Câmbio leva Minerva a prejuízo de R$ 1,57 bilhão no quarto trimestre de 2024No acumulado do ano, empresa teve perda de R$ 1,56 bilhãoPor Nayara Figueiredo — São Paulo19/03/2025 18h46 Atualizado agoraA Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, terminou o quarto trimestre de 2024 com um resultado amargo causado pela variação cambial. A alta do dólar elevou o nível de endividamento da empresa e, em consequência, houve um prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão. Um ano antes, a companhia teve lucro de R$ 19,8 milhões.Em entrevista ao Valor, o diretor financei...
Câmbio leva Minerva a prejuízo de R$ 1,57 bilhão no quarto trimestre de 2024No acumulado do ano, empresa teve perda de R$ 1,56 bilhãoPor Nayara Figueiredo — São Paulo19/03/2025 18h46 Atualizado agoraA Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, terminou o quarto trimestre de 2024 com um resultado amargo causado pela variação cambial. A alta do dólar elevou o nível de endividamento da empresa e, em consequência, houve um prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão. Um ano antes, a companhia teve lucro de R$ 19,8 milhões.Em entrevista ao Valor, o diretor financeiro e de relações com investidores da Minerva, Edison Ticle, ressalta que a companhia tem uma política de hedge que protege parte da exposição da empresa ao dólar, mas, ainda assim, a variação cambial foi muito significativa."Com isso, a gente teve uma despesa com variação cambial não-caixa de R$ 1,8 bilhão no trimestre", afirma o executivo.Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) alcançou R$ 943,7 milhões, alta de 55,8% e um novo recorde.A receita líquida teve forte alta de 73,8% no período, para R$ 10,7 bilhões, impulsionada principalmente por preços maiores dos produtos, tanto no mercado interno quanto externo."Nesse caso, a depreciação cambial acaba ajudando porque faz com que os preços em reais fiquem mais elevados e o resultado do Ebitda foi maior também por causa dessa receita mais alta", explica Ticle.Ele lembrou que, ao longo do quarto trimestre, houve um aumento relevante nos preços da arroba bovina, entre 30% e 35%, o que gera um incremento para os custos dos frigoríficos com matéria-prima, o boi. "Mesmo com essa arroba bem mais alta, a gente conseguiu manter o resultado de Ebitda e até crescer", destaca.Outro ponto que Ticle considera um destaque do período é a geração de caixa livre, que atingiu R$ 990 milhões. Desde 2018, a Minerva acumula cerca de R$ 9 bilhões em geração de caixa livre.No acumulado de 2024, o Ebitda da companhia subiu 22% para R$ 3,13 bilhões, a receita aumentou 26,7% para R$ 34,07 bilhões, enquanto o resultado líquido foi um prejuízo de R$ 1,56 bilhão, pressionado pelo câmbio. Em 2023, a empresa havia obtido lucro de R$ 395,5 milhões.Operação no UruguaiQuestionado sobre as expectativas para resposta do Uruguai em relação à compra de três unidades da Marfrig no país, o diretor financeiro acredita que o retorno da autoridade concorrencial virá até julho deste ano.Após tentativas frustradas, a Minerva sugeriu à Comisión de Promoción Y Defensa de la Competencia (Coprodec) fazer a aquisição das unidades localizadas em San José, Salto e Colônia, com posterior venda da planta de Colônia para a Allana Group, uma companhia indiana que atua na produção e exportação de itens como carne halal. O objetivo da revenda de uma das plantas é evitar concentração no mercado uruguaio.No mês passado, em teleconferência para comentar resultados, o presidente do conselho de administração da Marfrig, Marcos Molina, disse que a perspectiva da companhia era uma resposta do Uruguai até abril, em uma visão mais otimista que a da Minerva para o prazo.SinergiaA compra das unidades uruguaias faz parte de um negócio maior que já teve uma parte concluída em 28 de outubro de 2024, quando a Minerva assumiu o controle de 13 unidades da Marfrig, sendo 11 no Brasil, uma na Argentina e uma no Chile.Com 40 dias de operação sob a gestão da Minerva, Ticle afirma que estas unidades geraram receita de R$ 750 milhões e Ebitda entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões. Estes números, embora considerados bons pelo executivo, não podem ser utilizados como parâmetro pois ainda estão sendo feitas sinergias e a capacidade de utilização das unidades estava muito baixa.Segundo ele, até o momento, foram pagos cerca de R$ 7,2 bilhões pelas unidades. A dívida líquida da empresa fechou o quarto trimestre em R$ 15,6 bilhões, alta de 75,9%, e a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) em 3,7 vezes."Esse é o pior nível da alavancagem, porque é quando a gente assume as plantas, paga por tudo isso e ainda não está tirando na plenitude o que elas podem trazer", admite o diretor.Ticle estima que em um prazo de três trimestres a companhia conseguirá extrair todas as sinergias necessárias, elevando a capacidade de utilização das novas plantas a 75%. Quando isso acontecer, a perspectiva é que o Ebitda destas unidades gire em torno de R$ 1,3 bilhão.E boa parte das sinergias dessas novas plantas devem vir com melhorias nos sistemas de compra gado e venda de carne. "É usar melhor essa matéria-prima, vendendo os cortes em mercados que pagam mais", explica.No mercado internacional, os Estados Unidos são o principal comprador de produtos da Minerva, considerando todas as operações da empresa na América do Sul, seguidos por China. "A gente acha que essa briga entre EUA e China beneficia países expostos aos dois, Brasil é um desses países", diz Ticle.Se a China deixar de comprar ou reduzir as importações de carne bovina dos EUA, Ticle acredita que quem tem a ganhar também são Argentina e Uruguai que fornecem ao mercado chinês cortes mais semelhantes aos dos americanos, de maior valor agregado.https://globorural.globo.com/negocios/noticia/2025/03/cambio-leva-minerva-a-prejuizo-de-r-157-bilhao-no-quarto-trimestre-de-2024.ghtml
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