É uma situação sem precedentes, diz Ruy Kameyama, CEO da brMalls
22 Abril 2020 - 5:00PM
ADVFN News
O varejo brasileiro precisa e
precisará se reinventar por conta da crise do
novo coronavírus. Em entrevista com Ruy
Kameyama, CEO da brMalls, Pierre Berenstein, CEO do Outback, e
Hector Nuñez, CEO da RiHappy, o exame.talks desta
quarta-feira (22) aborda o processo de transformação digital das
grandes varejistas brasileiras de diferentes setores e as novas
formas de comprar e vender. Seja no mundo físico ou no digital.
Para Ruy Kameyama, CEO da brMalls (BOV:BRML3), o varejo
brasileiro “está vendo uma situação sem precedentes”. A companhia
que teve sua operação paralisada em todo o país durante quase um
mês só começou a realizar a reabertura parcial de suas unidades nas
últimas semanas, com shoppings reabertos em Caxias do Sul e em
Campo Grande.
“Vimos a necessidade da importância de um plano de reação
rápida”, afirma Kameyama. O executivo diz ainda que a crise
também acelerou a transformação digital da brMalls. Para ele, os
shoppings vão ser essenciais na revolução do varejo pela
internet. “O e-commerce no Brasil vai se desenvolver através
do varejo físico.”
Para auxiliar no momento complicado que o varejo brasileiro
enfrenta, a brMalls irá anunciar nos próximos dias um plano de
ajuda aos pequenos e médios empreendedores cujo um dos pontos se dá
pela não cobrança do aluguel durante o período em que as lojas
estiverem fechadas. “No momento de crise, aluguel zero”, afirmou
Kameyama, com exclusividade para o exame.talks. O plano ainda está
em fase de elaboração para que seja decidido durante qual período
em que o aluguel não será cobrado.
A RiHappy entendeu que levar o mundo físico para era o caminho a
ser seguido. A empresa apostou nas darkstores, lojas que não
recebem clientes, mas que servem apenas para o abastecimento da
operação online, funcionando como pequenos centros de distribuição.
Mais de 20 lojas físicas da companhia foram adaptadas para este
modelo.
“O processo de transformação do varejo já vinha acontecendo e se
baseia em uma profunda mudança comportamental e cultural nas formas
que as empresas servem seus clientes”, afirma Alberto Serrentino,
fundador da consultoria Varese Retail.
No entendimento dos executivos, a transformação digital não pode
ser resumida apenas na abertura de uma loja online ou na
digitalização de um negócio físico. “Não é só ter um
e-commerce ou uma loja. É a junção dos dois ativos. A loja vai
passar por uma transformação. Vai ser onde o consumidor terá uma
experiência e onde vai servir como um centro de distribuição”,
afirma Héctor Nuñez, CEO da RiHappy.
O Outback dá um exemplo neste ponto. E a aposta é na
personalização da experiência. Por exemplo: o pão australiano
oferecido gratuitamente nas redes do restaurante é enviado como
cortesia nos pedidos pelo delivery. Mas não é só isso, ele vai
acompanhado de uma carta com instruções de como transformar a
residência do cliente em um ambiente similar ao Outback com dicas
como reduzir a luminosidade da sala e acessar a playlist musical do
restaurante em um serviço de streaming.
Segundo Pierre Berenstein, CEO da rede, fazer isso exigiu uma
mudança rápida de foco na operação da companhia. O plano para
operacionalizar o delivery, previsto para ser realizado em 10
meses, precisou ser acelerado e concluído em 10 dias. “A pandemia
acelerou muito o projeto de digitalização”, diz Berenstein.
“Digitalizar não é se afastar do consumidor, mas aproximar mais a
cadeia como um todo.”