A Minerva Foods encerrou o segundo trimestre do ano com lucro
líquido de R$ 120,7 milhões, com queda de 71,6% em relação ao mesmo
período de 2022.
Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), recuou
8,6%, para R$ 711,2 milhões, a margem Ebitda subiu de 9,2% para
9,8% e a receita líquida diminuiu 14,1%, para R$ 7,277 bilhões. A
relação entre dívida líquida e Ebitda nos últimos 12 meses
permaneceu estável em 2,7 vezes, mesmo após a aquisição da empresa
australiana de ovinos ALC, no fim de 2022.
Da receita bruta de R$ 7,759 bilhões obtida no segundo
trimestre, 13,4% menos que um ano antes, as vendas no mercado
externo representaram R$ 5,108 bilhões (queda de 19,8%). Nos
mercados internos em que atua, o montante chegou a R$ 2,651 bilhões
(alta de 2,1%), puxado pelo Brasil. No total, os abates de bovinos
da companhia, que nessa frente atua em Brasil, Argentina, Colômbia,
Paraguai e Uruguai, chegaram a 1,021 milhão de cabeças, 1,4% menos
que entre abril e junho do ano passado.
De acordo com Edison Ticle, CFO da Minerva, a queda da receita
decorreu, em boa medida, da redução de custos e dos preços da carne
bovina no período. Já a retração do lucro líquido foi creditada à
elevada base de comparação, uma vez que no segundo trimestre de
2022 o resultado contou com efeitos não recorrentes relacionados à
variação cambial.
Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva, afirmou, em
entrevista, que as perspectivas são positivas no mercado
internacional para este segundo semestre, em larga medida em
virtude da queda da oferta nos Estados Unidos, também grandes
exportadores da proteína.
Na América do Sul, sobretudo no Brasil, o atual ciclo da
pecuária, com oferta crescente, favorece os frigoríficos. A
companhia prevê que, no mercado brasileiro, esse ciclo positivo
deverá durar entre dois ou três anos. Do ponto de vista da demanda,
a expectativa é de gradual recuperação das vendas à China, que no
segundo trimestre respondeu por 35% da receita da empresa com
exportações.
Principal destino dos embarques sul-americanos e globais de
carne bovina, a China suspendeu temporariamente as importações de
carne bovina brasileira em março, devido à confirmação de um caso
atípico da doença da “vaca louca” no Pará, medida que impactou os
resultados da Minerva Foods e das companhias do ramo em geral no
primeiro trimestre. Além disso, os preços médios dos cortes
vendidos ao país asiático caíram, tendência que, segundo Galletti
de Queiroz, já foi estancada.
A Minerva também está mais animada com o mercado brasileiro,
onde os custos estão em baixa e o consumo dá sinais de reação. De
acordo com Edison Ticle, CFO da companhia, o início da queda da
taxa básica de juros (Selic) deverá beneficiar as vendas neste
trimestre e no próximo, quando sazonalmente o consumo costuma
crescer.
Os resultados da Minerva Foods (BOV:BEEF3) referente
suas operações do segundo trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 09/08/2023.
Minerva aprova distribuição de dividendos intercalares
no valor de R$ 114 milhões
O conselho de administração da Minerva aprovou a
distribuição de dividendos intercalares.
O montante total é de R$ 114 milhões, correspondentes a R$
0,1942738257 por ação.
Terão direito ao dividendo declarado pessoas inscritas como
acionistas da companhia na data-base de 14 de agosto de 2023,
respeitadas as negociações realizadas até essa data, inclusive.
Teleconferência
Estamos otimistas com a demanda na Ásia, principalmente com a
retomada da China, diz CFO.
“Isso, combinado com o ciclo do gado caindo nos EUA e com o
momento do mesmo ciclo no Brasil, sustentam nosso otimismo para o
fim do ano”, disse Edison Ticle, CFO da Minerva, a analistas.
Segundo Edison Ticle, CFO da Minerva, há uma evolução positiva
do mercado de crédito, o que tem melhorado o fluxo de caixa da
companhia, “permitindo que deixemos de financiar fornecedores”.
“Houve liberação de espaço no capital de giro de R$ 62 milhões”,
afirmou.
Nós temos melhora na conta de fretes para ocorrer, isso porque
no começo do ano decidimos travar dois terços dos gastos fixando
contratos, diz CFO.
“Margem bruta melhorou porque o ciclo do gado está positivo, e
vemos que deve continuar positiva”, disse Edison Ticle, CFO da
Minerva.
“Tivemos, além disso, outras questões que pesaram no nosso
resultado no segundo trimestre, como gastos com abatimento de
debêntures, e que devem liberar espaço até o fim do ano.”
“Volumes cresceram no ano e as receitas caíram. Não achávamos
que o preço do gado ia cair tanto. Tivemos ainda uma apreciação
cambial importante, que não esperávamos”, disse Edison Ticle, CFO
da Minerva.
“O fato positivo, porém, é que nossos volumes estão crescendo 4%
no ano. Neste trimestre, na base sequencial, tivemos uma alta de
9%. Fora isso, temos uma recuperação de preços que está acontecendo
no terceiro trimestre mais forte do que o esperado e o câmbio
também se depreciou.”
