CEEE-T: governo do Rio Grande do Sul tenta privatizar companhia, e sindicatos recorrem à Justiça para tentar dificultar a p...
12 Julho 2021 - 12:44PM
ADVFN News
Sob a expectativa de competição para arrematar a transmissora de
energia elétrica CEEE-T (BOV:CEED3) (BOV:CEED4), o governo do Rio
Grande do Sul recebe na manhã de hoje as propostas de interessados
em comprar o ativo, que é considerado a joia da coroa entre as
estatais de energia que o Estado possui.
A entrega de envelopes acontecerá das 09h às 12h na sede da B3
(BOV:B3SA3), em São Paulo, e a abertura das propostas está prevista
para o dia 16.
O lance mínimo pelo ativo foi estipulado em R$ 1,699 bilhão. A
expectativa é que entre seis e dez empresas participem do certame,
incluindo um fundo de pensão canadense e grandes nomes do setor
elétrico.
Segundo uma fonte que falou com o Broadcast
Energia sob a condição de anonimato, o governo espera que
o prognóstico de competição se confirme e, assim, seja possível
elevar o valor de venda do ativo para R$ 3 bilhões. Se confirmado
esse valor, o governo embolsará um ágio de 77% em relação ao valor
piso.
Entre as possíveis compradoras da CEEE-T, estaria o Canada
Pension Plan Investment Board, que é considerado o favorito a
arrematar a empresa. O fundo de pensão canadense tem participação
minoritária na Equatorial Energia, que recentemente comprou a área
de distribuição privatizada pelo governo gaúcho.
Além dele, especula-se a possibilidade de participação das
principais empresas do setor elétrico, entre elas a ISA Cteep,
Taesa, Alupar, CPFL e Eletrosul, além de outro fundo canadense, o
Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ). Recentemente, esse
fundo adquiriu 50% da FiBRasil, negócio de fibra ótica da
Telefônica Brasil, dona da marca Vivo.
Quem arrematar a CEEE-T passará a controlar 56 subestações e
mais de 6.000 quilômetros de linhas de transmissão em uma região
estratégica para a realização do intercâmbio de energia com a
Argentina e o Uruguai.
Para o secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura, Luiz
Henrique Viana, a perspectiva é de forte competição no certame, uma
vez que há um grande número de potenciais compradores do ativo
entrando na sala de informações. “A expectativa é muito boa, e
esperamos que seja alcançado um valor maior do que o estimado para
o lance mínimo. Como tem havido muita consulta, esperamos que tenha
um número maior de concorrentes do que foi com a CEEE-D”.
Judicialização
Assim como aconteceu no leilão de privatização da distribuidora
de energia CEEE-D, vendida em março para a Equatorial Energia,
sindicatos que representam os funcionários da estatal e opositores
do governo recorreram à Justiça para tentar dificultar a
privatização da empresa.
Uma das ações, movida pela Associação dos Engenheiros do Setor
de Energia Elétrica do Estado do Rio Grande do Sul (AECEEE), alega
que há um passivo previdenciário de R$ 2,329 bilhões, devido
solidariamente, pela CEEE-D e CEEE-GT ao fundo de pensão dos
empregados da companhia, os planos CEEEprev e o Único.
E, de acordo com o termo de confissão de dívida assinado em 2007
junto ao aditivo ao Convênio dos Planos CEEEprev e do Único, a
quitação dos valores seria obrigatória em caso de venda ou
reorganização societária nas companhias.
Na petição protocolada na semana passada, o sindicato diz que,
com a transferência da área de distribuição à Equatorial, ocorrida
no dia 08 de julho, e a das áreas de geração e transmissão do
grupo, seria obrigatória a quitação imediata dos valores.
Além das questões jurídicas que envolvem a privatização da
estatal, representantes de sindicatos e associações de
trabalhadores do Grupo CEEE argumentam que a venda das empresas
representa uma perda para o estado do Rio Grande do Sul, já que o
valor da venda estaria em desacordo com o potencial das
empresas.
“Estamos perdendo as nossas estatais todas por causa da eleição
passada, que elegeu um governador neoliberal e uma Assembleia
Legislativa alinhada a ele. Hoje só nos restou o judiciário”, disse
o presidente da AECEEE, Luiz Alberto Schreiner.
A alegação dos opositores da privatização é que a venda das
estatais de energia tem um caráter ideológico, e não técnico. Para
o ex-presidente do Grupo CEEE, Gerson Carrion, a quantia simbólica
de R$ 100 mil pagos pela Equatorial pela distribuidora, seria
equivalente a “dois carros velhos” da frota da empresa.
“Essa venda não tem uma concepção técnica e nem profissional,
ela é ideológica. Não se avalia uma empresa para a venda com base
no faturamento de um ou dois anos, ainda mais quando se fala em uma
concessão de 30 anos”, diz Carrion.
Outra motivação apontada para a venda da estatal seria a
pretensão política do atual governador do Estado, Eduardo Leite.
Hoje ele é cotado para ser o candidato do PSDB à Presidência da
República. “O que teve de receita nos últimos dois anos é mais do
que o valor que eles estão pedindo para a venda da transmissão. É
um sinal para o mercado”, disse o deputado federal Pompeo de Mattos
(PDT/RS).
A empresa pretende divulgar os resultados do 2T21 no dia
12 de agosto.
Informações Broadcast
CEEE-D ON (BOV:CEED3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2024 até Jan 2025
CEEE-D ON (BOV:CEED3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jan 2024 até Jan 2025