Uma possível aquisição do Grupo Fleury pela Rede D’Or pode ser acompanhada do fechamento de capital da companhia de diagnósticos, apurou o Broadcast. A estratégia seria semelhante à adotada na compra da SulAmérica, adquirida por R$ 13 bilhões e posteriormente retirada da B3.

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As negociações entre as duas companhias já ocorrem há cerca de três meses, mas ainda há poucas definições concretas, segundo fontes. O Morgan Stanley assessora o Fleury, enquanto o JPMorgan representa a Rede D’Or. Entre os formatos em discussão, está a possibilidade de troca de ações — modelo já usado na transação com a SulAmérica — além da alternativa de uma parcela do pagamento ser feita em dinheiro.

Rumores sobre o interesse da Rede D’Or no Fleury circulam há semanas nos bastidores da Faria Lima. Um executivo do setor financeiro afirmou que os assessores envolvidos trabalham na operação há pelo menos um mês, com apoio também de escritórios de advocacia.

Com valor de mercado estimado em R$ 7 bilhões, o Fleury é cerca de dez vezes menor que a Rede D’Or, avaliada em R$ 75 bilhões antes dos rumores sobre o negócio. A alavancagem da Rede D’Or é considerada baixa, com relação dívida líquida/Ebitda de 1,7 vez. Nesta segunda-feira, as ações do Fleury dispararam quase 15% na B3, enquanto os papéis da Rede D’Or registraram alta de 1%.

Se concretizada, essa pode se tornar uma das maiores aquisições da Rede D’Or desde a abertura de capital em 2020, reforçando sua estratégia de consolidação no setor de saúde. A integração com o Fleury traria uma rede de diagnósticos robusta e complementar aos seus hospitais, fortalecendo sua verticalização e ampliando a competitividade frente a parcerias como a da Amil com a Dasa.

Analistas do BTG Pactual, Samuel Alves e Maria Resende, avaliam que a possível operação aumentaria a presença da Rede D’Or no setor de diagnósticos, que representa aproximadamente 20% dos sinistros médicos no mercado de saúde suplementar — um segmento em que a empresa ainda tem participação limitada.

Entre os principais acionistas do Fleury estão a Bradesco Seguros, com 24,9% do capital, e um grupo de médicos, com 11,3%. Os 64% restantes estão pulverizados no mercado, o que pode exigir diversas rodadas de negociação caso a Rede D’Or opte pelo fechamento de capital, conforme ressaltou uma das fontes ouvidas.

Vale lembrar que no ano passado a família Moll, controladora da Rede D’Or, já havia se aproximado do Bradesco ao criar, em parceria, a operadora hospitalar Atlântica D’Or.

Em comunicados divulgados nesta segunda-feira (22), tanto a Rede D’Or quanto o Fleury afirmaram que não há, até o momento, qualquer decisão formal, proposta concreta ou documento firmado sobre uma possível transação. A Rede D’Or reforçou que “avalia continuamente oportunidades de expansão de suas linhas de negócio, inclusive por meio de aquisições ou combinações com outras empresas do setor”.

Já o Fleury destacou que “monitora constantemente as condições de mercado, em linha com seus planos de investimento, buscando manter-se preparado para eventuais oportunidades estratégicas que estejam alinhadas aos seus objetivos”.