Os preços dos contratos futuros do petróleo fecharam em alta de quase 4% nesta segunda-feira, com o Brent ultrapassando os US$ 80 por barril pela primeira vez desde agosto. O aumento do risco de uma guerra generalizada no Oriente Médio – com a ameaça de ataques israelenses sobre a indústria petrolífera iraniana – inverteu a tendência registrada anteriormente, quando a commodity estava em queda.
Na semana passada, o Brent subiu mais de 8%, e o WTI avançou mais de 9% na comparação semanal, o maior ganho em mais de um ano, após o bombardeio de mísseis do Irã contra Israel em 1 de outubro levantar preocupações de que a resposta de Israel visaria a infraestrutura petrolífera de Teerã.
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Se isso acontecer, os preços do petróleo podem subir mais US$ 3 a US$ 5 barril, disse Andrew Lipow, presidente da Lipow Oil Associates.
“Tal movimento irritaria seus parceiros internacionais, enquanto uma interrupção na receita petrolífera do Irã provavelmente deixaria o país sem muito a perder, potencialmente provocando uma resposta ainda mais feroz”, disse Daniel Hynes, estrategista de commodities da ANZ.
“Se você visse uma queda sustentada de 1 milhão de barris de petróleo por dia (bpd) na produção iraniana, o impacto nos preços do petróleo no próximo ano seria de cerca de US$ 20 por barril”, disse Daan Struyven, da pesquisa de commodities do Goldman Sachs.
Na manhã de hoje, foguetes disparados pelo Hezbollah, apoiado pelo Irã, atingiram Haifa, a terceira maior cidade de Israel. Um míssil do Iêmen foi interceptado em direção ao centro de Israel, informou o exército israelense.
Enquanto isso, Israel parece prestes a expandir incursões terrestres no sul do Libano no primeiro aniversário da guerra de Gaza, que tem espalhado o conflito por todo o Oriente Médio.
“Há uma crescente preocupação de que o conflito possa continuar a escalar – não apenas colocando em risco a produção de 3,4 milhões de barris por dia do Irã, mas também criando mais interrupções no fornecimento regional”, escreveram analistas da Tudor, Pickering, Holt & Co nesta segunda-feira.
Os ganhos de hoje provavelmente foram impulsionados por gestores de fundos fechando apostas pessimistas diante do crescente risco de interrupção no fornecimento de petróleo do Oriente Médio, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS.
Fundos de hedge e gestores de fundos haviam acumulado apostas recordes de baixa nos futuros de petróleo até meados de setembro, devido à redução da perspectiva de demanda, principalmente na China, o maior importador de petróleo bruto.
“Até uma semana atrás, eu achava que estaríamos testando a faixa de US$ 60 no petróleo”, disse Brent Belote, fundador do hedge fund focado em commodities, Cayler Capital.
O lado da demanda ainda está fraco, e há capacidade de oferta suficiente dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para compensar potenciais perdas nos fluxos iranianos, acrescentou Belote.
Alguns analistas de mercado também disseram que o atual rali pode estar exagerado. ‘Vemos um ataque direto às instalações petrolíferas do Irã como a resposta menos provável entre as opções de Israel”, disseram analistas do ANZ Research.
A Opep e seus Aliados (Opep+), devem começar a aumentar a produção a partir de dezembro, após cortes nos últimos anos para sustentar os preços devido à fraca demanda global.
No entanto, os preços do Brent provavelmente terão que estar mais próximos de US$ 90 ou acima para que a Opep+ aumente o fornecimento”, disse Lipow. Se Israel não atacar as instalações de petróleo do Irã, os preços do petróleo provavelmente recuarão entre US$ 5 e US$ 7 por barril”, acrescentou.
O preço do contrato do petróleo WTI negociado na Nymex com entrega para novembro subiu 3,87%, cotado a US$ 77, 14 0 barril. Já o preço do contrato do Brent negociado na plataforma ICE, com entrega para dezembro subiu 3,86%, cotado a US$ 80,93, 0 barril.