A Embraer apresentou sua carteira de pedidos referente ao segundo trimestre de 2025, que alcançou o valor recorde de US$ 29,7 bilhões — um avanço de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, esse é o maior patamar já registrado em sua história.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:EMBR3) nesta segunda-feira (21).
Book de ofertas: a mais completa do mercado financeiro, acompanhe as ofertas de compra e venda de um ativo e todos os negócios realizados no dia.
No início do mês, a companhia já havia informado a entrega de 61 aeronaves entre abril e junho, número 30% superior ao registrado no segundo trimestre de 2024. Do total entregue, 19 foram jatos comerciais, 38 executivos e 4 destinados ao setor de defesa.
O segmento de aviação comercial respondeu por US$ 13,1 bilhões da carteira, com crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Já na aviação executiva, o valor somou US$ 7,4 bilhões, representando uma expressiva alta de 62% na comparação anual.
VISÃO DO MERCADO
O número superou a projeção do Itaú BBA, que era de US$ 28,6 bilhões. O resultado reflete os pedidos anunciados recentemente pela SkyWest (60 aeronaves E175) e pela SAS (45 unidades do modelo E195-E2).
Com isso, as ações EMBR3 subia 1,50%, a R$ 69,14, no início da sessão desta terça-feira (22), com ânimo sobre os dados, mas com questões sobre as tarifas dos EUA ainda no radar.
Segundo o BBA, o crescimento da carteira na comparação trimestral foi impulsionado principalmente pela divisão de aviação comercial, cuja alta foi de 31%. As demais divisões apresentaram variação praticamente estável no trimestre.
Na avaliação do Itaú BBA, a carteira recorde representa um sinal muito positivo para os fundamentos da Embraer e poderia, em tese, sustentar o forte desempenho recente das ações. No entanto, o banco pondera que ainda há incertezas relevantes no cenário-base, sobretudo em função da possibilidade de imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre importações brasileiras, medida que poderia afetar cerca de metade da receita da companhia. Diante disso, o BBA acredita que o espaço para uma reação positiva dos papéis da Embraer permanece limitado, enquanto persistirem essas indefinições.
O Bradesco BBI também alertou que as discussões em torno das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras continuam sendo um fator de pressão para o desempenho das ações da Embraer.
Com relação aos dados operacionais, o BBI avaliou como positivas as entregas e a carteira de pedidos da Embraer, destacando o índice de pedidos sobre vendas (book-to-bill) que alcançou 1,8 vez nos últimos 12 meses.
No segmento de aviação comercial, o BBI destacou que o mix de entregas, com maior participação dos modelos E1, pode favorecer as margens da companhia, assim como o perfil dos clientes atendidos. O BBI espera que a companhia siga avançando nos esforços de nivelamento da produção, com resultados mais concretos a partir de 2026.
A carteira de pedidos da aviação comercial atingiu US$ 13,1 bilhões – o maior patamar em oito anos –, o que representa uma alta de 31% no trimestre. Em termos de unidades, a carteira superou a marca de 400 aviões, chegando a 437 unidades (ante 336 no primeiro trimestre). Para o BBI, o crescimento da carteira pode reduzir gradualmente a necessidade de concessão de descontos por parte da companhia.
Na aviação executiva, a Embraer entregou 25% da projeção anual no trimestre, acima da média de 21% dos últimos cinco anos. Considerando também o desempenho forte do primeiro trimestre, a fabricante precisará entregar 89 jatos executivos no segundo semestre de 2025 para cumprir a meta de entregas no ponto médio da sua orientação – o que representaria um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Apesar da queda de 2% na carteira de pedidos do segmento no trimestre, o banco observa que o nível de entregas foi bem superior ao histórico.
Na divisão de Defesa e Segurança, a carteira de pedidos somou US$ 4,3 bilhões – alta de 3% no trimestre e o dobro em relação ao mesmo período do ano anterior. O banco chamou atenção para a escolha do C-390 pela Lituânia e a decisão de Portugal de adquirir a sexta aeronave KC-390 Millennium. A carteira reportada ainda não inclui as encomendas da Suécia (4 aeronaves), Eslováquia (3), um pedido adicional de Portugal (1) e quatro A-29 Super Tucano para o Panamá. O Bradesco BBI reforçou a visão de que o C-390 possui um mercado endereçável significativo dentro dos países da OTAN, o que pode sustentar o crescimento do segmento de defesa nos próximos anos.
O BTG Pactual, por sua vez, comenta que os resultados do segundo trimestre devem ser positivos, mas também reforça que o risco de sobretaxa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros gera incerteza. A empresa espera margens melhores com aumento das entregas de E2 e mais contratos rentáveis a partir de 2026. A divisão de Defesa também tem potencial de aumento com pedidos da Suécia, Eslováquia, Portugal e Panamá ainda fora do backlog. A expectativa é de geração de caixa mais previsível no segundo semestre.
Apesar do forte crescimento anual, o JPMorgan esperava uma reação neutra a levemente positiva no pregão desta terça-feira, já que os dados da carteira vieram abaixo da estimativa preliminar de US$ 33 bilhões. O banco destaca que, ao incluir todos os pedidos de Defesa anunciados recentemente, a carteira total se aproximaria de US$ 32 bilhões.
A Embraer divulgará seus resultados do 2T25 no dia 5 de agosto, antes da abertura do mercado. O banco estima que EMBR/ERJ esteja sendo negociada a 0,31 vez Valor da Firma (EV)/Backlog. Em termos de EV/EBITDA projetado para 2026, ERJ/EMBR negocia a 7,8 vezes, contra 24,7 vezes da Boeing, 11,9 vezes da Airbus e 10,3 vezes da Bombardier.
A XP Investimentos avaliou positivamente a maior visibilidade de receita da Embraer, com um índice contábil de 1,8 vezes sobre os últimos 12 meses (LTM), o que implica aproximadamente US$ 600 milhões em receitas na divisão de aviação comercial, em linha com as estimativas da própria casa.
No que diz respeito às entregas, a XP destacou que o ritmo segue mais forte no segmento de Aviação Executiva, refletindo os esforços contínuos da companhia para nivelar a produção. Apesar do cenário macroeconômico desafiador, impulsionado pela atual guerra comercial, os analistas observaram que não houve cancelamentos de pedidos na aviação comercial, com um total líquido de 120 novas aeronaves encomendadas no período.
Na visão da XP, conforme já antecipado na prévia de resultados, o foco dos investidores deve continuar voltado para as tarifas impostas pelos Estados Unidos, com o mercado atento a qualquer sinal de impacto direto sobre a Embraer.
O BBI, BTG e JPMorgan mantiveram classificação de compra, com preço-alvo de, repesctivamente, R$ 97, R$ 94 e R$ 93. O BBA reiterou recomendação de compra e preço-alvo de US$ 62,50 por ADR (recibo de ações da companhia).
QUER SABER COMO GANHAR MAIS?
A ADVFN oferece algumas ferramentas bem bacanas que vão te ajudar a ser um trader de sucesso
- Monitor - Lista personalizável de cotações de bolsas de valores de vários paíeses.
- Portfólio - Acompanhe seus investimentos, simule negociações e teste estratégias.
- News Scanner - Alertas de notícias com palavras-chave do seu interesse.
- Agenda Econômica - Eventos que impactam o mercado, em um só lugar.