Fechamentos de capital, migração para o exterior e programas agressivos de recompra levantam a hipótese de que há barganhas escondidas na Bolsa — e investidores atentos estão de olho.
Nos últimos anos, o mercado financeiro brasileiro tem presenciado um movimento crescente de empresas que optam por fechar o capital ou migrar suas ações da B3 para bolsas no exterior. Carrefour Brasil, Cielo, JBS e outras companhias seguiram esse caminho — muitas delas sob controle estrangeiro. Embora, à primeira vista, o movimento pareça contraditório em um ambiente onde a abertura de capital é vista como sinônimo de crescimento, especialistas apontam que há lógica e estratégia por trás dessas decisões.
Ao mesmo tempo, os programas de recompra de ações se multiplicam. Em 2025, mais de 120 empresas brasileiras anunciaram iniciativas desse tipo, o maior número em anos. A recompra reduz a quantidade de ações em circulação e, ao restringir a oferta, tende a valorizar os papéis restantes — beneficiando diretamente os acionistas.
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Valuation atrativo chama atenção de investidores
Segundo o Bradesco BBI, a combinação entre os fechamentos de capital e o avanço das recompras revela uma percepção comum entre os controladores: os papéis estão baratos. “Para o investidor atento, esses movimentos funcionam como sinais de que há oportunidades relevantes escondidas nos preços atuais da Bolsa brasileira”, destaca a equipe de análise.
O banco lembra que, quando os próprios controladores decidem tirar suas empresas do mercado ou recomprar ações, é porque enxergam um valor intrínseco superior ao valor negociado. Em outras palavras, conhecendo a fundo os negócios, eles estão apostando que os preços não refletem a realidade — o que pode indicar verdadeiras barganhas no mercado.
Investidores estrangeiros voltam a mirar o Brasil
Nos últimos seis meses, o Brasil viu duas aquisições importantes de companhias listadas na B3 por grupos europeus. A Santos Brasil (BOV:STBP3) recebeu uma oferta pública de aquisição (OPA) da francesa CMA CGM, terceira maior empresa de transporte marítimo do mundo. Já a Wilson Sons (BOV:PORT3) foi vendida pela britânica Ocean Wilson’s para a italiana MSC, maior transportadora de contêineres global.
O Carrefour Brasil também deixou a bolsa, encerrando sua trajetória iniciada em 2017 com um IPO bilionário. A decisão veio da matriz francesa, que já controlava 70% da operação. A companhia enfrentou desafios como a integração do Grupo BIG e prejuízos operacionais, com ações que caíram 44% desde a estreia. Agora, os investidores brasileiros só podem acessar a empresa via BDRs listados na Euronext Paris.
A JBS seguiu um caminho semelhante, mas optou por uma dupla listagem: deixou de negociar ações diretamente na B3 e passou a ser acessada por BDRs (JBSS32). Ao mesmo tempo, listou seus papéis na Bolsa de Nova York (NYSE), em busca de maior visibilidade global, liquidez e múltiplos mais atrativos.
Estrangeiros ainda têm forte presença na B3
O Bradesco BBI destaca que nove companhias listadas na B3 possuem controladores ou acionistas estrangeiros relevantes. Em média, esses grupos detêm 54% das subsidiárias brasileiras e, muitas vezes, operam com valuations mais altos em suas matrizes — o que torna atrativa a aquisição total das subsidiárias.
Casos como a Inbev (controladora da Ambev) e Telefónica (controladora da Telefônica Brasil) mostram que multinacionais com forte presença no Brasil seguem atentas a movimentos estratégicos e podem liderar novas operações nos próximos anos.
Apesar da saída de algumas empresas, o BBI argumenta que o temor sobre a perda de relevância da Bolsa brasileira é exagerado. O número de companhias listadas caiu 13% nas últimas duas décadas, mas isso segue uma tendência global, também observada nos EUA. Além disso, o Brasil teve 17 empresas abrindo capital no exterior nos últimos anos — uma movimentação que reforça a internacionalização dos negócios, sem necessariamente significar um encolhimento do mercado local.
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