Cruzeiro, Botafogo, Vasco e Bahia abriram caminho. Agora, o Fluminense recebe proposta bilionária com modelo inovador.
Nos últimos anos, a transformação de clubes brasileiros em Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) mudou o mapa do esporte no país. Investidores nacionais e internacionais injetaram bilhões em times tradicionais, assumindo dívidas e buscando rentabilidade no longo prazo. Agora, o Fluminense surge como o próximo grande clube a caminhar para este modelo, mas com uma proposta que traz diferenças importantes.
O Cruzeiro foi pioneiro ao vender 90% da SAF para Ronaldo Fenômeno, em 2021, por R$ 400 milhões, além da assunção de dívidas que superavam R$ 1 bilhão. Logo depois, o Botafogo seguiu caminho semelhante, vendendo também 90% para John Textor (EUA), em 2022, por cerca de R$ 400 milhões, assumindo dívidas acima de R$ 1 bilhão.
Em 2022, o Vasco negociou 70% da SAF com a 777 Partners, por R$ 700 milhões, enquanto mantinha dívidas próximas de R$ 700 milhões. Já o Bahia teve 90% adquiridos pelo Grupo City em 2023, com um compromisso de R$ 1 bilhão em aportes e assunção da dívida estimada em R$ 300 milhões.
Outros clubes também aderiram ao formato, mas em contextos diferentes. O Coritiba vendeu 90% para o grupo Treecorp (2022) por R$ 1,1 bilhão em aportes e dívida de R$ 200 milhões. O Red Bull Bragantino foi um caso distinto: em 2019, a Red Bull assumiu o clube inteiro, sem modelo de sociedade dividida, investindo pesado em estrutura e elenco. O Atlético-MG aprovou recentemente a SAF, com o grupo formado pelos “4Rs” (Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador) assumindo cerca de R$ 2,1 bilhões em dívidas, mas ainda sem definição final de percentual de venda. Já Fortaleza e Cuiabá seguem em estágios iniciais de estudo para captação via SAF, sem operações concretizadas até aqui.
Comparado a esse histórico, o Fluminense recebeu proposta inédita em 2025: a Lazuli Partners, por meio da LZ Sports, ofereceu R$ 500 milhões em aporte inicial, assunção da dívida de R$ 871 milhões e investimento total estimado em R$ 6,9 bilhões ao longo de 10 anos. Diferentemente dos demais clubes, o projeto tricolor prevê participação pulverizada de até 40 investidores torcedores, cada um com limite de participação, o que evita concentração de poder e cria um modelo mais descentralizado.
Esse desenho coloca o Fluminense em um patamar distinto, tanto pelo volume de investimentos projetados quanto pela governança, e pode marcar uma nova fase no modelo de SAF no Brasil.
Enquanto Cruzeiro, Botafogo e Vasco abriram o caminho com vendas majoritárias a investidores individuais ou grupos estrangeiros, e Bahia consolidou a chegada de multinacionais, a proposta do Fluminense surge como a mais ambiciosa e inovadora até agora. Se aprovada, pode inaugurar um novo capítulo no futebol brasileiro.
Vasco da Gama
- Venda / Valor informado: compromisso de investimento de R$ 700 milhões (aplicados pela 777 Partners e pela nova SAF).
- Comprador: 777 Partners (grupo estrangeiro).
- Percentual vendido: 70% das ações da SAF (contrato originalmente estruturado para 70% à 777).
- Dívida do clube no momento / assumida: a operação considerou assunção de até R$ 700 milhões em dívidas pela SAF; relatórios internos posteriores registraram dívidas brutas/liquidas na casa de R$ 700–740 milhões na data-base do acordo.
- Ano: 2022 (operações concluídas/setembro de 2022).
Botafogo
- Venda / Valor informado: operação com várias tranches; o contrato deu entrada de aportes (diversos reports falam em aportes iniciais de centenas de milhões em etapas). Não há um “preço único” consensual público como em outras vendas, mas o investidor realizou aportes e compromissos contratuais iniciais (reportagens citam recebimentos de parcelas como R$100 milhões, entre outros).
- Comprador: grupo liderado por John Textor (Eagle Football / estruturas relacionadas).
- Percentual vendido: ~90% da SAF para o grupo de Textor (documentos oficiais indicam 90% para o investidor e 10% ficou com o clube social).
- Dívida do clube no momento / assumida: o Botafogo chegava à operação com dívidas superiores a R$ 1 bilhão (valor citado pela imprensa na época); o contrato e os aportes visavam reequacionamento, mas o arranjo teve evolução em parcelas/aportes.
- Ano: 2022 (oficialização do acordo e início da operação em 2022).
Cruzeiro
- Venda / Valor informado: R$ 600 milhões (valor total divulgado na venda dos 90% da SAF controlada por Ronaldo à empresa do empresário Pedro Lourenço — relatos indicam que parte desse valor foi compensada por aportes/serviços já realizados).
- Comprador: Pedro Lourenço (empresário, ligado a Supermercados BH).
- Percentual vendido: 90% da SAF (aproximação padrão usada na operação).
- Dívida do clube no momento / assumida: balanços e reportagens indicavam endividamento relevante — reportagens de 2023/2024 citam endividamento do Cruzeiro na casa de ~R$ 800–811 milhões (dependendo da métrica usada). A operação incluiu transferência de controle e compromissos de aporte.
- Ano: 2024 (final de abril/29/04/2024 — venda formalizada).
