O Magazine Luiza apresentou prejuízo líquido de R$ 302 milhões
no segundo trimestre de 2023, alta de 123% em relação ao resultado
negativo de um ano atrás.
O Ebitda, por sua vez, foi de R$ 284 milhões, queda de 38% sobre
o mesmo período de 2022. O CFO da companhia diz que, neste
trimestre, a evolução do marketplace “compensou” efeitos negativos
ligados a tributação e permitiu que a margem bruta da empresa
evoluísse, no entanto, o repasse desses efeitos ainda não foi feito
em sua totalidade, o que ajuda a explicar o Ebitda em queda, afirma
Roberto Belissimo.
A volta do DIFAL (diferencial de alíquota do ICMS) fez com que
as mercadorias vendidas passassem a ser tributadas tanto na origem
quanto no destino e, assim, aumentou o imposto pago pelas empresas
de e-commerce. Belissimo diz que a empresa conseguiu repassar em
preço de 60% a 70% desse impacto no segundo trimestre. “Vamos
continuar repassando e equilibrando o crescimento de vendas. Essa
questão é uma tendência temporária, enquanto a evolução do nosso
marketplace é uma tendência contínua”, afirmou ao Broadcast.
A margem bruta do trimestre foi de 28,8%, alta de 0,2 ponto
porcentual (p.p.) sobre o apresentado um ano antes. Já a margem
Ebitda caiu 2 p.p., para 3,3%. Em seus destaques financeiros, a
companhia ressalta que o crescimento das vendas em conjunto com o
aumento da margem de contribuição do marketplace contribuiu para o
Ebitda ajustado, que atingiu R$ 439,8 milhões.
“A margem EBITDA ajustada passou de 5,7% para 5,1% em função,
principalmente, do aumento dos impostos. No mesmo período, o
resultado líquido ajustado foi negativo em R$198,8 milhões, ainda
influenciado pela alta taxa de juros”, diz o release de resultados
da varejista.
A receita líquida da companhia ficou praticamente estável, em R$
8,6 bilhões, com oscilação positiva de 0,1%. As vendas totais,
incluindo lojas físicas, comércio eletrônico com estoque próprio e
marketplace (shopping virtual onde lojistas parceiros vendem seus
produtos e a varejista cobra uma taxa sobre a venda) cresceram 5,8%
e atingiram R$14,7 bilhões. Nas lojas físicas, houve crescimento de
2,7%.
A empresa chama a atenção par ao fato de que o e-commerce
brasileiro teve uma queda de 15,1% segundo a Neotrust, enquanto na
empresa as vendas digitais avançaram 7% e atingiram R$10,7 bilhões.
No e-commerce com estoque próprio, as vendas evoluíram 2,3%. Já no
marketplace, as vendas atingiram R$ 4,2 bilhões no trimestre, com
crescimento de 15,1%.
Sobre essa divisão, o vice-presidente de negócios, Eduardo
Galanternick, diz que o foco de crescimento tem se voltado para
categorias complementares às especialidades de venda da empresa,
com tíquete médio de mais de R$ 200. Em sua visão, nessa faixa, a
empresa não está exposta à força de plataformas de produtos
importados com isenção de imposto de importação.
“A área de vestuário é mais impactada”, diz. Ele explica que, na
divisão da Netshoes, a companhia tem investido na força de marcas
originais, enquanto algumas divisões de moda, lançadas recentemente
pela companhia, agora ficam mais de lado na estratégia da
empresa.
Os resultados da Magazine Luiza (BOV:MGLU3)
referente suas operações do segundo trimestre
de 2023 foram divulgados no dia 14/08/2023.
Teleconferência
Durante a teleconferência com analistas, realizada na manhã de
hoje, os executivos do Magazine Luiza expuseram que repassaram, até
então, cerca de um terço dos gastos com o Difal, que é a diferença
de alíquota sobre uma mercadoria determinada entre o estado de
origem da mercadoria e o de destino. Segundo o diretor executivo,
Frederico Trajano, a varejista espera repassar até 90% do preço até
o final do ano.
Fora isso, os diretores mencionaram ainda que esperam uma
melhora do cenário até o final do ano – ainda que um pouco
vagarosa.
“As categorias de tickets mais caros têm mais correlação com a
taxa Selic. Com a queda, elas devem avançar, mas é uma tendência
gradual”, expôs Trajano. “Não posso dizer que isso começou em
julho, porque a queda começou em agosto. Mas no primeiro mês do
segundo semestre tivemos uma racionalidade maior na
competitividade. Vejo uma dinâmica perspectiva para o médio prazo
mas no curto prazo já temos alguns avanços”.
Quanto ao capital de giro, o Magazine Luiza explicou que é
possível haver uma piora até o fim de 2023 por conta da formação de
estoques para a Black Friday. A varejista espera que a data, neste
ano, supere a de de 2022, que foi a melhor de sua história.
“Continuamos reduzindo estoques marginalmente desde o final de
2021. Já reduzimos R$ 1,5 bilhão desde o pico. Nível de ruptura
está em patamar saudável. Naturalmente, estamos sempre buscando
melhorar o nível, mas mais via aumento das vendas”, explicou
roberto Bellissimo Rodrigues, diretor financeiro (CFO). “Podemos,
no entanto, ganhar eficiência. Temos uma série de iniciativas
internas, mas isso não deve acontecer no curto prazo, porque vamos
nos preparar para o final de ano com aumento dos estoques”.
