O ouro se recupera à medida que as incertezas fiscais e a trajetória incerta do Fed impulsionam o apetite por ativos de refúgio

Os preços do ouro subiram nas negociações asiáticas na quarta-feira, 19 de novembro de 2025, impulsionados pela renovada demanda por ativos de refúgio, em meio ao aumento das preocupações com as crescentes pressões fiscais nas principais economias, particularmente no Japão.

As dúvidas persistentes sobre se o Federal Reserve irá reduzir as taxas de juros em dezembro — juntamente com os primeiros sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho dos EUA e a expectativa em relação à ata da reunião do Fed em outubro — também contribuíram para a valorização do ouro.

O dólar americano consolidou-se após sua recente valorização, dando um pouco de fôlego aos mercados de metais. Uma queda generalizada nas bolsas globais, impulsionada pela ansiedade em torno das altas avaliações das empresas de tecnologia, fortaleceu ainda mais a demanda por ouro. Os investidores agora aguardam os resultados da NVIDIA Corporation (NASDAQ:NVDA), referência em inteligência artificial , para obter novas indicações sobre a direção do mercado.

Às 02h54 (horário de Brasília), o ouro à vista subia 0,6%, para US$ 4.092,51 a onça, enquanto os contratos futuros de ouro para dezembro ganhavam 0,7%, para US$ 4.093,79 a onça.

Aumento dos investimentos em ativos seguros em meio à crise fiscal do Japão

Uma forte alta nos rendimentos dos títulos do governo japonês — principalmente os de longo prazo — intensificou as preocupações sobre os crescentes compromissos fiscais do país e sobre a capacidade do governo da primeira-ministra Sanae Takaichi de continuar financiando os planos de gastos em larga escala.

Os mercados ficaram instáveis ​​com as notícias de que Takaichi está preparando um pacote de estímulo muito maior do que o previsto inicialmente, estimado em cerca de 25 trilhões de ienes (US$ 163 bilhões).

Os rendimentos dos títulos japoneses de 20 e 30 anos dispararam para níveis não vistos em décadas, enquanto o rendimento de referência de 10 anos atingiu seu nível mais alto desde a crise financeira de 2008.

O papel do Japão como um dos principais credores globais significa que a turbulência em seu mercado de títulos — especialmente com a deterioração do apetite dos investidores — corre o risco de se alastrar para as condições financeiras globais.

As tensões geopolíticas também contribuíram para o mal-estar, uma vez que a crise diplomática com a China se intensificou devido aos comentários de Takaichi sobre Taiwan, apesar das tentativas de Tóquio de apaziguar a situação.

Outros metais preciosos também apresentaram forte valorização: a platina à vista subiu 0,9%, para US$ 1.547,96/oz, enquanto a prata à vista saltou 1,3%, para US$ 51,3825/oz.

Perspectivas do Fed e expectativas de taxas de juros para dezembro

A incerteza em torno da próxima decisão do Federal Reserve continuou a sustentar o preço do ouro, após dados recentes sobre pedidos de auxílio-desemprego apontarem para uma persistente fragilidade no mercado de trabalho americano.

Os sinais contraditórios levaram a um aumento moderado nas expectativas de um corte de juros em dezembro, embora os mercados ainda prevejam que o Fed manterá as taxas estáveis. De acordo com o CME FedWatch, os investidores atribuem uma probabilidade de 42,4% a um corte de 25 pontos-base na reunião de 10 e 11 de dezembro, significativamente menor do que os 62,4% da semana passada.

As atenções se voltam agora para a divulgação, na quarta-feira, da ata da reunião de outubro. Embora os membros do comitê tenham apoiado, de forma esmagadora, um corte de 25 pontos-base nessa reunião, comentários recentes sugerem crescentes divisões internas sobre a pertinência de um maior afrouxamento monetário em dezembro.

A paralisação prolongada do governo dos EUA também gerou escassez de novos dados econômicos, deixando o Fed com menos visibilidade para sua última reunião do ano — aumentando as chances de uma pausa cautelosa.

As taxas de juros estáveis ​​nos EUA normalmente pressionam ativos que não geram rendimento, como o ouro, mas a incerteza econômica contínua mantém a demanda por ativos de refúgio em alta.

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