No balanço do segundo trimestre fiscal, a Microsoft (NASDAQ:MSFT) reportou receita de US$ 69,6 bilhões, um aumento de 12,3% ano a ano, o que superou as projeções de analistas que esperavam cerca de US$ 68,9 bilhões.

O lucro por ação de US$ 3,23 também ultrapassou estimativas dos analistas monitorados pela LSEG de US$ 3,11. O lucro líquido de US$ 24,11 bilhões foi superior ao do mesmo período do ano anterior.

Apesar desses números positivos, as ações recuavam mais de 4% no pré-mercado de quinta-feira (30), puxadas em parte por resultados de crescimento mais modesto no Azure, principal negócio de computação em nuvem da empresa. A Microsoft também é negociada na B3 através da BDR (BOV:MSFT34).

A desaceleração no Azure ficou evidente com a expansão de 31% na receita de serviços de nuvem durante o trimestre, percentual menor do que os 33% reportados anteriormente. A CFO Amy Hood projetou que, no terceiro trimestre, o Azure cresça entre 31% e 32% em moeda constante, ressaltando que o ritmo de aceleração enfrenta desafios de execução e limitações de capacidade nos data centers. Esses gargalos devem ser solucionados até o fim do atual ano fiscal, segundo a executiva.

Mesmo com a alta demanda por produtos de inteligência artificial, a monetização desses recursos está avançando mais lentamente do que alguns investidores desejam. A Microsoft estima que 13 pontos percentuais do crescimento do Azure neste trimestre vieram de soluções de IA, em comparação com 12 pontos no período anterior.

O CEO Satya Nadella mencionou que a empresa mantém uma taxa de execução de receita anualizada de US$ 13 bilhões em IA, mas reforçou que ainda há muito por vir, incluindo investimentos de quase US$ 14 bilhões na OpenAI.

Para sustentar o uso intensivo de recursos em IA, a gigante de Redmond vem ampliando consideravelmente sua infraestrutura. Os gastos de capital no trimestre atingiram US$ 15,8 bilhões, superando a marca do ano anterior e parte dos US$ 80 bilhões que a Microsoft prevê desembolsar até 2025 para construir e otimizar data centers dedicados a serviços de inteligência artificial.

Esse volume de investimentos trouxe receio ao mercado, especialmente após a novata chinesa DeepSeek afirmar ter desenvolvido modelos semelhantes ao ChatGPT por uma fração desse custo.

A divisão de nuvem, que inclui o Azure, observou incremento de 19% na receita (atingindo US$ 25,54 bilhões), enquanto o segmento de produtividade (Office, LinkedIn e outros) somou US$ 29,44 bilhões. Já a unidade More Personal Computing (Windows, Bing, Surface e Xbox) apresentou US$ 14,65 bilhões, valor um pouco acima do esperado. Em relação às “outras despesas”, de US$ 2,3 bilhões, a maior parte decorre de perdas relacionadas ao investimento da Microsoft na Cruise, após a controladora General Motors recuar do projeto.

Apesar dos resultados e projeções variadas, a Microsoft continua vendo forte procura por contratos comerciais que ainda não foram convertidos em receita, ou cerca de US$ 300 bilhões em compromissos futuros. A empresa pretende realinhar sua estrutura de vendas e acelerar a expansão de IA pelos produtos Copilot, para reforçar a competitividade e justificar seus investimentos elevados em infraestrutura de nuvem e soluções de inteligência artificial.

A projeção de receita para o próximo trimestre também justifica a reação negativa para as ações. A receita no terceiro trimestre fiscal é projetada de US$ 67,7 bilhões a US$ 68,7 bilhões, enquanto o consenso médio da LSEG é de US$ 69,78 bilhões.