Na relação com fornecedores, o CFO, destacou que após o
incidente da Americanas (AMER3) no começo do ano agora as taxas de
juros de linhas de risco sacado já estão quase voltando aos níveis
normais. “Custos das linhas de empréstimos aos fornecedores ficaram
mais caros no começo do ano, visto tudo que aconteceu no mercado,
mas estão se normalizando. As taxas de juros, que são de curto
prazo, estão já quase no mesmo patamar do ano passado. Com isso a
demanda dos fornecedores também está voltando ao normal”.
Por fim, a Magazine Luiza negou, por enquanto, estar cogitando
fechar unidades – ao contrário da Via (VIIA3), sua concorrente
direta, que anunciou há poucos dias o fechamento de até 100
lojas.
“Estamos sempre avaliando nossas lojas. No entanto, as
principais que têm melhorias a oferecer são as novas e não faz
sentido fechar essas unidades em momentos de redução de juros”,
comentou Trajano, ao ser indagado sobre a possibilidade de fechar
parte dos espaços físicos.
VISÃO DO MERCADO
BB Investimentos
O resultado do segundo trimestre reportado pela Magazine Luiza
foi fraco, com impacto negativo de despesas não recorrentes de
reestruturação e integração, que contribuíram para a retração de
margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda) e do resultado líquido, diz o BB Investimentos, em
relatório.
A analista Geórgia Jorge escreve que isso ocorre em um cenário
em que a lentidão das vendas de bens duráveis e a elevação do
impacto das despesas financeiras no resultado já tornam o cenário
mais desafiador.
“Excluído o efeito não recorrente da reestruturação, entendemos
que os números reportados pela Magazine Luiza vieram em linha com
as projeções, com destaque para a margem bruta acima das
estimativas em função do crescimento da receita de serviços”, diz a
analista.
Ela ressalta ainda a perspectiva de que a reestruturação em
condução pela gestão da companhia sinaliza alguma melhoria na
rentabilidade nos próximos trimestre, deixando a Magazine Luiza em
situação favorável para ganho de alavancagem operacional conforme o
cenário de vendas evolui positivamente.
O BB Investimentos tem recomendação de compra para as ações da
Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 4,20…
Citi
Os resultados do Magazine Luiza no terceiro trimestre vieram
abaixo do esperado e poluídos por uma série de itens não
recorrentes relacionados a créditos fiscais e a ajustes por conta
dos erros contábeis divulgados pela empresa, diz o Citi.
Segundo os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo, a
companhia teve vendas 1% abaixo do esperado, com dinâmica ruim nas
lojas físicas, enquanto o Ebitda foi 16% aquém das expectativas por
maiores custos.
O banco destaca que a baixa contábil de R$ 830 milhões que o
Magazine Luiza computou pelos erros contábeis foram mitigados
parcialmente por R$ 507 milhões em créditos fiscais.
“As atenções agora vão se voltar a entender como foi a
investigação interna sobre esses erros contábeis e os potenciais
riscos que podem aparecer, isso se existirem, de novos
procedimentos”, comentam.
A recomendação do Citi, no entanto, é de compra, especialmente
após a queda das ações. O banco tem um preço-alvo em R$ 3,40, o que
representa um potencial de alta de 96,5% sobre o fechamento da
última segunda-feira (13).
Morgan Stanley
Sobre o Difal, o Morgan Stanley pontua que a reintrodução levou
a um recuo de 170 pontos-base da margem bruta, que ficou em 28,8%.
“O Magalu continuou a repassar preços ao longo do trimestre para
ajudar a mitigar o impacto, e um aumento de receita de serviço de
26% (incluindo o marketplace 3P) foi um compensação parcial
adicional”, fala o time liderado por Andrew Ruben.
Do lado positivo, analistas destacaram que o Magazine Luiza
trouxe uma melhora do seu capital de giro e caixa, com os dias de
fornecimento de fornecedores em quatro dias, contra oito negativos
no primeiro trimestre, e após a renovação de um acordo com o
Cardif.
XP
Para a XP, a Magazine Luiza reportou resultados em linha com as
projeções no segundo trimestre, com crescimento estável de receita,
margem bruta melhorando e geração de caixa positiva, mas com
despesas não recorrentes de R$ 160 milhões.
Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt
escrevem que a margem bruta foi o destaque, avançando já que as
maiores vendas de serviços dos marketplaces mais do que compensaram
o impacto negativo da reintrodução do Difal, enquanto a empresa
também continuou a repassá-lo aos preços durante o trimestre.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda) ajustado ficou em linha com a projeção, com queda na
margem com despesas não recorrentes relacionadas ao fechamento e
redimensionamento de centros de distribuição, ajustes de capacidade
e incorporação de subsidiárias de logística e Magalu Pagamentos,
totalizando R$ 160 milhões, acima dos R$ 124 milhões do trimestre
anterior, dizem os analistas.
XP tem recomendação neutra para as ações da Magazine Luiza, com
preço-alvo de R$ 5, potencial de alta de 5% ante o fechamento de
ontem na B3.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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