A Klabin registrou lucro líquido de R$ 245 milhões no terceiro
trimestre de 2023, queda de 88% ante o mesmo período do ano
anterior. Na comparação com os três meses imediatamente anteriores,
o resultado foi 75% menor, segundo balanço divulgado pela
companhia.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e
amortização) ajustado reportado pela Klabin somou R$ 1,352 bilhão,
recuo de 41% na comparação anual e 1% maior no intervalo
trimestral.
A receita líquida da Klabin, por sua vez, atingiu R$ 4,4 bilhões
no período, o que representa uma retração de 20% ante um ano e alta
de 3% no intervalo trimestral.
O resultado financeiro da Klabin ficou negativo em R$ 325
milhões no terceiro trimestre, ante R$ 319 milhões positivos no ano
anterior e R$ 156 milhões positivos nos três meses imediatamente
anteriores.
As despesas financeiras, por sua vez, somaram R$ 404 milhões,
maior ante os R$ 132 milhões registrados no segundo trimestre de
2023. Quanto às receitas financeiras, o resultado foi de R$ 161
milhões, queda trimestral de 42%.
Segundo a Klabin, o resultado foi decorrente majoritariamente do
efeito negativo de R$ 28 milhões da marcação a mercado dos títulos
públicos mantidos no caixa no terceiro trimestre de 2023, enquanto
no segundo trimestre deste ano o efeito foi positivo em R$ 86
milhões.
Os resultados da Klabin (BOV:KLBN11)
referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 25/10/2023.
Klabin aprova pagamento de juros sobre capital próprio
no valor de R$ 319 milhões
A Klabin anunciou a aprovação da distribuição de
juros sobre capital próprio (JCP) no montante total de R$ 319
milhões, sendo R$ 0,05782468296 por ação aos acionistas
detentores de ações ordinárias e ações preferenciais e R$
0,28912341480 por unit.
Terão direito aos proventos os acionistas com posição nas ações
em 27 de outubro de 2023. Os papéis passarão a ser negociadas “ex-
juros sobre capital próprio” a partir de 30 de outubro.
Teleconferência
A Klabin recorreu ao exemplo dos Estados Unidos de como o
mercado global tem sido atingido com os preços baixos do papel e da
celulose em meio à queda forte de demanda. Entre 2022 e 2023, foram
fechados em capacidade de produção de krafliner (embalagens) cerca
de 1,6 milhão de toneladas, segundo informações do mercado.
Cristiano Teixeira, CEO da companhia reconheceu esse contexto.
“Talvez essa transição do 2T23 para o 3T23 tenha sido um dos
piores momentos que a gente viu em muitos anos no setor de papel e
celulose, com queda de preço em todos os segmentos, exceto nas
embalagens de conversão”, disse, ponderando que “a Klabin conseguiu
performar bastante bem, com margens ao redor de 30%, 31%”.
As declarações foram dadas durante teleconferência de resultados
com analistas nesta quinta-feira (26). Nesta quinta-feira (26), as
ações da Klabin sobem 1,22%, cotadas a R$ 22,42. Ontem, a companhia
apresentou lucro de R$ 245 milhões no 3º trimestre, uma queda de
88% em relação à comparação anual, mas sem surpresas, conforme
analistas.
Apesar do cenário traçado, Teixeira ressaltou a analistas que o
papel ondulado e os sacos industriais têm conseguido nos últimos
cinco anos, mesmo durante a pandemia, performance de preço acima da
inflação, com volumes bastante estáveis.
“A gente fecha o terceiro trimestre de 2023 com esse resultado.
Obviamente, parte disso se deve a própria perda nos preços de
celulose e demais papeis”, comentou.
- Klabin: Oito meses de sufoco
Mas o ano tem sido desafiante. “A Europa, do ponto de vista de
celulose, nos oito primeiros meses do ano, ficou marcada por uma
demanda mais reprimida tanto de celulose como papéis, com vários
fechamentos de capacidade e desestocagem massiva de produtos
acabados”, disse Alexandre Nicolino, diretor comercial de
Celulose.
“Nível de preço (atual da celulose) é sustentável. São mais
palatáveis no momento atual. É um preço que sustenta. No curto
prazo não se vê nenhuma mudança significativa de patamares de preço
e ano que vem a gente vai entender como essa dinâmica vai
funcionar”, acrescentou.
A celulose de fibra curta hoje gira em torno de US$ 630 a
tonelada e foi no patamar de US$ 500 que a situação apertou
bastante para o setor.
“A celulose tende a recuperar em parte a sua participação nos
resultados à medida que os preços comecem a voltar – lembrando que
tende também a ter maior participação no resultado da companhia a
área de papéis de embalagem, conforme o ramp up da máquina 28 (de
produção de papel-cartão na planta de Ortigueira, no Paraná)
aconteça”, ressaltou.
O executivo apontou ainda recuperação de estoques globais, e
afirmou que sobre o embarque de celulose, principalmente para a
China, a empresa “enxerga uma tendência de melhora nesse início
desse 4T23, trazendo definitivamente uma recuperação de preços que
já era esperada”.
