A Azzas concluiu o estudo de revisão do seu portfólio de marcas com foco em melhorar sua alocação de capital.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:AZZA3) nesta segunda-feira (09).
A companhia conduziu um processo detalhado, com a ajuda de assessores externos, que levou em consideração fatores como o potencial de crescimento, capital alocado, retorno sobre capital empregado (ROCE) e geração de caixa das suas marcas, buscando simplificar seu portfólio e maximizar o retorno aos acionistas.
Como resultado desse processo, as marcas Alme, Dzarm, Reversa (linha feminina da Reserva) e Simples serão descontinuadas. Ainda segundo a Azzas, estão sendo avaliadas alternativas estratégicas para as marcas BAW, Paris-Texas e TROC, considerando o estágio de maturidade de cada uma. Essas marcas somadas representaram um faturamento bruto de, aproximadamente, R$ 411 milhões nos doze meses encerrados em 30/09/2024, portanto, aproximadamente 3% do faturamento bruto da companhia e seu Ebitda combinado é próximo do break-even.
A Azzas espera concluir todo o processo de otimização do portfólio até 28/02/2025 e não antecipa incorrer em despesas caixa relevantes. “Levando em consideração o estágio das marcas, o término desse processo deve gerar também um impacto positivo no capital empregado, principalmente no que diz respeito à redução de estoques”, explicou a companhia. As marcas Brizza e Fábula passam a ser categorias de produto das marcas Arezzo e Farm respectivamente e, as marcas Carol Bassi e Foxton serão transferidas para as unidades de negócio Vestuário Feminino e Vestuário Masculino, respectivamente.
“Tais movimentações visam aumentar a eficiência na gestão das respectivas marcas bem como otimizar a alocação de capital do grupo”, afirmou a companhia, reforçando que movimentos de revisão de portfólio são processos naturais na indústria de moda global.
VISÃO DO MERCADO
As ações da Azzas 2154, uma das principais empresas do setor de moda, sobem cerca de 3%, a R$ 33,50, nesta terça-feira (10), após a companhia anunciar na véspera que concluiu um estudo para revisão de portfólio e, como resultado, vai descontinuar as marcas Alme, Dzarm, Reversa (linha feminina da Reserva) e Simples. Juntas, elas representaram apenas 3% das vendas brutas totais no último ano, totalizando R$ 411 milhões.
De acordo com analistas, o impacto esperado no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) é praticamente neutro, uma vez que essas marcas estavam próximas ao ponto de equilíbrio financeiro. A Azzas diz que com a revisão do portfólio, a empresa busca maior eficiência na alocação de recursos, permitindo um foco mais intenso nas unidades de negócios com maior margem.
Como parte dessa mudança, as marcas Brizza e Fábula serão integradas como categorias de produtos da Arezzo e Farm, respectivamente. Já Carol Bassi e Foxton passarão a ser absorvidas pelas unidades de negócios de roupas femininas e masculinas. A reestruturação deverá ser concluída até 28 de fevereiro de 2025 e, segundo a empresa, não trará despesas expressivas em caixa.
Segundo o Bradesco BBI, a otimização do portfólio deve impactar positivamente o capital de giro, especialmente por meio da redução de estoques. Analistas avaliam que, do ponto de vista qualitativo, a simplificação do portfólio de marcas pode permitir à gestão redirecionar esforços e recursos para unidades de negócios com margens mais altas, o que reduziria a complexidade e aumentaria o foco, ajudando a melhorar os retornos gerais. Porém, os analistas dizem que essa decisão também reflete a complexidade dos processos de fusão, com a integração recente da empresa ainda demandando alguns ajustes.
Negociando com um desconto de cerca de 20% em relação aos concorrentes e a um múltiplo de 8,0x Preço/Lucro (P/L) projetado para 2025, o banco diz que a Azzas apresenta boa assimetria de alta. Por isso, a recomendação dos estrategistas é de Outperform (perspectiva de valorização), com preço-alvo de US$ 57 por ação até o final de 2025.
Para o BTG, o mercado ficará em modo de espera antes de pagar antecipadamente por todos esses ganhos, porque a empresa é “um negócio complexo que cria um player gigante com múltiplas marcas (e diferentes culturas) em vestuário/calçados”, sem mencionar os riscos de execução no processo de integração.
O banco aponta que a fusão entre a Soma, que é controlada pela Azzas, e a Hering deve gerar ganhos financeiros no futuro, com um total estimado de R$ 3,1 bilhões, representando cerca de 35% do valor de mercado da Azzas. A principal fonte de ganhos, segundo o BTG, vem do uso acelerado do ágio, com previsão de utilização de cerca de R$ 4 bilhões nos próximos cinco anos, originado pela aquisição da Hering.
Além disso, os analistas estimam que a integração das operações pode gerar sinergias de vendas, como a venda cruzada de calçados nas marcas de vestuário da Soma, o que deve resultar em R$ 860 milhões adicionais até 2030. A internalização da produção da Reserva nas fábricas da Hering também deve gerar benefícios financeiros, conforme o relatório do banco, com um impacto de R$ 280 milhões e melhoria na margem bruta da marca. Outra economia esperada é com a redução de custos operacionais (SG&A), estimada em até 5%, o que pode gerar mais R$ 1 bilhão em valor presente líquido.
Já a XP afirma que o anúncio é visto como um sinal positivo de que a empresa permanece comprometida em aprimorar sua alocação de capital e retorno sobre o capital investido, ao mesmo tempo em que simplifica seu portfólio para focar em marcas com maior potencial.
A corretora diz que também está considerando potenciais desinvestimentos, que, de acordo com as estimativas, podem alcançar até R$ 100 milhões. A recomendação de compra da Azzas é mantida pelos analistas da XP, com base na solidez das estimativas para 2025.