O Magazine Luiza apresentou lucro líquido de R$
93 milhões no quarto trimestre de 2021, queda de 57,6% em relação
ao mesmo período de 2020.
A receita líquida total reduziu 6,6%
para R$ 9,4 bilhões. Nos doze meses de 2021, a receita
líquida cresceu 20,9% para R$ 35,3 bilhões, em linha com a variação
da receita bruta total.
O ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – foi negativo em R$ 7,9
milhões, ante R$ 504,7 milhões registrados um ano antes. O
desempenho foi impactado positivamente por créditos fiscais.
A margem Ebitda ajustada da companhia, que mede a rentabilidade
operacional da empresa, foi de 2,6%, bem abaixo dos 5,2%
registrados um ano antes. Se considerado o valor sem ajuste, a
margem foi negativa em 0,1%, ante os 5% positivos apresentados um
ano antes.
No critério ajustado, porém, o Ebitda somou R$ 243,5 milhões,
queda de 53,5% em relação ao visto um ano antes. A margem Ebitda
ajustada ficou em 2,6 pontos percentuais, a 2,6%. No consolidado do
ano, o indicador atingiu R$ 1,47 bilhão, 1,9% abaixo do registrado
em 2020.
As vendas totais, que incluem lojas físicas, digitais e
marketplace, cresceram 4,1% entre outubro e dezembro, para R$ 15,54
bilhões. No ano, o indicador somou R$ 55,6 bilhões, alta de
27,8%.
O destaque do 4T21 foram as vendas digitais da empresa, que
somaram R$ 11,14 bilhões, alta de 117% na comparação anual. As
vendas “mesmas lojas físicas” (SSS) caíram 22,8% na mesma
comparação.
No 4T21, as vendas digitais corresponderam a 71,6% do GMV total
do Magalu, com destaque para as vendas 3P (estoque de terceiros),
que expandiu 60% no período de um ano, somando R$ 4,13 bilhões. Já
o e-commerce 1P (estoque próprio) cresceu apenas 1%, somando R$ 7
bilhões.
Ao fim de 2021, o marketplace do Magazine Luiza contava com 160
mil sellers (vendedores), um incremento de 113 mil desde dezembro
de 2020. Segundo a empresa, esse crescimento representou um aumento
de 50% nas conversão de vendas, graças ao maior sortimento de
produtos, além da entrega mais rápida pela distribuição de
localizações pelo País.
Em termos de lojas físicas, o Magalu atingiu 1.481 lojas, sendo
1.051 convencionais, 236 virtuais e 194 quiosques (parceria com as
Lojas Marisa e com a rede de supermercados Semar). Ao longo de
2021, a varejista abriu 182 novas lojas.
As vendas totais nas lojas físicas caíram 18,4% de outubro a
dezembro, enquanto, no ano, cresceram 5,8%. Já as vendas digitais
totais subiram 16,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior,
com participação de 71,6% no volume bruto de mercadoria total,
avanço de 7,8 pontos percentuais. No consolidado do ano
passado, as vendas desse segmento avançaram 39,4%. O marketplace,
por sua vez, subiu 60% na base anual, enquanto no acumulado de 2021
chegou a 68,8%.
O resultado financeiro líquido ajustado do Magazine Luiza ficou
em R$ 304,7 milhões negativos no quarto trimestre, uma piora de
156,4% frente aos R$ 118,8 milhões negativos do mesmo período de
2020.
De acordo com a varejista, trata-se de um reflexo do aumento da
taxa Selic em um ano e do comparativo mais forte com o 4T20, quando
houve aumento nas vendas das lojas físicas do e-commerce.
O indicador de alavancagem financeira do Magalu, medido pelo
caixa líquido ajustado/Ebitda ajustado ficou em 3,8x em
dezembro/21, estável em relação a setembro. Já no 4T20, o indicador
era de 4,9x.
“A Companhia encerrou o ano com uma posição de caixa líquido
ajustado de R$5,5 bilhões e com a maior posição de caixa total da
sua história, no valor de R$12,3 bilhões, considerando caixa e
aplicações financeiras de R$4,1 bilhões e recebíveis de cartão de
crédito disponíveis de R$8,2 bilhões’”, diz o balanço do
Magalu.
De acordo com o balanço financeiro do Magazine Luiza, 94% do
endividamento da empresa é de longo prazo.
Os resultados da Magazine
Luiza (BOV:MGLU3) referente suas operações do quarto
trimestre de 2021 foram divulgados no dia 15/03/2022. Confira o Press Release completo!
Teleconferência
O balanço dos três últimos meses do ano passado mostrou uma
combinação bombástica para o preço das ações no curto prazo:
esforço de crescimento do marketplace gerando despesas ainda
salgadas, situação econômica para lá de desafiadora derrubando
vendas físicas e estoques elevados tornando as promoções
necessárias. Tudo isso correu a rentabilidade do negócio.
