Grupo Mateus despenca na bolsa de valores, após erro de R$ 1,1 bilhão em estoques vir à tona

Ação GMAT3 cai 25% em sete sessões e afunda mais 2,51% nesta sexta-feira (21/11), negociada a R$ 4,96; balanço 3T25 revela superavaliação bilionária dos estoques e pressiona confiança do mercado.

O Grupo Mateus (BOV:GMAT3), uma das maiores redes de varejo alimentar do país, vive mais um dia turbulento na bolsa de valores nesta sexta-feira (21/11). As ações acumulam queda de cerca de 25% em sete pregões, após o balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25) revelar um erro contábil de R$ 1,1 bilhão na avaliação dos estoques de 2024. Às 14h10, os papéis recuavam 2,51%, cotados a R$ 4,96.

O ajuste contábil corrigiu o valor dos estoques, que passaram de R$ 6 bilhões para R$ 4,9 bilhões, afetando o patrimônio líquido em quase R$ 695 milhões. O impacto, considerado grave por analistas, reacendeu desconfianças antigas: desde 2021 a auditoria Grant Thornton já havia apontado 42 deficiências moderadas nos controles internos da companhia.

Apesar de os números ajustados do 3T25 terem ficado próximos das estimativas, o mercado classificou o balanço como “poluído”, segundo relatório do Bradesco BBI. O banco alertou que a reprecificação dos estoques altera a leitura histórica dos resultados e afeta a percepção de lucratividade — o que aumenta a incerteza sobre a real margem do negócio.

A Nord Research reforçou o tom cauteloso: mesmo com crescimento no lucro ajustado, o ruído contábil e revisões retroativas ofuscaram qualquer avanço operacional.

Além disso, as vendas em mesmas lojas no Nordeste — principal mercado da empresa — caíram 1,1%, mostrando pressão sobre o varejo alimentar na região.

Até o momento, o Grupo Mateus não forneceu explicações detalhadas sobre as razões que levaram ao erro de R$ 1,1 bilhão na contabilização dos estoques, o que aumentou a insatisfação dos investidores. Analistas apontam que a comunicação discreta e excessivamente técnica ajudou a intensificar a desconfiança do mercado.

Às 14h10 desta sexta-feira (21/11), GMAT3 operava a R$ 4,96, em queda de 2,51%, após abrir o pregão a R$ 5,11, tocar R$ 5,11 na máxima e R$ 4,90 na mínima. O forte volume e a aceleração das vendas mostram que o ajuste contábil ainda não foi absorvido e segue influenciando a percepção de risco do papel na bolsa de valores.

O Grupo Mateus (BOV:GMAT3) atua no varejo alimentar com operações de atacarejo, supermercados, lojas de vizinhança e cash & carry. É um dos maiores grupos do setor no Norte e Nordeste, competindo com nomes como Assaí (BOV:ASAI3), Atacadão – controlado pelo Carrefour (BOV:CRFB3) e outras redes regionais.

A semana foi dura para GMAT3, e o mercado segue atento aos próximos passos da companhia — especialmente sobre governança, ajustes retroativos e explicações mais claras sobre o erro bilionário nos estoques.