- Cautela e expectativa para 2024
“Não enxergamos nenhuma mudança (de preço) nesse ano”, disse
Nicolino, prevendo, porém, para o primeiro trimestre de 2024, nova
subida do valor da commodity, conforme analistas já têm se
pronunciado.
Na parte de papéis, o diretor comercial da área José Soares diz
ver um cenário de estabilização de preços, que “caíram muito”, e
uma melhora ligeira de demanda.
O CEO da Klabin ressaltou ainda o “ataque frontal” com a redução
de custo fixo e o aumento de volume como cruciais para a empresa
ter resiliência nesse cenário.
Ele citou economia de R$ 150 milhões com o programa de
maximização de custo.
A empresa também apontou queda de preços de frete, de químicos e
combustíveis, que subiram demais na pandemia, como importantes para
a redução do custo caixa.
VISÃO DO MERCADO
Eleven
A Eleven, por sua vez, destaca que o lucro destoou das suas
projeções devido a um menor resultado da variação do valor justo
dos ativos biológicos, mas considerou os resultados neutros, em
linha com as estimativas. Os números, segundo a casa, sinalizam
melhoras no mercado de celulose, principalmente na China e uma
estabilização no mercado de containerboard. “Continuamos com nossa
recomendação de compra”, aponta.
Itaú BBA
Apesar de considerar os resultados melhores que o esperado,
segundo o Itaú BBA, a análise do balanço divulgado hoje mostra
aumento da alavancagem financeira para 3,2 vezes (comparação com
2,6 vezes no 2T23), principalmente devido a um Ebitda dos últimos
12 meses (LTM) mais baixo.
JPMorgan
A expectativa para o JPMorgan era de reação neutra e foi o que
ocorreu. Os papéis da companhia passaram grande parte da manhã com
leve alta e, às 15h55 (horário de Brasília), subiam 0,41%, cotado a
R$ 22,22.
“A Klabin acabou de divulgar seus números trimestrais, com um
Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações] de R$ 1,352 bilhão, em linha com as projeções tanto
da JPMorgan quanto do consenso da Bloomberg. A surpresa positiva
veio do negócio de celulose, com uma combinação de melhores volumes
(+27,4% em relação ao trimestre anterior) e custos mais baixos
(-3,6% em relação ao trimestre anterior e -12,2% em relação às
projeções da JPMorgan)”, considera o banco.
O segmento que surpreendeu negativamente foi o de papel, com
custos mais elevados que o esperado. O Ebitda do segmento ficou em
R$ 913 milhões, 1,1% abaixo das estimativas.
“A surpresa negativa ocorreu principalmente devido a custos mais
altos do que o esperado, que ficaram 1,4% acima das nossas
projeções, devido ao impacto da paralisação para manutenção
programada em Monte Alegre”, explicou o banco.
Entre os pontos positivos observados no balanço, de acordo com a
análise do banco, está o crescimento do negócio de celulose e a
redução dos custos, que ficaram 3,6% abaixo do observado no
trimestre anterior e 12,2% abaixo das projeções.
Morgan Stanley
O Morgan Stanley, por sua vez, destacou que, embora em linha com
o consenso Bloomberg que o estimava em R$ 1,36 bilhão, o Ebitda foi
4% acima das expectativas do banco.
“Em relação ao nosso modelo, os custos operacionais mais baixos
compensaram mais do que suficientemente a queda nas receitas e os
maiores gastos com vendas, gerais e administrativos, bem como
outras despesas”, considerou o Morgan Stanley.
Órama
Já a Órama aponta que a sua perspectiva para o setor como um
todo é positiva. “O preço da celulose vem se recuperando nos
últimos meses, com dois aumentos de preço já colocados para o
mercado chinês. O patamar atual de preço não é sustentável, e nós
acreditamos que haverá uma continuidade desta tendência de alta
para o preço da commodity”, analisa.
XP Investimentos
A XP destacou que o aumento de dívida líquida está entre os
destaques do balanço divulgado, que, em linhas gerais, apresentou
resultados acima das expectativas.
“A dívida líquida aumentou para R$ 20,9 bilhões (ante R$ 19,5
bilhões no 2T23), com alavancagem de 3,2 vezes a relação entre
dívida líquida/Ebitda (ante 2,6 vezes no 2T23). A companhia também
anunciou a distribuição de Juros sobre Capital Próprio no valor de
R$ 319 milhões, R$ 0,29 por unit KLBN11 (ou 1,3% de dividend yield
e 5,2% de dividend yield anualizado) a ser pago em 14 de novembro e
negociado ex-JCP a partir de 30 de outubro”, explica a XP.
A XP considera que o próximo trimestre poderá ser desafiador, em
especial para a já pressionada divisão de papel.
“Apesar dos resultados gerais positivos do 3T23, acreditamos que
os investidores estão olhando mais de perto para o 4T23, que
prevemos ser um trimestre desafiador, especialmente para a divisão
de papel e embalagens (com perspectivas de melhoria para
celulose)”, destacam o head Lucas Laghi e analistas Guilherme
Nippes e Fernanda Urbano.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
KLABIN (BOV:KLBN11)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
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