Além de um prejuízo de R$ 79 milhões, que contabilmente só foi
salvo por créditos tributários (que deixou a conta no azul em R$ 93
milhões), o Magalu teve queda na receita líquida de quase 7%, para
R$ 9,4 bilhões. E isso não deixou nenhum investidor feliz. E o
esforço do presidente Frederico Trajano de mostrar que a companhia
mais do que triplicou a venda online de 2019 para 2021, de R$ 12,3
bilhões para R$ 39,8 bilhões, não conseguiu fazer eco no humor dos
investidores.
Para completar, as mais de 20 aquisições em dois anos geraram
despesas extraordinárias, o que fez o Ebitda da empresa ficar
negativo em R$ 7,9 milhões, e as despesas financeiras quase
triplicaram para R$ 305 milhões com um serviço de dívida mais caro,
devido aos juros em alta, e um impacto importante sobre o desconto
de recebíveis — quase core business no varejo brasileiro que vive
de antecipar receitas das vendas parceladas.
Trajano, durante a teleconferência com analistas, para quem
tinha dúvida do quanto inflação e juros pegam no negócio foi
cristalino na informação. “A renda do nosso cliente médio da loja
física é de R$ 2.500.” O número não deixa dúvida sobre como o
aumento no preço do básico, com alimentação e energia, traz impacto
sobre a disposição de compras do brasileiro. “As vendas de produtos
premium se mostraram mais resilientes. Mas não é isso que gostamos
de fazer. Nós gostamos de vender para o brasileiro. Democratizar o
consumo”, disse, ao enfatizar sua frustração com o cenário.
Para quem avalia estratégia no mais longo prazo, a questão que
se colocou é que o Magalu é cada vez mais Mercado Livre, mas ainda
sem ser Mercado Livre. Em fevereiro, por exemplo, as vendas do
marketplace superaram pela primeira vez as vendas das lojas físicas
na composição mensal total: 27% contra 26,7%. A velocidade da
transformação é clara quando se vê que essa comparação na média de
2021 foi de 23,5% para 28,5%.
O que isso quer dizer? Que o marketplace é cada vez mais
importante, na comparação com a venda física (onde está margem
maior), mas a empresa ainda está em um momento em que há esforço
(investimento) para conquista de novos sellers (os demais varejos
que vendem na plataforma do Magalu), sem que as receitas de demais
serviços para esses vendedores ainda possam fazer diferença na
rentabilidade. Aliás, Magalu não está sozinho. Essa é a situação do
setor como um todo no Brasil. No Mercado Livre, por exemplo, o
Mercado Pago já responde por quase 40% da receita.
A margem bruta até reagiu um pouco e ficou 0,6 ponto percentual
maior. Só que ainda está distante de ser o suficiente para lidar
com o tamanho do investimento (registrados como despesas).
Frederico Trajano ressaltou estar confiante de que o negócio está
no caminho certo e nesse trimestre houve um maior número de
detalhes sobre como as demais frentes de produtos, cada vez mais
integradas à plataforma, com Kabum, AiQFome e outros, mostram
melhoria de performance. A Netshoes, por exemplo, registrou lucro
líquido no ano passado.
Mas, por enquanto, nada disso convence para o curto prazo, ainda
que investidores e analistas entendam que a rota para o longo prazo
é essa mesma. Os números do trimestre chegaram até mesmo a ficar
acima da expectativa de alguns analistas. Mas isso fez pouca
diferença para quem faz gestão de portfólio. A disposição com a
jornada diminuiu muito com os desafios que o cenário global e
especialmente doméstico impõe. Nada parece ajudar quando
investidores e consumidores só falam sobre o valor da gasolina e
agora até a alta no preço do pãozinho virou tema nacional.
O curtíssimo prazo tem um componente extra no caso de Magalu.
Depois de elevar os estoques de R$ 5,9 bilhões para R$ 9,1 bilhões,
entre o fim de 2020 e o fim de 2021, para lidar com seu próprio
projeto de expansão de lojas e com o otimismo que chegou a existir
com as previsões pós-pandemia, a companhia não só terminou o ano
passado fazendo promoções, também começou 2022.
VISÃO DO MERCADO
Bank of America
O Bank of America (BofA) reiterou a recomendação de compra da
ação e preço-alvo de R$ 20,00 da ação da Magazine Luiza por boas
perspectivas de longo prazo e uma visão positiva em relação à
gestão da companhia apesar de um cenário macroeconômico
desfavorável para o setor de varejo.
“Continuamos percebendo que a Magazine Luiza tem uma plataforma
atraente, sustentável e diferenciada, e mantemos nosso rating de
compra das ações”, escreveram os analistas Melissa Byun, Vinicius
Pretto, Guilherme Vilela e Robert E. Ford Aguilar, em
relatório.
Embora avaliem que a erosão dos salários e o aumento das taxas
de juros deverão estender um ambiente desafiador para a demanda das
categorias discricionárias da varejista, eles esperam que
rescisões, encerramentos de contratos e outros encargos do quarto
trimestre de 2021 devem ajudar a companhia a retornar sua estrutura
de custos aos níveis históricos nos próximos meses.
