Dólar permanece em baixa antes da decisão do Fed; o euro oscila perto das máximas de várias semanas

O dólar americano manteve-se estável na quinta-feira, mas continuou a ser negociado perto das mínimas recentes, com dados econômicos mais fracos reforçando as expectativas de que o Federal Reserve cortará as taxas de juros na próxima semana.

Às 06h50 (horário de Brasília), o Índice do Dólar — que mede o valor da moeda americana em relação a seis outras moedas principais — apresentava pouca variação, cotado a 98,805, oscilando em torno da mínima de cinco semanas e com queda de quase 9% no ano.

Reunião do Fed em foco

Uma série de dados econômicos americanos mais fracos reforçou os argumentos a favor de um corte na taxa de juros pelo Fed, exercendo considerável pressão sobre o dólar.

“Após a queda de 32 mil vagas no relatório de empregos da ADP de ontem, um corte na taxa de juros pelo Fed na próxima semana parece ainda mais certo”, escreveram analistas do ING. “A curva OIS está precificando um corte de 25 pontos-base, o que significa que o Fed enfrentaria uma reação adversa potencialmente forte nos ativos de risco caso decidisse manter a taxa.”

O ING acrescentou que apenas mais 15 pontos base de cortes estão precificados até março, sugerindo que os mercados esperam um corte “mais agressivo” em dezembro.

“Nossa opinião permanece a mesma: os dados justificarão mais dois cortes no início do próximo ano, o que reforça nossa visão de que o dólar não se recuperará nem mesmo no primeiro trimestre, sazonalmente favorável.”

A moeda americana também se desvalorizou depois que o presidente Donald Trump disse que anunciaria seu indicado para substituir Jerome Powell no início do próximo ano, estendendo um processo que ele havia afirmado anteriormente já estar decidido.

Analistas alertaram que a nomeação de Kevin Hassett como conselheiro econômico da Casa Branca pode pressionar ainda mais o dólar. Segundo o Financial Times , investidores em títulos expressaram preocupação ao Tesouro de que Hassett possa pressionar agressivamente por cortes nas taxas de juros, alinhando-se às preferências de Trump.

Euro se aproxima da máxima de sete semanas

Na Europa, o par EUR/USD subiu 0,1%, para 1,1677, após atingir seu nível mais alto em quase sete semanas. O par está agora a caminho de ganhos anuais de quase 13%, seu melhor desempenho desde 2017.

“Mantemos nossa meta de 1,170 para o par EUR/USD na reunião do Fed da próxima semana e de 1,180 para o final do ano”, afirmou o ING. “A sazonalidade deve ajudar, mas também vale ressaltar que nosso modelo de valor justo de curto prazo continua apontando para uma subvalorização de cerca de 1,1% no par.”

O Banco Central Europeu se reúne em duas semanas e a expectativa geral é de que mantenha as taxas de juros inalteradas, após um ciclo cumulativo de flexibilização de 200 pontos-base que terminou em junho.

A libra esterlina recuou, com o par GBP/USD caindo 0,1% para 1,3340, após dados mostrarem que a atividade de construção no Reino Unido contraiu em novembro no ritmo mais acelerado desde maio de 2020.

O PMI da construção civil da S&P Global caiu de 44,1 para 39,4, marcando a maior queda desde a crise financeira de 2008 e permanecendo bem abaixo do limite de 50 que separa o crescimento da contração.

Dólar australiano sobe com divergência entre moedas asiáticas

Na Ásia, o USD/JPY caiu 0,2%, para 154,96, com o iene se valorizando em resposta aos dados dos EUA que reforçaram as expectativas de um corte na taxa de juros pelo Fed.

O USD/CNY subiu 0,1%, para 7,0691, enquanto o AUD/USD ganhou 0,3%, para 0,6615, com indicadores econômicos australianos mais fortes dando suporte à moeda.

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