nos processos, tecnologia, modelos de crédito e gestão de pessoas e cultura. As receitas totais continuaram em ascensão, enquanto as despesas administrativas foram mantidas sob controle e o custo de crédito diminuiu neste trimestre, resultando em uma expansão da rentabilidade. A casa de análise também aponta que a carteira de crédito, conforme a visão do BC, permaneceu mais contida. Por outro lado, na visão ampliada, que inclui títulos privados encarteirados (excluindo variações cambiais), o crescimento da carteira subiu 5,6% anualmente e 1,0% no trimestre, alcançando R$ 1,18 trilhão.

A Genial também tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 40,60, também sendo a sua preferência no setor financeiro. “Na nossa avaliação, as ações do Itaú ainda estão sendo negociadas com um valuation atrativo, apresentando um P/L [preço sobre lucro] de 7,8 vezes para 2024 e um P/VP [preço sobre valor patrimonial] de 1,6 vez em 2024, além de um dividend yield (dividendo sobre valor da ação) interessante de 7,8% para 2024, dado que o banco deve aumentar o payout (dividendo sobre o lucro) esse ano para distribuir o excesso de capital que vem acumulado. Somente neste trimestre, o Itaú adicionou 20 pontos-base em capital principal organicamente”, avalia a casa de análise.

Goldman Sachs

Para o Goldman Sachs, apesar de um trimestre sazonalmente mais fraco em termos de margem financeira e taxas, o Itaú relatou um bom controle de despesas e um custo de risco saudável. Embora o ajuste do Itaú no apetite ao risco provavelmente limite o crescimento (3% de alta no comparativo anual), o banco acredita que isso provou criar valor em uma base ajustada ao risco.

“Os ROE [retorno sobre o patrimônio] também permaneceram saudáveis em todos os segmentos, com o varejo em 23,0% e o corporativo em 28,0%. Acreditamos que os resultados serão bem recebidos e reforçarão as perspectivas de crescimento de lucros e distribuição de dividendos”, avalia o banco, que ressalta que o sólido controle de custos leva ao melhor índice de eficiência já registrado.

XP

“Como uma combinação de um sólido aumento nas receitas e custo de crédito e despesas crescendo moderadamente, o lucro líquido recorrente atingiu outro recorde e fechou o trimestre em cerca de R$ 9,8 bilhões (alta trimestre de 4% e anual de 16% e em linha com a estimativa da XP). Este resultado recorde implica em um Retorno Sobre o Patrimônio Líquido Anualizado (ROAE) de 21,9%, 120 pontos-base (bps), e 70 bps maior anual e trimestralmente, respectivamente”, aponta a XP.

Os analistas da casa apontam que os números gerais seguiram uma tendência positiva, principalmente em linha com o guidance, apesar da pior sazonalidade no 1T. A exceção entre os pontos positivos ficou pelo crescimento do portfólio de crédito, que foi de tímidos 2,8% em relação ao ano anterior, portanto abaixo do intervalo inferior do guidance (6,5%) e marcando outro trimestre de desaceleração, avalia a XP.

A qualidade dos ativos manteve-se forte, com o índice de inadimplência (NPL) acima de 90 dias em 2,7% (-10 bps ante o 4T23), atingindo o nível mais baixo dos últimos seis trimestres. A Margem Financeira (NII) manteve seu ritmo de crescimento, atingindo R$ 26,9 bilhões no 1T24 (aumento de 9% na base anual).

“O banco continua a compensar o menor crescimento da carteira com melhores spreads. Na frente de despesas não relacionadas a juros, o banco mantém uma trajetória positiva, alcançando seu melhor índice de eficiência de 38,3%”, avalia a XP.

Os analistas em sua maioria seguem bastante positivos com o Itaú, incluindo o BBI, que tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 45 para os ativos ITUB4. A XP reiterou ITUB4 como a top pick do setor, com target de R$ 42.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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