As ações da Méliuz (BOV:CASH3) fecharam em alta de 19,09% na quinta-feira, 6 de março de 2025, depois que a empresa se tornou a primeira brasileira listada na bolsa a destinar parte de seu caixa para a aquisição de Bitcoin (COIN:BTC), aproximadamente 10%.
A decisão é inédita no cenário corporativo brasileiro, e envolveu um investimento total de cerca de US$ 4,1 milhões para comprar 45,72 bitcoins, a um preço médio superior a US$ 90 mil por unidade.
Israel Salmen, presidente da empresa, explicou que o investimento em Bitcoin é uma alternativa atraente frente aos métodos tradicionais de preservação de capital. Salmen enfatizou que a Méliuz não tem interesse em especulação, reforçando que a aquisição visa agregar valor sustentável aos acionistas e é uma estratégia de longo prazo.
Segundo Salmen, embora o mercado considere o Bitcoin um ativo volátil e de risco elevado, a empresa acredita que deixar o caixa em ativos tradicionais expõe os recursos à erosão provocada pela inflação e políticas monetárias expansivas. Portanto, a criptomoeda representa, na visão da companhia, um risco calculado mais favorável em comparação com investimentos conservadores em renda fixa.
A Méliuz criou um Comitê Estratégico de Bitcoin, responsável por estruturar e avaliar a viabilidade de ampliar o investimento, cuidando da operacionalização das compras e estabelecer diretrizes claras sobre governança e gerenciamento de riscos associados ao ativo digital.
O mercado financeiro entrou em debate com a notícia. Analistas da XP Investimentos destacaram certa cautela e que a aquisição pode gerar dúvidas entre investidores quanto à conexão direta com o core business da Méliuz, focado principalmente em cashback e serviços financeiros tradicionais, e alertaram sobre impactos negativos potenciais da volatilidade da criptomoeda na gestão financeira.
Por outro lado, especialistas do UBS BB reconheceram que a decisão da Méliuz acompanha uma tendência internacional cada vez mais comum de grandes corporações que buscam alternativas eficazes para preservar e valorizar seu caixa.
Assim como a Stretagy, empresa que anteriormente era conhecida como MicroStrategy (NASDAQ:MSTR) (BOV:M2ST34), a Méliuz se torna atrativa também para investidores institucionais que desejam exposição indireta ao Bitcoin.