Inflação: Igp-M Mostra Que Economia De Base Continua Aquecida

SÃO PAULO, 27 de junho de 2008 - A aceleração de 1,98% em junho do Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) comprova que a economia de base continua bastante aquecida, ainda mais se analisando o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) que mostra uma inflação por conta da forte demanda que atingiu o setor por conta da expansão de crédito. A avaliação é do gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora, Rodrigo Nassar.
"A economia de base, formada pelas classes C e D, levou um tempo para se aquecer e o processo de esfriamento é igualmente lento. Vai depender da política de juros que é a única ferramenta para controlar o consumo e reduzir a inflação neste momento. No entanto, apesar do comportamento gradual de desaceleração ser esperado pelo mercado, o IGP-M ultrapassou a média das expectativas dos analistas", disse.
O IGP-M em junho superou em 0,37 ponto percentual a leitura de maio, informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa é a maior desde fevereiro de 2003, quando avançou 2,28%. No ano, o indicador acumula alta de 6,82%; e de 13,44% no acumulado em 12 meses.
Outro componete de destaque no IGP-M, o Índices de Preços por Atacado (IPA) deve continuar subindo puxado por commodities agrícolas, o que afeta diretamente a inflação dos alimentos, de acordo com um operador. "A tendência é que os preços de alimentos no atacado avance ainda mais, pois há uma expectativa de quebra da safra de milho nos Estados Unidos por conta das chuvas que atingiram os maiores produtores daquele país. Lá o milho é usado para a produção do etanol, o que deve gerar uma demanda maior pelo combustível brasileiro e aumento da exportação do nosso grão", disse.
Rodrigo Nassar acredita que esse cenário deve contribuir para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manter o aperto na política monetária. "A única saída para o BC, agora, é continuar elevando a taxa de juros, para conter a pressão de demanda", disse. Atualmente, a taxa de juro básico (Selic) está em 12,25% ao ano. A próxima reunião do Copom está marcada para 22 e 23 de julho.
O IGP-M é usado na correção de tarifas de energia, em contratos de prestação de serviços e em boa parte dos aluguéis.
(Vanessa Stecanella - InvestNews)