O Grupo Carrefour da França divulgou um comunicado oficial em resposta às críticas geradas por declarações de Alexandre Bompard, CEO da empresa na França, sobre o compromisso de não comercializar carne do Mercosul no mercado francês. A nota busca apaziguar as tensões e destaca o compromisso da rede varejista com os agricultores tanto na França quanto no Brasil.
No comunicado, o grupo afirma que a decisão de priorizar carnes francesas visa assegurar apoio aos produtores locais, enfrentando dificuldades econômicas, mas que isso não representa uma oposição à agricultura brasileira. “Carrefour é o maior parceiro da agricultura francesa. […] Essa decisão legitima o apoio aos agricultores franceses, mergulhados em uma grave crise, garantindo a continuidade das nossas compras locais”, diz a nota.
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O Carrefour reforça que mantém seu compromisso de longo prazo com os produtores brasileiros, destacando que a maior parte da carne vendida no Brasil é de origem local. “Há 50 anos, nossa relação com o setor agrícola brasileiro é inspirada por valores de parceria e profissionalismo”, afirma o texto.
A polêmica
As declarações de Bompard, publicadas em redes sociais, sinalizaram uma ação de solidariedade aos agricultores franceses contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo o CEO, a iniciativa buscava “inspirar” outras empresas do setor a adotar medidas semelhantes, criando um movimento em prol das carnes de origem francesa.
A resposta gerou repercussão no Brasil, com manifestações contrárias do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e de entidades do agronegócio. Alguns frigoríficos brasileiros anunciaram a interrupção do fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil, em represália ao que classificaram como uma atitude protecionista e desrespeitosa à carne brasileira.
Carrefour afirma que não questiona qualidade da carne do Brasil
Na tentativa de amenizar o impacto, o Carrefour (BOV:CRFB3) afirma que o anúncio não questiona a qualidade ou os padrões sanitários da carne brasileira, que considera de alta qualidade e sabor. “Somos o maior parceiro e promotor histórico da agricultura brasileira. […] Continuaremos a valorizar as cadeias agrícolas brasileiras como temos feito há quase 50 anos”, diz o comunicado.
O impasse ocorre em um momento delicado, às vésperas da possível assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, previsto para dezembro, e acende debates sobre protecionismo e práticas de mercado.
- Leia a íntegra do texto publicado pelo Carrefour da França
Comunicado do Grupo Carrefour
Nossa declaração de apoio ao setor agrícola francês, feita na última quarta-feira a respeito do acordo de livre-comércio com o Mercosul, gerou no Brasil discordâncias que é nossa responsabilidade esclarecer.
Nunca colocamos a agricultura francesa em oposição à agricultura brasileira. Nossos dois países, pelos quais temos grande apreço, compartilham o amor pela terra, pela sua cultura e pela boa alimentação.
Na França, o Carrefour é o principal parceiro da agricultura francesa. Compramos quase exclusivamente carne de origem francesa e continuaremos a fazê-lo. A decisão do Carrefour França não tem como objetivo mudar as regras de um mercado francês que já é amplamente estruturado em torno de suas cadeias locais de abastecimento. Essa decisão visa, legitimamente, assegurar aos agricultores franceses, que enfrentam uma grave crise, a continuidade de nosso apoio e de nossas compras locais.
Do outro lado do Atlântico, compramos quase a totalidade da carne brasileira no Brasil e continuaremos a fazê-lo. São os mesmos valores de parceria e compromisso que inspiram, há 50 anos, nossa relação com o setor agrícola brasileiro, cujo profissionalismo e apego à terra e à pecuária reconhecemos e valorizamos diariamente.
Lamentamos que nossa comunicação tenha sido percebida como uma ruptura em nossa parceria com a agricultura brasileira ou uma crítica a ela.
Estamos orgulhosos de ser o principal parceiro e promotor histórico da agricultura brasileira. Melhor do que ninguém, conhecemos as normas seguidas pela carne brasileira, sua alta qualidade e seu sabor. Continuaremos a valorizar as cadeias produtivas agrícolas do Brasil, como temos feito ao longo de quase 50 anos. Com nosso desenvolvimento, contribuímos para o avanço dos produtores agrícolas brasileiros, em uma lógica que sempre foi pautada pelo diálogo construtivo.
O grupo Carrefour está comprometido em atuar, tanto na França quanto no Brasil, em prol de uma agricultura responsável e próspera, seguindo sua missão de promover a transição alimentar para todos.
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VISÃO DO MERCADO
Com um avanço para uma resolução do imbróglio que se desenhou nos últimos dias, as ações do Carrefour Brasil registravam ganhos. O Carrefour pediu publicamente desculpas ao Brasil por ter afirmado que a empresa não venderia carne sul-americana para a França e as ações do varejista na B3 registravam forte valorização. Às 13h (horário de Brasília), o papel da companhia subia 5,96%, a R$ 7,11.
O grupo supermercadista disse lamentar que sua promessa anterior de manter carne sul-americana fora de suas prateleiras na França tenha sido percebida como tendo “colocado em dúvida sua parceria com a agricultura brasileira”.
No documento, assinado pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, o executivo pede desculpas pela “confusão” gerada e reforça o compromisso do grupo com a agricultura brasileira.
Na visão do JPMorgan, após o “pedido de desculpas”, a interrupção do fornecimento pode acabar nos próximos dias, considerando que autoridades/fornecedores locais estariam supostamente esperando esse pedido formal do CEO do Carrefour antes de retomar o curso normal dos negócios. Por outro lado, se a situação continuar se arrastando, o Assaí deve ser o principal beneficiário do tráfego perdido pelo Carrefour.
A tensão começou na última quarta-feira (20), quando Bompard anunciou que as lojas francesas do Carrefour deixariam de comprar carne proveniente do Mercosul. A declaração foi feita em meio aos protestos de agricultores franceses contrários ao acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul e gerou forte reação no Brasil, incluindo um boicote de frigoríficos brasileiros ao Carrefour.
Segundo a Folha de S.Paulo, atualmente, 23 frigoríficos, incluindo gigantes como JBS, Marfrig e Masterboi, suspenderam o fornecimento de carne para as unidades do Carrefour no Brasil. Segundo fontes do setor, essa decisão já teria impactado mais de 150 lojas da rede, com consumidores relatando a falta de produtos específicos nas prateleiras.
O Bradesco BBI estimou que a carne bovina seja responsável por 4 a 5% das vendas totais do Carrefour, com margem Ebitda de um dígito baixo, mas é uma categoria importante para direcionar o tráfego para as lojas.
De acordo com levantamento da Economática e BBI, nesse cenário, a taxa de aluguel da ação do Carrefour foi a índices altos, atingindo 59,66%.
A equipe de research do BBI avaliou que ainda seria muito cedo para avaliar o impacto total do boicote, pois os níveis reais de falta de estoque nas lojas Carrefour e a velocidade com que eles podem aumentar permanecem incertos. Por conta disso, o banco avaliou que a pressão vendedora sobre as ações poderia continuar elevada no curto prazo – refletindo-se em maiores taxas de aluguel.