Vibra: eventual aquisição do controle pela Petrobras é constantemente monitorada pelo mercado
20 Julho 2023 - 2:52PM
ADVFN News
Uma eventual aquisição do controle da Vibra pela Petrobras —
hipótese negada pela estatal, mas constantemente monitorada pelo
mercado — tornou-se mais difícil agora, com a ratificação pelos
acionistas da proposta da administração para tornar mais cara a
compra do controle da empresa. A assembleia aprovou mudanças na
precificação de uma eventual oferta pública de aquisição (OPA),
caso algum investidor avance mais de 25% do capital da
distribuidora.
“A mudança da poison pill é uma forma de defender o acionista.
Há potenciais de upside no papel que ainda não foram capturados
pelo preço de tela”, aponta Rodrigo Almeida, head de Oil&Gas do
research do Santander. “Em nossa opinião, as mudanças aumentam o
nível de proteção da empresa contra uma possível aquisição de
controle”, acrescenta o Citi, em relatório divulgado nesta
quinta-feira (20) — opinião também compartilhada por analistas do
Bradesco BBI.
Com a mudança, o investidor que comprar mais de 25% do capital a
fazer oferta por toda a empresa tendo como referência o preço
máximo da ação nos 18 meses anteriores majorado de 15%, também será
considerado o pico de preço intradiário, e não somente valores de
fechamento, com correção pelo CDI até o dia de formalização da
oferta.
Segundo a administração da Vibra (BOV:VBBR3), a alteração do
mecanismo seguiu sugestão de alguns acionistas. “A administração
entende que tais ajustes contribuem para a fixação de um preço da
OPA que seja economicamente favorável aos demais acionistas da
Companhia”. Nos cálculos iniciais do mercado, a nova regra deverá
implicar em cerca de R$ 5 a mais por ação, aumentando a proteção da
Vibra contra uma (re)tomada de controle.
Desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), o mercado monitora uma possível volta da União
à empresa. Antiga BR Distribuidora, a Vibra foi subsidiária da
Petrobras até 2019 e, somente em 2021, o governo saiu totalmente da
empresa.
“O comando da Petrobras já admitiu publicamente que deseja uma
Petrobras mais verticalizada para além da produção de petróleo”,
lembra Mateus Haag, analista da Guide Investimentos. “Agora, vejo
improvável para a Petrobras tentar comprar a Vibra, o preço a ser
pago subiu muito. Também vejo que isso desestimula o plano de
voltar à distribuição, porque só restariam distribuidoras menores a
serem adquiridas”.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, negou mais de uma
vez que a estatal tenha como plano recomprar a Vibra – inclusive em
coletiva de imprensa dada na última quarta-feira. Por outro lado,
Prates critica a licença dada à distribuidora para utilizar a
bandeira de postos com o nome Petrobras. O CEO entende que esse
contrato de cessão da marca por 10 anos tem que ser rediscutido,
mas sem judicialização.
“Os postos da Petrobras não são mais da Petrobras e podem vender
gasolina que não é da Petrobras. Vamos judicializar [por causa
disso]? Não. Vamos conversar. Sem trauma e sem prejudicar ninguém”,
disse Jean Paul Prates, em entrevista concedida em maio à
GloboNews.
Outra medida que passou sob o radar do mercado foi uma mudança
no sistema de eleição de conselheiros da Vibra. A partir de agora,
a votação se dará somente por chapa, não sendo possível eleger
conselheiros individualmente. Na prática, mesmo se a Petrobras ou
outro investidor montar uma posição relevante na Vibra, esse
acionista não teria como concentrar seus votos para eleger um
membro do board – ou seja, seria necessário compor em um bloco de
controle.
Para Almeida, do Santander, atualmente há poucas sinergias que
poderiam ser capturadas pela Petrobras em um retorno à Vibra. O
analista lembra que as regras da Agência Nacional de Petróleo (ANP)
limitariam eventuais tentativas de intervenção direta nos preços
dos combustíveis ao consumidor final.
Em outra frente, caso a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) siga
em frente com seu plano de transição energética, a Vibra poderia
ser um meio de “acelerar” a entrada da estatal neste segmento.
Rodrigo Almeida cita como exemplo a Comerc, comercializadora de
energia que a Vibra comprou metade do negócio e é uma das frentes
que a ex-BR Distribuidora vê para avançar na pauta da transição
energética. “Tirando a questão da Comerc, não vejo em quais outras
frentes a Petrobras poderia se diferenciar, caso voltasse à Vibra”,
completa o analista.
Informações Infomoney
Vibra Energia ON (BOV:VBBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jul 2024
Vibra Energia ON (BOV:VBBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2023 até Jul 2024