Americanas: demonstrações financeiras vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior
13 Junho 2023 - 9:09AM
ADVFN News
A Americanas, em recuperação judicial, que os assessores
jurídicos da administração da empresa apresentaram, em reunião do
conselho de administração realizada nesta segunda-feira, 12,
relatório contendo achados preliminares sobre as inconsistências
contábeis relatadas pela empresa em janeiro. O documento indica que
houve fraude.
“Os documentos analisados indicam que as demonstrações
financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria
anterior da Americanas”, afirma a empresa em fato relevante enviado
à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A empresa explica que o relatório apresentado pelos assessores
foi baseado em documentos entregues pelo comitê de investigação
independente e por documentos complementares identificados pela
administração e seus assessores após as reuniões com o Comitê.
Os documentos que deram origem ao relatório, destaca a empresa,
demonstram ainda os esforços da diretoria anterior das Americanas
(BOV:AMER3) para ocultar do conselho de administração e do mercado
em geral a real situação de resultado e patrimonial da
companhia.
As informações do relatório, associadas aos trabalhos de
refazimento das demonstrações financeiras históricas da companhia
que já vinham sendo realizados pela Americanas e seus assessores
financeiros e contábeis, levaram ao entendimento de que como a
fraude ocorria.
Contratos
Foram identificados diversos contratos de verba de propaganda
cooperada e instrumentos similares (VPC), incentivos comerciais
usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido
artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da
companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com
fornecedores. Esses lançamentos, feitos durante um significativo
período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o
saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022.
As contrapartidas contábeis em balanço patrimonial desses
contratos de VPC criados ao longo do tempo, os quais não tiveram
lastro financeiro associado, se deram majoritariamente na forma de
lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando, em
números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 17,7 bilhões em
30 de setembro de 2022. A diferença de R$ 4,0 bilhões teve como
contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da
companhia.
Financiamentos
Em adição às operações de VPC, e como forma de gerar o caixa
necessário para a continuidade das operações das Americanas, a
diretoria anterior da companhia contratou uma série de
financiamentos nos quais a empresa é devedora perante instituições
financeiras, sem as devidas aprovações societárias, todas
inadequadamente contabilizadas no balanço patrimonial da companhia
de 30 de setembro de 2022 na conta fornecedores.
Foram realizada operações de financiamento de compras (risco
sacado, forfait ou confirming) de R$ 18,4 bilhões, em números
preliminares e não auditados. Também foram realizadas operações de
financiamento de capital de giro de R$ 2,2 bilhões, em números
preliminares e não auditados.
“A indevida contabilização dessas operações de financiamento nos
demonstrativos financeiros da Americanas não permitiu a correta
determinação do grau de endividamento da companhia ao longo do
tempo”, ressalta a empresa.
Redutores de conta
Também foram identificados lançamentos redutores da conta de
fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras, que
deveriam ter transitado pelo resultado da companhia ao longo do
tempo, totalizando, em números preliminares e não auditados, o
saldo de R$ 3,6 bilhões em 30 de setembro de 2023.
“Os ajustes contábeis, derivados dos fenômenos, são
preliminares, não auditados e ainda estão sujeitos a alterações. Os
ajustes contábeis definitivos estarão refletidos nos demonstrativos
financeiros históricos auditados que serão reapresentados assim que
os trabalhos estiverem concluídos. Da mesma forma, o efeito desses
ajustes nos resultados da companhia ao longo do tempo ainda está
sendo apurado, mas a expectativa da administração é de que o
impacto nos resultados mais recentes seja significativo”,
destaca.
Executivos envolvidos
O relatório indica, ainda, a participação na fraude do ex-CEO
Miguel Gutierrez, dos ex- diretores Anna Christina Ramos Saicali,
José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos
ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da
Silva Nunes.
“Miguel Gutierrez desligou-se da companhia em 31 de dezembro de
2022. José Timótheo de Barros foi afastado de suas funções
executivas na companhia em 03 de fevereiro de 2023 e comunicou sua
renúncia em 1º de maio de 2023. Os desligamentos de Anna Christina
Ramos Saicali, Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia
Carneiro e Marcelo da Silva Nunes, também afastados de suas funções
executivas na companhia desde o dia 03 de fevereiro de 2023, assim
como dos demais colaboradores identificados até o momento, já foram
determinados pela administração da companhia”, afirma.
O Conselho de Administração orientou a Americanas e os
assessores a apresentarem o Relatório a todas as autoridades
competentes e avaliar as medidas visando ao ressarcimento dos danos
causados pela fraude em suas demonstrações financeiras.
Informações Broadcast
Americanas ON (BOV:AMER3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2024 até Ago 2024
Americanas ON (BOV:AMER3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Ago 2023 até Ago 2024