“Espera-se também que os avanços nas despesas coincidam com a
integração de muitas aquisições da Magazine Luiza à medida que a
companhia avança para ampliar sua plataforma e criar externalidades
de rede mais poderosas. Os ativos adquiridos estão fornecendo
conteúdo e novas verticais de comércio eletrônico, melhorando a
conversão, adicionando funcionalidade, reforçando a segurança da
rede, acelerando o desenvolvimento de fintech, aprimorando a
entrega e criando novas oportunidades de publicidade”,
comentam.
Outros avanços esperados são uma melhora da conversão de
vendedores com atendimento simultâneo que deve impulsionar a
visibilidade do estoque distribuído.
Bank of America mantém recomendação de compra com preço-alvo de
R$ 20,00…
Bradesco BBI
Já o Bradesco BBI reiterou o rating neutro, mas cortou o
preço-alvo para R$ 9,00 (de R$ 11), devido a revisões para baixo em
suas estimativas que consideram maiores encargos financeiros e
capital de giro menos favorável, após resultados do 4T21 muito
abaixo do esperado, com ebitda mais 20% abaixo do consenso e de
suas análises, com queda de mais e 50% em base anual.
“Olhando para frente para 2022, nós esperamos perda líquida
considerável como resultado da taxa Selic mais alta e um nível mais
alto de dívida bruta, o que poderia potencialmente arrastar perdas
também para 2023”, comentaram os analistas, em relatório.
Dito isso, eles avaliam que a Magalu fez um progresso
estratégico com R$ 5 bilhões de GMV na categoria Moda &
Sportswear, equivalente a 10-15% do GMV de e-commerce, enquanto as
verticais de Beleza, Mercearia e Entrega de Alimentos também
cresceram.
“Os pedidos de marketplace que são tratados pelo Magalu estão
tendo um aumento de 50% na conversão à medida que os prazos de
entrega melhoram, e 30% do 3P GMV agora está sendo entregue em 48
horas. Esperamos que este seja o foco principal da empresa em 2022,
pois as categorias legadas (1P e Lojas principalmente) permanecem
fracas, pelo menos no primeiro semestre do ano.”
“Apesar do progresso estratégico que foi feito até 2021,
acreditamos que o mercado provavelmente se preocupará com as
margens. A questão não é necessariamente a pressão no curto prazo,
dado o forte balanço da empresa, mas até que ponto as margens se
recuperarão nos próximos dois anos e onde devem se estabelecer no
longo prazo. Esse debate vem ocorrendo há algum tempo, mas a
incerteza aumenta quando os resultados mostram mais pressão de
margem do que o esperado e achamos que isso deve pesar
negativamente nas ações”, finalizaram.
Bradesco BBI mantém recomendação neutra e
reduz preço-alvo de R$ 11,00 para R$ 9,00…
BTG Pactual
Os analistas do BTG Pactual mantiveram a recomendação de compra
para a ação, com preço-alvo de R$ 16,00, mesmo considerando que os
resultados do quarto trimestre vieram fracos, como já era esperado,
e disseram que ainda esperam que a ação da companhia siga
pressionada nos próximos meses, apesar da grande liquidação recente
(o papel MGLU3 caiu -78% nos últimos meses), fortemente impactada
por uma perspectiva mais dura e sujeita a riscos negativos para
suas estimativas.
Eles consideram que o comércio eletrônico continua sendo uma
opção de investimento positiva, mas com muito mais ruídos no curto
prazo que impactam a ação da Magazine Luiza, como o debate global
sobre a inflação, o aumento das taxas de juros (agora ainda mais
pronunciado), com efeito sobre o custo de capital próprio.
“No Brasil três preocupações principais pesaram no desempenho
das ações, e devem persistir no curto prazo: a desaceleração no
comércio eletrônico local, principalmente para eletrônicos e 1P,
concorrência entre empresas nacionais e internacionais (mais
descontos, subsídios e CAC crescente) e preocupações com margens
sustentáveis para players de comércio eletrônico, dada a
perspectiva competitiva à frente.”
Os analistas do BTG também veem o desenvolvimento do mercado da
companhia em termos de sortimento e níveis de serviço como chave
para as margens da empresa e o crescimento da receita nos próximos
trimestres, em meio a perspectivas mais competitivas no setor de
comércio eletrônico local.
Itáu BBA
O Itaú BBA também manteve a classificação da companhia em
“outperform” (equivalente à compra) com preço-alvo de R$ 12,00,
destacando que os ventos macro contrários e uma base de comparação
difícil levaram a um trimestre fraco para o Magazine Luiza, o que
já era esperado.
“Embora o faturamento tenha ficado em linha com nossa
estimativa, a divisão B&M apresentou um desempenho
surpreendentemente fraco, parcialmente compensado por uma melhor
operação digital. A lucratividade ficou abaixo das nossas
expectativas, com maiores despesas de SG&A e uma contração de
260 pb na margem EBITDA ano contra ano. Por fim, a empresa reportou
algumas despesas pontuais relacionadas a um reajuste na operação de
B&M que não estava no nosso radar”, comentaram.
Itaú BBA mantém recomendação de compra com preço-alvo a R$
12,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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MAGAZINE LUIZA ON (BOV:MGLU3)
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