BNDES investe R$400 milhões na Eve Air Mobility e mira futuro dos táxis aéreos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passou a deter participação de 4,4% na Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer responsável pelo desenvolvimento do veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL), após aporte recente de R$400 milhões pelo banco de fomento, afirmou seu diretor Alexandre Abreu nesta quinta-feira (21/08).

O primeiro voo comercial do eVTOL da Eve, ou “táxi aéreo”, está previsto para 2027, informou o presidente-executivo da Embraer-X, Daniel Moczydlower, à Reuters no final de abril.

O banco de fomento registrou lucro líquido de R$13,3 bilhões no primeiro semestre, mantendo-se estável em relação ao mesmo período de 2024, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (21/08), com resultado impulsionado por operações envolvendo ações da JBS. Em termos recorrentes, o lucro cresceu 2% ano a ano, alcançando R$7,3 bilhões.

No segundo trimestre, o BNDES apresentou lucro total de R$7,7 bilhões e resultado líquido recorrente de R$4,6 bilhões.

O BNDES destacou efeito positivo de R$901 milhões no segundo trimestre proveniente de operações com ações da JBS, sendo R$267 milhões com a venda de papéis e R$634 milhões com a dupla listagem da empresa no Brasil e nos Estados Unidos.

Após a venda de ações da JBS em maio, reduzindo sua participação na processadora de alimentos para cerca de 18%, o BNDES pretende direcionar os recursos obtidos com a alienação de participações societárias a novos investimentos em empresas ligadas aos setores de tecnologia, inovação e sustentabilidade, disse Abreu.

No final de junho, a carteira de participações societárias do banco alcançou R$80,3 bilhões, ante R$87,6 bilhões três meses antes. O banco citou ajuste a valor de mercado negativo de Petrobras (BOV:PETR4 | BOV:PETR3 | NYSE:PBR) de R$6,2 bilhões e alienação de ações da JBS de R$2,5 bilhões, parcialmente compensados pela valorização de Copel (BOV:CPLE6) de R$1,3 bilhão.

A carteira de crédito expandida do BNDES totalizou R$597,5 bilhões ao final do primeiro semestre, alta de 13% ano a ano, com índice de inadimplência superior a 90 dias em 0,03%, queda de 0,04 ponto percentual.

Os desembolsos no primeiro semestre somaram R$54,6 bilhões, aumento de 11% ante o mesmo período de 2024, enquanto as consultas por financiamento cresceram 7%, para R$133,2 bilhões, e as aprovações de empréstimos avançaram 9%, para R$72,8 bilhões.

O BNDES projeta que os desembolsos totais cresçam no segundo semestre em relação aos primeiros seis meses, com expectativa de que o apoio ao plano de ajuda a empresas afetadas pelas tarifas dos EUA estimule consultas, aprovações e liberações de recursos nos próximos meses.

“Não dá para fazer uma projeção, porque tem um fator muito importante que é o Plano Brasil Soberano. No ano passado, nosso desembolso foi muito afetado pela ajuda ao Rio Grande do Sul”, disse Abreu, indicando que o banco poderá ultrapassar R$100 bilhões em desembolsos no segundo semestre.

Uma das principais fontes de apoio às empresas será o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), gerido pelo BNDES, com cerca de R$30 bilhões previstos para o Plano Brasil Soberano.

Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, outras medidas de socorro também estão sendo estudadas pelo governo federal. “Teremos surpresas importantes… nós (do BNDES) vamos além do que será proposto pelo governo”, afirmou.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) do BNDES ficou em 18,8% no primeiro semestre, recuo de 0,8 ponto ano a ano, enquanto o ROE recorrente caiu 0,3 ponto, para 10,3%.

O aporte do BNDES na Eve Air Mobility sinaliza maior interesse do banco em setores de inovação e tecnologia, podendo impulsionar o mercado de startups ligadas a mobilidade aérea elétrica. Esse movimento pode influenciar positivamente as ações da Embraer (BOV:EMBR3 | NYSE:ERJ) e fortalecer o posicionamento do Brasil em tecnologias de transporte sustentável.