Incerteza da economia brasileira recua em agosto

O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br) registrou queda de 2,5 pontos na passagem de julho para agosto, alcançando 110,7 pontos, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na métrica de médias móveis trimestrais, o indicador recuou 0,7 ponto.

“Após a alta registrada no mês anterior, o Indicador de Incerteza volta a recuar, num movimento de acomodação frente aos intensos ruídos provocados pelo anúncio do governo norte-americano das tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos”, afirmou Anna Carolina Gouveia, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.

O IIE-Br é composto por dois elementos: o IIE-Br Mídia, que avalia a frequência de notícias sobre incerteza nos principais jornais, e o IIE-Br Expectativa, que mede a dispersão das previsões para a taxa de câmbio e o IPCA.

“A queda do componente de Mídia, com peso de 80% no indicador, reflete possivelmente a atuação do governo brasileiro – marcada por esforços diplomáticos, medidas econômicas para apoiar as empresas afetadas e a busca por novas alianças comerciais – contribuindo para reduzir parte das incertezas iniciais. Além disso, o maior esclarecimento sobre os setores e produtos efetivamente afetados pelas tarifas ajudou a mitigar as incertezas ao longo de agosto. Em contrapartida, o componente de Expectativas, com peso de 20% no IIE-Br, sinaliza um aumento da incerteza, com uma maior dispersão nas previsões para inflação, taxa Selic e câmbio”, completou Anna Carolina.

O componente de Mídia caiu 3,8 pontos, para 112,1 pontos, contribuindo com -3,3 pontos para o IIE-Br do mês. Já o componente de Expectativas subiu 3,6 pontos, para 100,6 pontos, menor nível desde janeiro de 2015, contribuindo com 0,8 ponto para o índice de agosto.

A coleta de dados do Indicador de Incerteza da Economia Brasileira ocorre entre o dia 26 do mês anterior e o dia 25 do mês de referência.

No contexto do mercado financeiro, a redução da incerteza pode trazer maior estabilidade para o mercado de ações, câmbio e títulos públicos, especialmente considerando o efeito das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros. Investidores podem interpretar a acomodação do IIE-Br como um sinal de que medidas de esclarecimento e diplomacia do governo ajudam a reduzir volatilidade, mesmo diante de tensões externas.

(fgv)