O mercado segue dividido, embora o sentimento geral ainda seja positivo em relação aos papéis da empresa, segundo levantamento da LSEG. Das 11 instituições que acompanham o ativo, sete recomendam compra, duas indicam manter e outras duas sugerem venda.
Citi e BTG Pactual reiteraram suas recomendações de compra mesmo após os resultados do segundo trimestre de 2025, apesar de terem ajustado algumas de suas projeções para baixo.
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No caso do Citi, o preço-alvo foi reduzido de R$ 62 para R$ 53, refletindo a incorporação dos números do 2T25 e do cenário macroeconômico do banco. Ainda assim, a indicação de compra foi mantida.
Os analistas destacaram que as ações da fabricante de motores elétricos e equipamentos industriais acumulam queda de quase 30% no ano, enquanto o Ibovespa sobe cerca de 10% e um grupo de empresas globais comparáveis avança 31%.
“2025 tem sido um ano desafiador para os acionistas da WEG (BOV:WEGE3), com incertezas sobre tarifas, um PIB global mais fraco, volatilidade cambial no Brasil e dúvidas sobre o ritmo de crescimento da empresa”, escreveram Andre Mazini e sua equipe em relatório publicado na segunda-feira.
Por outro lado, observaram que os papéis da WEG estão sendo negociados com um desconto de 36% no múltiplo preço/lucro em relação a seus pares internacionais – o menor nível em 15 anos –, contrastando com o prêmio histórico de 30%.
Os analistas esperam melhora nas margens no segundo semestre, com ajuda de um mix de produtos mais rentável e da continuidade do bom desempenho do segmento de Transmissão e Distribuição (T&D), especialmente na América do Norte.
Já o BTG Pactual ajustou o preço-alvo de R$ 56 para R$ 54, também mantendo a recomendação de compra após considerar os resultados trimestrais e alterações no cenário macro e no setor. Apesar da margem Ebitda ter vindo acima do esperado, o crescimento orgânico modesto de 6,4% derrubou as ações em 12% desde a divulgação do balanço.
As projeções de lucro foram revistas para baixo em 7,2% para 2025 e 8,6% para 2026. A empresa negocia a 23 vezes o lucro estimado para 2025 e 20 vezes para 2026 – múltiplos próximos das mínimas históricas, embora ainda considerados adequados frente ao histórico de retorno, crescimento e custo de capital da companhia. O BTG acredita que o real mais fraco e a avaliação atual sustentam a recomendação de compra, mesmo diante da fraqueza nos resultados de curto prazo.
O banco agora projeta um crescimento de receita líquida de 13% em 2024 e 11% em 2025, abaixo das médias históricas de 15% a 18% ao ano.
Esse desempenho mais fraco decorre de (i) ausência de encomendas eólicas no mercado interno em 2025, (ii) esgotamento da capacidade internacional no segmento de T&D e (iii) incertezas sobre tarifas nos EUA, que atrasam os pedidos de longo prazo. Apesar de iniciativas como os condensadores síncronos, soluções em mobilidade elétrica e baterias (BESS), a visibilidade ainda é considerada baixa. “Uma nova desvalorização do real seria o principal gatilho de valorização”, diz o banco.
O Bank of America (BofA), por sua vez, manteve sua recomendação neutra para as ações, mesmo após reduzir o preço-alvo de R$ 54 para R$ 50. A queda se deve a uma combinação de fatores: crescimento mais fraco previsto para 2025-2026 (-R$ 2), maior custo de capital (-R$ 1) e valorização do real (-R$ 1).
“Apesar de esperarmos uma desaceleração no crescimento nos próximos trimestres – com fusões e aquisições contribuindo menos, o real se tornando um entrave e o crescimento orgânico enfraquecendo –, não enxergamos mudanças estruturais relevantes na tese de investimento da WEG”, avaliou o banco. A recomendação foi mantida com base em uma relação risco-retorno considerada equilibrada.
O BofA estima um crescimento anual de 8% no lucro por ação até o final de 2026, impactado por limitações de capacidade, menor espaço para aumentos de preços, queda na demanda por produtos de ciclo longo, recuo nas receitas com renováveis e fusões e aquisições, além da valorização do real.
