(20/12/2024): O economista Roberto Campos Neto afirmou que a autonomia do Banco Central (BC) foi uma das maiores conquistas da instituição durante sua gestão. “Eu acho que coloca a instituição à frente das pessoas, das ideologias, dos governos e do tempo político, com um tempo institucional mais adequado às características necessárias para o cumprimento das nossas missões”, declarou Campos Neto.
A declaração ocorreu durante a última transmissão ao vivo do canal oficial do Banco Central no YouTube em 2024, marcando sua despedida como presidente da autarquia. A partir de janeiro, o economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, assumirá o comando da instituição.
Segundo Campos Neto, o processo de transição ilustra a força da autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, que assegura mandatos de quatro anos para o presidente do BC, independentes do governo em exercício. O economista também destacou outras realizações de sua gestão, como o aumento do reconhecimento público da instituição – impulsionado pelo sucesso do Pix – e a consolidação de uma cultura de inovação no Banco Central.
O legado de Roberto Campos Neto
Neto do renomado economista Roberto de Oliveira Campos, Roberto Campos Neto formou-se em Economia e especializou-se em Finanças pela Universidade da Califórnia na década de 1990. Iniciou sua carreira no mercado financeiro e atuou no banco Bozano, Simonsen, incorporado pelo Santander em 2000.
Indicado para a presidência do Banco Central em 2018 pelo então presidente Jair Bolsonaro, Campos Neto ficou conhecido por sua defesa da autonomia do BC, sancionada em 2021. A nova estrutura permitiu à instituição operar com maior independência e estabilidade, mesmo em meio a cenários políticos desafiadores.
Nos últimos dois anos, o economista enfrentou críticas frequentes do presidente Lula e de outras lideranças políticas devido à manutenção de taxas básicas de juros elevadas no país. Em julho de 2024, Campos Neto reafirmou o compromisso técnico do BC: “Como Banco Central, temos que ficar fora da arena política e tentar seguir com o trabalho técnico. E acho que foi o que fizemos”.
Ao deixar o cargo, Campos Neto encerra um ciclo marcado por desafios econômicos, mas também por avanços institucionais que prometem moldar o futuro do Banco Central no Brasil.