Atlético Mineiro
- Venda / Valor informado: avaliação total da operação ~R$ 2,1 bilhões; aporte inicial reportado R$ 915 milhões (valores comunicados na estrutura da SAF).
- Comprador / estrutura: Galo Holding (holding formada para comprar participação) — modelo com um grupo de investidores/holding; a operação transferiu 75% da SAF à holding.
- Percentual vendido: 75% para a Galo Holding; 25% permaneceu com a associação.
- Dívida do clube no momento / assumida: a operação passou a considerar a assunção da dívida de cerca de R$ 1,8 bilhão pela nova estrutura (número divulgado pela diretoria na época).
- Ano: processo de transformação e fechamento das estruturas em 2023 (votação e formalização em 2023; operação consolidada após aprovações).
Coritiba
- Venda / Valor informado: operação anunciada com cifra reportada em torno de R$ 1,1 bilhão (algumas comunicações mencionaram valores até R$ 1,3 bi em determinadas leituras), no formato de UPI/SAF.
- Comprador: Treecorp Investimentos (fundo / grupo de investimentos).
- Percentual vendido: 90% da SAF (aprovado pelos sócios).
- Dívida do clube no momento / assumida: a operação previa a quitação total da dívida do clube, que era reportada na ordem de ~R$ 270 milhões (valor referido como dívida a ser quitada no acordo).
- Ano: 2023 (maio/junho de 2023, anuência dos sócios e homologação).
Bragantino (Red Bull Bragantino)
- Venda / Valor informado: 2019 — o grupo Red Bull formalizou acordo (fusão/compra da operação) e investiu na ordem de algumas dezenas de milhões (reportagens citam algo em torno de R$ 45 milhões na estruturação inicial) para aquisição e reestruturação do clube/integração com Red Bull Brasil.
- Comprador: Red Bull (empresa multinacional de bebidas / esportes) — controle total da gestão foi assumido.
- Percentual vendido: operação resultou em controle majoritário/total da gestão pelo Red Bull (integração das operações resultou no time conhecido hoje como Red Bull Bragantino).
- Dívida do clube no momento / assumida: a operação foi um acordo de reestruturação/injeção; os valores exatos de dívida pública na época variam, mas a transição envolveu investimento em reestruturação, CT e elenco.
- Ano: 2019 (formalização em abril de 2019).
Bahia
- Venda / Valor informado: acordo com o City Football Group envolvendo venda de 90% da SAF; valor divulgado pelo grupo como compromisso de R$ 1 bilhão em investimentos ao longo de até 15 anos (diversas parcelas e aportes).
- Comprador: City Football Group (grupo dono de Manchester City e outros clubes).
- Percentual vendido: 90%.
- Dívida do clube no momento / assumida: em março de 2023 dívida reportada em ~R$ 300 milhões; após aportes do City houve pagamento significativo (relatórios de 2024/2025 apontam quitação de cerca de 79% da dívida com aporte do City, restando saldo menor).
- Ano: processo aprovado em final de 2022 / início de 2023 (oficialização em maio de 2023).
Fortaleza
- Venda / Valor informado: não houve venda de controle para terceiros no modelo em que o clube deixa de controlar a SAF. O Fortaleza criou/constituiu SAF, mas manteve 100% do capital nas mãos da associação. Houve intenção ou discussões sobre venda de fatias minoritárias, mas sem venda de controle majoritário como nos exemplos citados.
- Comprador: — ainda sem comprador majoritário externo.
- Percentual vendido: a associação manteve totalidade (pelo menos inicialmente).
- Dívida do clube no momento / assumida: mantendo modelo associativo, não se aplicou assunção de dívida por comprador externo; Fortaleza geriu operação internamente com estrutura própria.
- Ano da constituição da SAF: projeto e constituição operacional em 2023, com modelo associativo divulgado.
Cuiabá
- Venda / Valor informado: não houve venda de controle a um grande grupo externo (o Cuiabá estruturou sua SAF e passou a operar no formato de clube-empresa, mantendo a governança local/gestão do grupo controlador). O clube tem atuado no mercado financeiro com debêntures e captações.
- Comprador: ainda sem comprador externo majoritário reportado.
- Percentual vendido: nenhuma venda pública de participação de controle comparável aos casos de Bahia, Coritiba, Vasco ou Cruzeiro.
- Dívida do clube no momento / assumida: o Cuiabá tem sido citado como um dos clubes com dívida muito baixa/zerada em relatórios recentes — em 2023/2024 aparecendo com praticamente sem dívida em alguns levantamentos (e operacionalmente com superávit em 2024 segundo reports).
- Ano: não se aplica venda de controle; a SAF do Cuiabá foi estruturada nos últimos anos e o clube seguiu modelo próprio (captações em 2025 via debêntures).
Comparação com o Fluminense
Comparado a esse histórico, o Fluminense recebeu proposta inédita em 2025: a Lazuli Partners, por meio da LZ Sports, ofereceu R$ 500 milhões em aporte inicial, assunção da dívida de R$ 871 milhões e investimento total estimado em R$ 6,9 bilhões ao longo de 10 anos. Diferentemente dos demais clubes, o projeto tricolor prevê participação pulverizada de até 40 investidores torcedores, cada um com limite de participação, o que evita concentração de poder e cria um modelo mais descentralizado.
Esse desenho coloca o Fluminense em um patamar distinto, tanto pelo volume de investimentos projetados quanto pela governança, e pode marcar uma nova fase no modelo de SAF no Brasil.
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