Ainda assim, o banco destaca que a empresa está ampliando sua capacidade produtiva em diversas frentes, principalmente no segmento de T&D, que deve dobrar sua estrutura até 2026, o que pode permitir uma aceleração no crescimento a partir de 2027.
Por outro lado, o Goldman Sachs segue com recomendação de venda e reduziu o preço-alvo de R$ 44,60 para R$ 38,80 no horizonte de 12 meses.
Segundo o banco, apesar do desempenho fraco poder abrir margem para uma melhora na relação risco-retorno, o valuation ainda parece elevado: cerca de 22 vezes o lucro estimado para 2026, apenas levemente abaixo da mediana histórica.
O banco também aponta um enfraquecimento das perspectivas da empresa devido a: i) desaceleração de receita e lucro; ii) incerteza macroeconômica, que adia investimentos de ciclo longo; iii) limitação de crescimento no setor de Geração, Transmissão e Distribuição no curto prazo; e iv) risco de queda nas projeções de consenso – o Goldman projeta um lucro líquido de 4% a 8% abaixo do consenso da Bloomberg para 2025 e 2026. A expectativa é que esse cenário continue pesando sobre as ações no curto prazo.
Para o Goldman, essa combinação de fatores reduz o potencial de reavaliação positiva dos papéis.
E o impacto das tarifas?
O Citi estima que a tarifa de 50% que os Estados Unidos aplicarão sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto deverá afetar menos de 7% do Ebitda da WEG.
Segundo o banco, aproximadamente um terço dos 22% da receita da WEG gerada no Brasil e exportada tem como destino os EUA.
Mesmo assim, o Citi ressalta que a empresa já está se movimentando para mitigar esse impacto, deslocando parte da produção para outros países, como o México, que está coberto pelo acordo comercial USMCA. Outros destinos também estão sendo avaliados.
Com isso, a expectativa é que o impacto final fique restrito a um dígito, entre os níveis baixo e médio.
Já o BTG Pactual alerta que, se a medida for de fato implementada, os EUA começarão a cobrar a tarifa adicional de 40% (além dos 10% atuais) já na próxima sexta-feira, em um ambiente de tensões políticas que dificulta um acordo e torna improvável uma solução mais branda.
Nesse contexto, o banco vê risco elevado de interrupções nos negócios da WEG. Se a tarifa de 50% se confirmar, estima um impacto de R$ 1,2 bilhão, o equivalente a cerca de 12% do Ebitda projetado para 2025.
Esse número parte da premissa de que a América do Norte representa 25% da receita total da empresa, com os EUA respondendo por 80% desse montante. Um terço da receita norte-americana viria das exportações brasileiras.
Considerando apenas motores de baixa tensão, principal item exportado do Brasil para os EUA, o impacto seria de R$ 809 milhões, dentro do total de R$ 1,2 bilhão (cerca de 8% do Ebitda). A estimativa leva em conta um mercado de US$ 4 bilhões em motores de baixa tensão na América do Norte, dos quais os EUA representam 75% e a WEG detém 24,5%. Assume-se que metade dessa receita venha do Brasil – o restante do México.
O BofA, por sua vez, acredita que o efeito da tarifa seria negativo no curto prazo para as exportações da empresa, mas limitado no médio prazo.
Isso porque a WEG tende a redirecionar suas exportações para os EUA a partir de sua unidade no México, beneficiada pelo USMCA, e utilizará sua planta brasileira para abastecer o mercado mexicano. Atualmente, segundo o banco, a verticalização da produção no México está quase no mesmo nível da brasileira – apenas o processo de fabricação de fios de cobre ainda está em fase de implantação.
A América do Norte representa 27% das vendas da WEG, sendo um terço produzido nos EUA, outro terço no México e o restante em outros países – especialmente no Brasil, conforme informado pela própria companhia na teleconferência do 3T24. Além disso, a empresa não exporta transformadores do Brasil para os EUA, pois utiliza sua planta no México para esse fim.
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