“Vale lembrar que o Brasil ficou suspenso. Mas os embarques
estavam feitos, com estoque por lá. Houve um represamento de
produtos, o que impediu os preços de subirem”, disse Fernando
Galletti de Queiroz, CEO da Minerva. Segundo ele, os problemas
sanitários com carnes de frango e porco “abalaram a imagem” destas
proteínas, principalmente com os jovens de classe média.
“Isso nos deixa positivo com a China”, disse, acrescentando: “A
carne bovina tem muito espaço para subir.”
“Todo esse cenário melhor, com China, se traduz em melhor
Ebitda. Isso, por sua vez, se traduz em melhor alavancagem”, disse
Edison Ticle, CFO da Minerva. A companhia anunciou R$ 114 milhões
em dividendos na véspera.
Apesar do faturamento ainda fraco, por conta dos baixos preços
da carne no mercado mundial, a expectativa da Minerva é que isso
melhore até o final do ano – com o cenário puxado principalmente
pela China.
“Vemos uma inflexão dos preços na China. Eles bateram o fundo e
agora se recuperaram. Vale lembrar que o Brasil ficou suspenso de
vender para o país, mas os embarques estavam feitos o que formou
estoque por lá. Houve um represamento de produtos que impediu os
preços de subirem”, diz Fernando Galletti de Queiroz, diretor
executivo (CEO) da Minerva.
Para eles, apesar de a economia chinesa estar dando sinais de
enfraquecimento, o consumo de carne bovina, por lá, se tornou algo
estrutural após problemas sanitários com as proteínas de frango e
de porco (gripe aviária e suína, respectivamente). O recuo dos
estoques também deve liberar espaço para as altas.
“Estamos otimistas com a demanda na Ásia, principalmente com a
retomada da China. Isso, combinado com o ciclo do gado caindo nos
EUA e com o momento do mesmo ciclo no Brasil, sustentam nosso
otimismo para o fim do ano”, falou Edison Ticle, diretor financeiro
(CFO).
Segundo os executivos, a antecipação de dividendos, de R$ 114
milhões, foi uma demonstração de confiança de que o cenário será
benigno até o final de 2023 – que deve, entre outras coisas,
refletir em um melhor Ebitda e uma melhor alavancagem.
Fora isso, a Minerva enxerga que deve ainda melhorar sua posição
de caixa. No primeiro trimestre, o mau momento do mercado de
crédito, com juros altos e o impacto da recuperação judicial da
Americanas (AMER3) levou a companhia a financiar seus fornecedores,
movimento que já enfraqueceu no segundo trimestre e que deve
diminuir até o final do ano.
“Evolução positiva do mercado de crédito tem melhorado o fluxo
de caixa, permitindo que deixemos de financiar fornecedores. Houve
liberação de espaço no capital de giro de R$ 62 milhões”, expôs o
CFO.
Analistas destacaram que, no segundo trimestre, o fluxo de caixa
livre, de R$ 191 milhões, foi normalizado devido a esse movimento –
mas ainda vindo um pouco mais fraco do que o esperado.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Para o Bradesco BBI, o resultado do Ebitda no 2T23 acima do
consenso e a recuperação na geração de caixa devem sustentar reação
positiva às ações da Minerva (BEEF3). No entanto, a recuperação das
exportações de carne bovina para a China após a reabertura
econômica do país está ocorrendo em um ritmo mais lento do que o
esperado, reforçando uma visão mais cautelosa sobre a Minerva,
relata o banco. O BBI tem recomendação neutra para a Minerva, com
preço-alvo de R$ 16/ação.
Itaú BBA
“A rentabilidade já está aqui. Acreditamos que a forte expansão
da margem foi o destaque do segundo trimestre, o que deve aliviar
parcialmente as preocupações dos investidores sobre a recuperação
dos ganhos”, fala o time do Itaú BBA, encabeçado por Gustavo
Troyano.
A margem bruta do frigorífico chegou a 20,8%, ante 17,9% no
mesmo período do ano passado e 18,1% no primeiro trimestre. O ciclo
do gado positivo no Brasil, com o aumento dos animais disponíveis,
vem diminuindo a pressão dos custos da companhia.
“A Minerva apresentou sólidas margens Ebitda [lucro antes de
juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] o
que estava amplamente em linha com nossa estimativa, mas com o
número ainda 40 pontos-base acima do consenso”, diz o time do
Santander, chefiado por Rodrigo Almeida.
“O aumento da margem foi impulsionado por um ciclo em melhoria
no Brasil, onde os preços do gado continuaram a cair e as
exportações de carne bovina melhoraram significativamente em
relação ao trimestre anterior”, complementa a equipe.
Do outro lado, no entanto, a receita líquida da Minerva ficou em
R$ 7,2 bilhões, queda de 14,1% no ano – isso com o volume total de
vendas recuando apenas 2,4%, para 314,1 mil toneladas.
O menor faturamento se deu, principalmente, por conta do recuo
do preço da carne. Houve impacto também no Ebitda, de R$ 711,2
milhões (baixa de 8,6% no ano), e no lucro líquido, de R$ 120,7
milhões (baixa de 71,6% no ano).
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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